Um vídeo gravado por uma ativista do Movimento Contra Corrupção com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello tem ganhado repercussão na internet. Na gravação, ele se posiciona sobre a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff e também sobre a Operação Lava-Jato. O vídeo foi publicado na quinta-feira na página do Movimento no Facebook, identificando a ativista como Ana Claudia, mas tem sido replicado em diversos outros canais.
Questionado por ela sobre os comentários de que o impeachment seria um golpe, o ministro afirmou que "a figura do impeachment não pode ser reduzida à condição de um mero golpe de Estado".
– Porque o impeachment é um instrumento previsto na Constituição, na Constituição democrática brasileira e que está em vigor no nosso país e que estabelece regras básicas. Se essas regras básicas forem observadas e respeitadas, obviamente o impeachment não pode ser considerado um ato de arbítrio politico, de violência politica, muito pelo contrário, o impeachment, numa situação como essa, é um instrumento legítimo pelo qual se objetiva viabilizar a responsabilização política de qualquer presidente da República, não importa quem seja, não importa qual o partido politico a que essa pessoa seja filiada – afirma Celso de Mello, que é o decano do STF (isto é, o ministro a mais tempo na Corte).
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Celso de Mello acrescentou ainda que o impeachment é "um instrumento posto à disposição da cidadania". Na gravação, ele também comenta a decisão do ministro Teori Zavascki de manter os processos da Lava-Jato com o juiz federal Sergio Moro, afirmando que foi “tecnicamente correta, juridicamente adequada aos padrões legais".
Questionado pela ativista sobre supostos comentários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuindo o desemprego ao juiz Sergio Moro, o ministro afirmou que a atuação dele está de acordo com a lei.
– O juiz Moro vem agindo de acordo com o que manda a legislação brasileira e jamais, jamais na Operação Lava-Jato, que tem com a finalidade expurgar a corrupção que tomou conta de governo e de poderosíssimas empresas brasileiras, jamais a Operação Lava-Jato poderá ser considerada como causa geradora do emprego ou de crises econômicas.
O ministro destacou ainda a atuação conjunta de Poder Judiciário, Ministério Público Federal e Polícia Federal na Lava-Jato. Por fim, Mello justificou que as declarações que fez no vídeo já haviam sido expressas durante julgamentos públicos do STF.