Apesar do ouro brasileiro com Ítalo Ferreira no surfe, os brasileiros ficaram na bronca com os juízes da modalidade na madrugada desta terça-feira (27). Eliminado nas semifinais e depois derrotado na briga pelo bronze, Gabriel Medina ganhou o apoio da internet em sua reclamação pelos critérios de avaliação das ondas na sua disputa contra o japonês Kanoa Igarashi na bateria que decidiria o finalista.
— É triste quando isso acontece. Muita gente mandou mensagem. É difícil passar o ano treinando, se esforçando e chegar nisso. Mas minha parte fiz, estou amarradão, fiz o meu melhor, e agora é continuar trabalhando. Tem coisas que não dá para entender, mas tinha que ser assim — disse o brasileiro.
Medina vencia Kanoa Igarashi até os minutos finais, quando o japonês conseguiu um aéreo de 9.33, vencendo a bateria por 17.00 a 16.76. Só que, quando ainda tinha pouco mais de sete minutos de bateria, o brasileiro fez uma manobra praticamente igual e levou 8.44 dos jurados.
Ainda que os internautas tenham definido a situação como "roubo", os especialistas na modalidade abordam o lado subjetivo do julgamento do surfe, em que cada juiz tem a sua maneira de avaliar as manobras e as ondas.
— Polêmica sempre vai ter no surfe, no skate, ou em qualquer outro esporte que tenha o julgamento que envolve subjetividade. É estranho que o surfe ainda não tenha encontrado uma forma que a gente compreendesse melhor as notas que são dadas aos atletas. A onda do Gabriel era maior, girou de backside (de costas para onda), sem a mão na borda, na teoria um aéreo mais complicado de executar. O Kanoa girou de frontside (de frente para a onda), com a mão na borda, mas a verdade é que o Kanoa girou 360º no ar, só aterrissou depois disso. O Medina terminou já com a prancha na onda. Talvez justifique a diferença de notas — explica Tiago Brant, comentarista do canal Série Ao Fundo.
A opinião de Brant é corroborada por mais um especialista na modalidade. Renan Rocha, ex-surfista profissional e comentarista dos canais ESPN, pontua que talvez tenha existido uma supervalorização da onda feita pelo japonês na semifinal.
— As notas do Gabriel contra o Kanoa e o Owen foram justas. As notas dele, no caso. Não foi justa a nota do Kanoa. Acho as reclamações dele superválidas. Na minha opinião, a vitória era do Gabriel. Aquele aéreo do japonês não valia aquela nota. O surfe é subjetivo, cada um pensa, analisa e sente aquela manobra, com razão e com emoção. A gente sabe que dentro dos Jogos tem histórico de favorecer os atletas locais. Mesmo o Kanoa fazendo um superaéreo, não merecia a vitória — ressalta o comentarista.