A apuração do Caso Rai Duarte será retomada nos próximos dias pela Justiça Militar Estadual. Após nova fundamentação da Auditoria Militar de Porto Alegre, foram marcadas quatro audiências para depoimentos das vítimas e testemunhas. Elas serão em 25 de março, 10 de abril, 25 de abril e 6 de maio. Ao todo, o processo conta com 17 réus.
Foram 17 policiais militares denunciados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) por tortura contra 12 torcedores do Brasil de Pelotas dentro do Estádio Passo D'Areia, em 1º maio de 2022. Rai Duarte, um dos torcedores que dizem terem sido torturados por PMs, ficou 116 dias internado no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre, e foi submetido a 14 cirurgias. Ele recebeu alta no final de agosto do mesmo ano, porém ainda está em recuperação e afastado do trabalho após quase 22 meses do fato.
Em 13 de fevereiro do ano passado, a Justiça Militar aceitou denúncia do Ministério Público, e os 17 Policiais Militares se tornam réus da Auditoria Militar de Porto Alegre. Entretanto, através de um habeas corpus da defesa de um dos réus, as audiências que iriam apurar o caso foram suspensas. Depois, o recebimento da denúncia foi anulado pelo Tribunal da Justiça Militar, sob a justificativa de falta de fundamentação.
Em licença-saúde
Sem trabalhar e à espera de uma última cirurgia, considerada urgente, Rai Duarte afirma que está perdendo mais de R$ 2 mil por mês. Em licença saúde, ele aponta que recebe apenas 50% de seu salário como agente comunitário de saúde em Pelotas, além de perder R$ 400 de vale-refeição. O torcedor xavante tem uma consulta marcada com um cirurgião-geral, em Porto Alegre, no final de maio, quando espera que a próxima cirurgia seja marcada.
— Em licença saúde, a pessoa ganha muito pouco. Tenho filho pequeno e mulher grávida. Dói para dormir, as hérnias estão aumentando — disse Rai à GZH.
Por outro lado, os policiais que participaram do episódio ficaram afastados se suas funções por um ano (entre maio de 2022 e maio de 2023). Desde então, retomaram suas atividades no 11º Batalhão da Polícia Militar e aguardam o julgamento da Justiça Militar.