Neste sábado (8), o incêndio que atingiu o CT Ninho do Urubu, do Flamengo, que fica localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, completa um ano. A tragédia resultou na morte de 10 jogadores das categorias de base da equipe carioca. Todos eles entre 14 e 16 anos. Dos 16 sobreviventes, cinco deles não tiveram o contrato renovado e foram liberados em janeiro deste ano. Dois negociaram com outros clubes e nove seguem no time.
Daqueles que conseguiram escapar das chamas, três chegaram a ser hospitalizados com ferimentos. O goleiro Francisco Dyogo e o atacante Cauan Emanuel tiveram alta dias depois. O caso mais grave foi o do zagueiro Jhonata Ventura, que teve teve 30% do corpo queimado. Quase um ano após o acidente, o defensor ainda não voltou as suas atividades normais. A previsão é de que em dois meses Jhonata retorne aos treinos. Todos os atletas acertaram acordos de indenização.
As chamas iniciaram ainda na madrugada da sexta-feira, 8 de janeiro de 2019. O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 5h, mas o fogo acabou controlado às 7h20min. O local abrigava seis contêineres que eram usados como alojamentos das divisões inferiores do Flamengo. Ao todo, 26 jogadores estavam nos dormitórios — 16 deles conseguiram fugir. A causa do incêndio foi um curto-circuito em um ar-condicionado.
No mesmo dia, o local foi interditado. A prefeitura do Rio de Janeiro divulgou que, conforme a documentação entregue pelo clube, o espaço constava como um estacionamento, ou seja, não havia a autorização para a instalação de dormitórios. Além disso, o Flamengo tinha sido multado 31 vezes pelo fato da área estar em funcionamento sem o devido alvará. O pedido para a regularização do local ocorreu em 2017. No entanto, não foi concedido por falta de aprovação do Corpo de Bombeiros.
Em maio de 2019, os atletas da base voltaram a treinar no CT, após o cumprimento das medidas propostas pelo Ministério Público. Um mês depois, o clube voltou a alojar os jovens no Ninho do Urubu. Atualmente, o local ainda funciona com licenças provisórias, por conta de algumas obras que estão sendo realizadas. Os contêineres, que eram utilizados como dormitórios, deram lugar a novas instalações.
A Polícia Civil enviou ao Ministério Público, na tarde desta quinta-feira (6), a conclusão do inquérito que apura as responsabilidades pelo incêndio.
O relatório, que já havia sido apresentado em junho, mas devolvido duas vezes pelo MP, indiciou o ex-presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello, e outras sete pessoas por homicídio doloso (com dolo eventual) e 14 tentativas de homicídio.
Em relação às vítimas, depois de quase 12 meses, o Flamengo acertou acordo com apenas três famílias, dos jovens Athila Paixão, Gedson Santos e Vitor Isaías. Os valores são protegidos por uma cláusula de sigilo. No caso de Rykelmo de Souza, o pai dele aceitou o valor proposto pelo clube, mas a mãe do jogador entrou na Justiça, pedindo o valor de R$ 6,9 milhões. As negociações seguem de forma independente, e não há um prazo para que a questão seja totalmente solucionada.