A um dia de completar um ano do incêndio que atingiu o CT Ninho do Urubu, do Flamengo, e que causou a morte de 10 jogadores da base do clube, a maioria dos familiares das vítimas ainda convive com a busca por uma indenização justa. Apenas três famílias entraram em acordo com a equipe carioca.
Na primeira tentativa de chegar a uma reparação para os familiares das vítimas, não houve consenso. No dia 19 de fevereiro de 2019, o valor oferecido pelo Flamengo foi considerado baixo por Defensoria Pública, Ministério Público do Trabalho e Ministério Público do Rio de Janeiro. A quantia foi revelada posteriormente.
O clube carioca propôs o pagamento de até R$ 400 mil para cada família dos 10 jogadores mortos na tragédia ocorrida no dia 8 de fevereiro do ano passado, além de um salário mínimo mensal pelo período de 10 anos. Os órgão públicos, no entanto, exigiam um pagamento inicial de R$ 2 milhões e R$ 10 mil mensais, a cada família, até a data em que cada garoto completasse 45 anos.
Após uma nova mediação, mais uma vez, a situação não avançou. As negociações coletivas foram encerradas e o Flamengo abriu conversas individuais. Desde então, foi estipulado pela Justiça o pagamento de uma pensão mensal aos familiares no valor de R$ 5 mil. Em dezembro, por meio de uma liminar, a quantia passou a ser de R$ 10 mil, com o intuito de garantir o sustento das famílias até que se chegue a uma decisão final.
Depois de quase 12 meses, o Flamengo acertou acordo de indenização com apenas três famílias, dos jovens Athila Paixão, Gedson Santos e Vitor Isaías. Os valores são protegidos por uma cláusula de confidencialidade. No caso de Rykelmo de Souza, o pai dele aceitou o valor proposto pelo clube (não divulgado), mas a mãe do jogador entrou na Justiça, pedindo o valor de R$ 6,9 milhões.
— Eu quero que alguém pague pelo erro, pois foi uma falha. Alguém é culpado. Eu não dei o meu filho para qualquer um. Eu dei para o Flamengo, que eu achava que ia cuidar dele. Eu quero justiça. Nós só queremos os direitos dos meninos. Ninguém quer ficar milionário às custas do clube — destacou a mãe de Rykelmo, Rosana Souza, em entrevista ao programa Esporte Espetacular do último domingo (2).
As negociações seguem de forma independente, e não há uma data para que a questão seja totalmente solucionada. A principal reclamação por parte dos familiares é a falta de diálogo com o Flamengo. O clube do Rio Janeiro ressalta estar disposto a conversar, mas não estabelece prazo para uma definição.
— O clube esteve sempre aberto à negociação, mas, depois de muito discutir internamente, nós estabelecemos um teto. Nós estamos dispostos a dentro desse teto discutirmos com as famílias, tentarmos adaptar a cada necessidade específica de família. É muito difícil estabelecer um prazo. Vamos estar sempre abertos para fazer esse tipo de acordo — declarou o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, em um vídeo divulgado pela mídia do clube no sábado.