A proposta do Flamengo para as vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, rejeitada na terça-feira (19) por Defensoria Pública, Ministério Público do Trabalho e Ministério Público do Rio de Janeiro, previa o pagamento de até R$ 400 mil para cada família dos 10 jogadores mortos na tragédia ocorrida no dia 8 de fevereiro. Os órgão públicos, em contrapartida, exigiam um pagamento inicial de R$ 2 milhões para costurar um acordo.
Os dados foram revelados nesta quarta-feira (20), durante uma reunião entre familiares de oito vítimas e a Defensoria Pública, que ocorreu no Rio de Janeiro.
Na proposta de indenização rejeitada, o Flamengo ofereceu, além dos R$ 400 mil de entrada por vítima, o pagamento de um salário mínimo por mês durante 10 anos para cada família. A exigência do Ministério Público unia os R$ 2 milhões iniciais e R$ 10 mil mensais para até quando cada garoto morto completasse 45 anos. O próprio MP admite, em uma nova negociação, rever o período para 35 anos.
Em valores totais, o pedido das autoridades chega a aproximadamente R$ 56 milhões. Enquanto isso, a oferta do Flamengo totalizaria R$ 5,2 milhões.
Agora, o clube negociará individualmente com as famílias. A Defensoria Pública do Estado pode continuar prestando auxílio, mas algumas já têm advogados.
— O ideal é que se busque uma solução rápida e consensual. É melhor que um processo longo na Justiça — disse a defensora pública Pamela Iamego.
O clube planejou entrar rapidamente em acordo com o MP para iniciar o pagamento às famílias. Em nota publicada depois de o Flamengo rejeitar a contraproposta, os órgãos públicos disseram que o clube "recusou-se a celebrar um acordo de reparação às vítimas".
"Os valores apresentados pelo clube estão aquém daquilo que as instituições entendem como minimamente razoável diante da enorme perda das famílias e demais envolvidos", diz a nota.
Posteriormente, o Flamengo também emitiu uma nota para dar a sua posição sobre o acordo com as vítimas e reiterou o objetivo de ter uma composição amistosa com as autoridades para chegar a um valor comum de indenização.
"Na terça-feira (19), após reunião com autoridades daqueles órgãos, o Flamengo — independentemente de processo judicial — ofereceu, por fim, um valor que está acima dos padrões que são adotados pela Justiça brasileira, como forma de atender com brevidade as famílias de seus jovens atletas", afirmou o Flamengo.
"O Flamengo teve o cuidado de oferecer valores maiores do que os que estão sendo estipulados em casos similares, como, por exemplo, o incêndio da boate Kiss, ocorrido em 2013. Até hoje, vale lembrar, famílias não receberam a indenização", concluiu o clube, relembrando a tragédia em uma casa noturna na cidade de Santa Maria.
Já a procuradora do Trabalho Danielle Cramer acredita que o caso é diferente do que aconteceu na boate:
— É um caso bem diferente da boate Kiss. Eles estavam sob responsabilidade do clube.