Depois de aceitarem sentar para conversar com a direção do Flamengo, as famílias das 13 vítimas do incêndio no Ninho do Urubu rejeitaram um acordo com o clube pelo valor das indenizações. Agora o caso será resolvido na Justiça.
— Eles estão brincando com a vida dos nossos filhos. A tortura que o Flamengo está fazendo conosco. Não defini nada, não tem adesão. Viemos aqui como uns bobos, feitos de palhaços. Estamos desamparados por todos. Não nos sentimos acolhidos por ninguém, especialmente pelo Flamengo. Eles não têm resposta para nós, familiares — declarou Cristiano Esmérdio, pai do goleiro Christian, um dos garotos mortos no incidente do último dia 8 de fevereiro.
O encontro aconteceu no Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ). O desembargador Cesar Cury foi o responsável por intermediar a reunião. O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, não esteve presente. Assim, o clube foi representado pelo vice-presidente geral Rodrigo Dunshee e pelo diretor jurídico Bernardo Accioly.
— O vice-presidente saiu no meio da reunião. Todos sofrendo e não fizeram nada. Um desgaste imenso, famílias simples. Eu nunca mais vou ver o meu filho. Ninguém sabe a dor que é isso — comentou Marília Barros, mãe de Arthur Vinícius.
No entendimento inicial dos órgãos públicos cariocas, o Flamengo deveria pagar para cada família R$ 2 milhões a título de indenização, além de um salário de R$ 10 mil por mês por um período de 45 anos. A contraproposta do clube, no entanto, foi de uma indenização de R$ 400 mil por família, mais um salário mínimo mensal por um período de 10 anos.
— Acho que o clube está mal orientado. As famílias têm uma expectativa razoável, disseram que estavam dispostas a ouvir e participaram da mediação. O Flamengo fez uma proposta que não foi aceita pela família. Todas as famílias não aceitaram e fizeram uma contraproposta. O Flamengo não aceitou e as famílias decidiram encerrar o processo de negociação — relatou a defensora pública Cintia Guedes.
O clube tem agora um prazo de cinco dias para apresentar defesa ao pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro, que pede o bloqueio das contas do clube no valor de R$ 57,5 milhões, pela falta de acordo com os familiares vítimas do incêndio. Além disso, o órgão pede o fechamento do CT do Ninho do Urubu por falta de documentos. Esses pedidos serão apreciados pela Justiça após a defesa do clube.