Eleito o melhor goleiro do mundo pela Fifa na segunda-feira (23), superando o também brasileiro Ederson, do Manchester City, e Ter Stegen, do Barcelona, Alisson concedeu entrevista a GauchaZH neste sábado (28).
Na conversa, o jogador do Liverpool falou sobre os bastidores da premiação, comentou o momento do Inter, onde iniciou a carreira, e revelou que torce para uma vitória brasileira na Libertadores da América — o melhor da competição enfrentará o Liverpool no Mundial de Clubes no final do ano.
Leia, a seguir, a entrevista na íntegra:
Qual foi o seu sentimento ao receber o prêmio de melhor goleiro do mundo?
A palavra que define o sentimento quando subi naquele palco, quando vi minha foto no anúncio de que tinha ganhado o prêmio de melhor goleiro do mundo, foi honra. Me senti muito honrado por Deus por estar naquele palco diante de tantas lendas do futebol, diante de nomes que fizeram história, que já estiveram ali sendo premiados como os melhores. E naquela noite eu estava na frente deles, sendo premiado por uma temporada que, até o momento, foi a melhor da minha carreira, tanto em desempenho quanto em resultado, com dois títulos importantíssimos, a Champions League e a Copa América. E quase o título da Premier League. Para mim, foi um ano incrível, não só por essa premiação mas por todas essas conquistas e pelo meu crescimento profissional e como pessoa.
Você demorou um pouco para subir no palco. Depois, ficou até um clima de descontração. O que aconteceu exatamente?
(Risos.) Na verdade, foi um erro da organização do evento. Eu estava sentado no meu lugar na plateia, aí veio uma moça da organização e me levou para o backstage para ficar perfilado com os outros jogadores escolhidos para o Top 11, a seleção da Fifa. Mas, no meio do caminho, anunciaram o prêmio de melhor goleiro. Quando eu estava lá dentro, veio uma pessoa e me chamou: "Você tem que ir lá receber o prêmio!". Não tinha me dado por conta que já tinham anunciado. Quando botei o pé de novo no teatro, as pessoas ficaram surpresas: "Aí está ele". Olhei para o palco, vi que minha foto estava lá e vi que estavam batendo palmas. Imaginei que tinham anunciado meu nome e estavam fazendo a entrega, aí subi no palco. Depois, as pessoas brincaram: "Estava onde, no banheiro?" (risos). Na verdade, foi um erro do pessoal da organização. Mas ficou um momento descontraído, de surpresa. Foi engraçado.
Você tem números impressionantes: 21 jogos sem tomar gol na Premier League e 46 convocações para a Seleção Brasileira. Temos como aspecto considerável e notável na sua trajetória recente eliminar por duas temporadas consecutivas Lionel Messi. Normalmente, essa é uma pergunta muito mais voltada ao zagueiro, mas preciso fazer essa pergunta na condição de goleiro. Ele é o mais temido? Parar o Messi é a coisa mais difícil do mundo? Você vê outro jogador nesse patamar ou até superior?
Para o goleiro, é muito relativo, porque qualquer atacante em noite inspirada pode ser fatal. O chute bem feito do Messi é o mesmo chute bem feito de qualquer outro jogador. Lógico que quando a gente fala do Messi, gera uma preocupação sempre maior antes dos jogos. É um jogador contra o qual a gente tem que entrar muito ligado, atento. E tem que contar muito com a ajuda dos companheiros. Quando ele está em um dia inspirado, é muito difícil de parar. No Camp Nou, enfrentamos um Messi inspirado naquela noite. Mesmo assim, em alguns momentos, a gente cometeu alguns erros. Acabamos sofrendo gols que podiam ter sido evitados com uma melhor atuação de todos na equipe.Na minha opinião, é o melhor do mundo nos últimos anos, tem sido o melhor, junto com o Ronaldo (Cristiano). É um jogador diferente. Quando está inspirado, não tem muito o que fazer. Mas pude sair feliz em todas as vezes que o enfrentei. Pelo Roma, pelo Liverpool e outra vez pela Seleção. Acredito que é uma coincidência do destino. O Messi não foi eliminado porque eu estava ali. Lógico que tentei fazer meu trabalho da melhor maneira em todas as partidas, mas com certeza contei com a ajuda de todos os meus companheiros em todas as situações.
Essa escolha de melhor goleiro da Fifa é relativamente recente e traz Buffon, Manuel Neuer e Courtois recentemente. Se a gente pedir para alguém fazer uma seleção de todos os tempos de sua vida, por exemplo, o Buffon vai aparecer certamente na seleção de muita gente, especialmente os mais jovens. Você é o primeiro goleiro brasileiro a ter essa conquista. Aos 26 anos, é o melhor goleiro do mundo, melhor goleiro da Champions, da Copa América. Esses prêmios todos, sobretudo o desta semana, colocam você em que patamar na história dos goleiros brasileiros?
É difícil dizer. Sou jovem, tenho 26 anos. Para um goleiro, é uma idade considerada muito jovem. Os goleiros jovens que estão jogando são poucos. Aqui na Europa, temos um número maior, mas principalmente no Brasil os goleiros são mais experientes. Não ousaria me colocar em nenhum patamar ainda. Essa resposta pode vir quando eu me aposentar, porque acredito que ainda tenho muito o que fazer no futebol. A posição de goleiro é muitas vezes ingrata. Num dia, você é o melhor e no outro pode ser o vilão, depois de uma falha, e ninguém lembra mais o que você fez. Então, tem que se ter sempre muito cuidado com esse tipo de resposta, ao me colocar em um parâmetro entre outros goleiros. O Brasil tem história e tradição entre goleiros, é um país que sempre colocou goleiros no topo. Na história recente, tem Dida, Júlio César, tem eu agora, tem o próprio Ederson, que esteve lá comigo. Isso é muito importante de dizer: dois goleiros brasileiros eram candidatos. Fui o vencedor desta vez, mas qualquer um que fosse premiado teria sido muito justo.
Você é gaúcho de Novo Hamburgo e desde as suas primeiras convocações você ainda enfrentava um certa resistência, principalmente por parte da imprensa do eixo Rio-São Paulo. Alguns batiam na tecla de que o goleiro deveria ser o Cássio antes da Copa do Mundo do ano passado. Você está do outro lado do oceano, isso chegava até você? Se chegava, como você convivia com isso?
Com certeza, a crítica chega. Sou um cara que procura não acompanhar muito a imprensa, com todo respeito ao trabalho de vocês. Procuro não olhar tanto as notícias que envolvem meu nome. Tenho o pessoal da assessoria que controla sempre o que é verdadeiro a meu respeito. Se é uma coisa que não é verdadeira, que possa vir a prejudicar meu nome, lógico que a gente sempre tenta ter um controle sobre isso. Sei que mesmo desempenhando o meu melhor, mesmo tendo as atuações que eu tive durante os últimos anos, sempre vai ter alguém que não vai gostar de mim por algum motivo. A gente escuta várias coisas: "Mas é isso, aquilo, não joga com o pé, não sabe sair do gol". Acredito que minhas atuações nos últimos quatro anos têm demonstrado por que sou titular da Seleção no momento, por que cheguei no Liverpool, por que me tornei campeão da Champions, junto com meus companheiros, logicamente, e por que fui premiado como melhor goleiro do mundo. Mas sempre procurei lutar muito no dia a dia, independentemente de críticas ou elogios. Assim como tento não escutar críticas, procuro não escutar elogios também, porque o ser humano tende a entrar em uma zona de conforto quando é muito elogiado, e as coisas tendem a andar de uma maneira que não é a melhor. Então, mantenho meus pés no chão, fazendo meu trabalho. Vou continuar fazendo isso. Aí sim, daqui para a frente quero continuar colocando meu nome na história do futebol brasileiro e mundial.
Você conhece a realidade aqui no Rio Grande do Sul do meio a meio, do azul e do vermelho. Você é um goleiro formado na base do Inter. Você se sente abraçado, sente que há uma torcida de todo o Estado? Ou é só de uma parte? Ou isso foi mudando ao longo dos anos?
Acho que acabei conquistando a confiança do torcedor, do público em geral, não só do torcedor do Inter, mas o do Grêmio também. Os torcedores dos clubes acabam sendo torcedores da Seleção. Acredito que a Copa América foi um momento especial para mim. Uma das minhas melhores partidas, uma da atuações mais decisivas na Seleção foi feita na Arena, diante de uma maioria de torcedores gremistas. Foi para a disputa de pênaltis, pude defender uma cobrança, e quase todo o estádio gritou meu nome. Aquilo me levou a refletir dessa maneira, saber que estou no caminho certo, agradando tanto torcedores colorados como gremistas quando estou vestindo a camisa da Seleção. A rivalidade existe e é muito grande no nosso Estado. Sou torcedor colorado, sempre me declarei torcedor colorado. Devo muito ao Inter pela minha história, pela minha vida. Mas tenho respeito muito grande pelo Grêmio, pelo torcedor gremista. Vai ser muito difícil você me ver publicamente tirando sarro do Grêmio ou fazendo alguma brincadeira de mau gosto com algum jogador, algum profissional, porque respeito muito. Mas tenho amigos gremistas, pessoas com quem tenho mais intimidade, e com certeza tem as cornetas tradicionais no nosso Estado e em todo lugar onde tem rivalidade no futebol.
No dia da sua conquista, entrevistei o Daniel Pavan. Ele estava completamente realizado, muito feliz, e comentou que havia trocado mensagens com você, parabenizando-o. Como você vê o papel do Pavan como preparador de goleiros do Inter? No entendimento dele, o aspecto em que você mais evoluiu, entre tantas qualidades, foi o trabalho com a bola no pé. O que você pode destacar do Pavan e da avaliação dele sobre o Alisson jogando com os pés?
O Pavan faz parte da minha história, assim como existem vários treinadores de goleiros que passaram por mim. Acredito que o Pavan foi um dos que mais impactaram. Tem o Durgue (Vidal) também, que é auxiliar do Pavan no profissional. O Durgue foi o que ficou mais tempo comigo na categoria de base. Até os juniores, a gente trabalhou junto, desde a categoria mirim. Estive com o Pavan no juvenil. Depois do júnior, o Pavan acabou voltando para o Inter. Ele tinha saído do juvenil. Aí o Durgue foi para o lugar dele. E a gente continuou sempre subindo de categoria juntos, eu e o Durgue. Foi também, se não o mais importante, um dos mais importantes. Não gosto de ser injusto porque tem várias pessoas que me ajudaram muito na minha trajetória. O Durgue e o Pavan são dois nomes que têm muita participação nessa conquista, no meu momento, no meu crescimento tanto como profissional como ser humano. Com certeza evoluí muito o jogo com os pés aqui. Mas acredito que foi muito pelo fato de que aqui é mais comum que goleiro jogue com os pés. As equipes procuram usar mais os goleiros. Gosto de jogar junto com o time em todos os momentos. Sem a bola, quando estamos pressionando lá em cima, procuro ficar sempre próximo da linha defensiva. No Brasil, a gente não tem essa cultura de usar os goleiros. Acredito que por isso evoluí nesse quesito aqui fora. Sempre joguei em equipes que gostam de propor o jogo. Uma equipe que propõe o jogo dificilmente dá chutão. Desde o tiro de meta, a gente sai jogando com o zagueiro. Acredito que isso foi um ponto que me favoreceu muito no crescimento.
Você tem acompanhado os jogos do Inter? Que análise você pode fazer sobre o seu ex-clube?
Sempre que possível, acompanho. Em função do fuso-horário, nem sempre a gente consegue acompanhar. Agora, por exemplo, nesses últimos jogos decisivos, foram raros os que consegui assistir, porque na recuperação da minha lesão o sono é fundamental. Sono e alimentação. Então, eu tinha que dormir cedo. E os jogos aqui eram à 1h, às 2h. Agora, sempre acompanho os resultados. Quando posso, nos finais de semana acabo assistindo aos jogos. Acredito que o Inter está no caminho certo. Foi rebaixado há dois anos e dois anos depois chega a uma final de Copa do Brasil. Agora está um pouco mais distante do líder do Campeonato Brasileiro, que é o Flamengo, mas com certeza está ali entre os quatro, cinco (primeiros colocados), tendo chance de brigar até o último jogo pela disputa do título. Isso é um crescimento. Acredito que nada acontece do dia para a noite. O Odair vem fazendo um grande trabalho. A primeira equipe profissional dele acabou sendo o Inter. Ele vem fazendo um grande trabalho junto com toda a comissão técnica, e também fico muito feliz pelo desempenho e pela garra que os jogadores têm dentro de campo. Realmente, estão vestindo a camisa do Inter. Acredito que o torcedor deve ter ficado muito chateado por não ter vencido o título, mas isso é normal, agora não se pode fazer terra arrasada. Tem que valorizar o que foi feito até agora, e vejo que a direção tem esse pensamento de valorizar o trabalho do Odair. E que dá tranquilidade. A gente vê uma instabilidade muito grande dos técnicos aí no Brasil. Esses dias, o Klopp (Jürgen Klopp, técnico do Liverpool) falou para mim: "Nossa, como os técnicos são demitidos no Brasil!". E eu falei para ele que no Brasil você sai da crise e entra na crise em três jogos. A gente viu quatro técnicos sendo mandados embora no mesmo dia. Isso é um absurdo. Falamos de nomes e equipes grandes no futebol brasileiro, que deveriam ser mais organizados, que deveriam ter um padrão definido na escolha de técnico. Por isso, essas equipes não estão em uma situação boa. Espero que o Inter mantenha essa convicção no trabalho. Espero que essa evolução venha a virar títulos, porque futebol é resultado. Mas acredito que o Inter está no caminho certo, sim, e o torcedor tem que ter um pouco de paciência nesse momento. Foi uma grande evolução, se olharmos dois anos atrás.
Foram quatro técnicos que caíram em menos de 24 horas, um deles o do Fluminense. Como você está vendo o Muriel no Fluminense, nesse momento bem tumultuado do time carioca?
É uma situação muito complicada, mas só tem um jeito de sair: é colocando o coração dentro de campo. As atuações do Muriel estão sendo extraordinárias, a cada jogo ele faz no mínimo dois milagres. A última partida foi na quinta (empate com o Santos em 1 a 1, no Maracanã), eu pude assistir. Com 15 minutos de jogo, ele já tinha feito duas defesas praticamente cara a cara dentro da pequena área. O Muriel é um excelente goleiro, teve a experiência aqui na Europa, que foi uma coisa boa para ele, de jogar em um clube novo, experimentar alguma coisa diferente do futebol brasileiro, que é uma experiência importante também. Ele é um goleiro maduro, é um líder também fora de campo, e acredito que vai ser peça fundamental para o Fluminense na luta pela permanência na Série A. Espero que agora eles se organizem com o novo técnico. Tem que ter planejamento, uma linha de jogo, uma linha de pensamento. Agora, o objetivo principal do Fluminense é permanecer na Série A a qualquer custo. Independentemente de ter boa atuação ou não, tem que vencer os jogos. É complicada a situação deles, mas com certeza têm muito a evoluir. Na última partida, já tiveram desempenho um pouco melhor do que no jogo contra o Goiás, em que a equipe acabou não atuando muito bem. E futebol é resultado, então eles têm que olhar para os resultados e tentar buscar a todo preço, com muito sacrifício, as vitórias de que precisam para sair dessa situação. Como falei, em três rodadas podem sair dessa crise, entrar em um cenário completamente diferente e já dar mais confiança para os jogadores.
O provável adversário do Liverpool no Mundial de Clubes no final do ano está próximo de ser definido. Vamos iniciar nesta próxima semana as semifinais da Libertadores. De um lado, os brasileiros Flamengo e Grêmio, jogando um futebol de propor o jogo — guardadas as proporções, como o do Liverpool, de muita ofensividade, de muitos gols. Um time marcou cem gols na temporada; outro, 96. E, do outro lado, os argentinos, com toda experiência, todo DNA de Libertadores. Tem algum time que está te chamando mais a atenção? Qual é o time que você visualiza no final de ano e pensa: "É melhor evitar esse"? Como você está observando essa semi de Libertadores?
A gente não tem isso de escolher adversário. Uma equipe que quer ser campeã não pode escolher adversário. Na Champions League, não escolhemos. Enfrentamos os melhores e saímos vencedores. Então, com certeza as quatro equipes estão nas semifinais por puro mérito. Acredito que são as melhores equipes do futebol sul-americano. O Grêmio vem fazendo um grande trabalho, tem um ataque muito poderoso, tem jovens que vêm se destacando, como é o caso do Everton e do Matheus, todos jogadores que surgiram faz pouco tempo no futebol e que já vêm se destacando e assumindo protagonismo em suas equipes. É uma equipe que trabalha muito bem defensivamente também. O Flamengo reuniu grandes nomes do futebol brasileiro, jogadores que estavam atuando na Europa, casos do Gerson, Gabigol, Filipe Luís, e encontraram um grande técnico que conseguiu juntar todas essas peças, o que não é fácil. E fazer o time jogar de maneira objetiva, bonita de assistir e que dá resultado. Boca e River são duas equipes que acabo acompanhando menos, mas o Flamengo com certeza é o time da vez, com várias vitórias seguidas no campeonato brasileiro. Vai ser um grande jogo. Espero que um brasileiro vença a Libertadores, porque é sempre importante levar o nome do Brasil aonde for. Eu, aqui no Exterior, sou representante da bandeira do Brasil. Quando a gente vence alguma coisa, a gente vence também junto com todo o povo brasileiro. Espero que nosso adversário no Mundial seja um brasileiro. Também vamos ter que vencer a semifinal, o primeiro jogo. Não adianta nada ser um brasileiro se a gente não fizer a nossa parte aqui.
A gente sempre tem a impressão de que o sul-americano leva o Mundial mais a sério do que o europeu. Imediatamente quando se ganha a Libertadores, o assunto passa a ser o Mundial. Aí no Liverpool já se fala alguma coisa sobre o Mundial no final do ano?
A gente está muito focado no nosso momento na Premier League. Tem a Champions no meio. A gente vive uma coisa de cada momento. Todo campeonato é uma oportunidade a mais de vencer, de conquistar o título. É sempre importante, e quando se fala de Mundial a palavra já resume a importância. Vai ser lá onde vão estar os melhores clubes do mundo, e a gente vai querer vencer aquela competição, mas estamos num momento muito bom na Premier League, muito focados no que podemos fazer agora. Depois, vamos nos preparar da melhor maneira quando chegar próximo da época do Mundial.
Sua lesão já está em fase final de recuperação? Tem previsão de retorno?
Já estou treinando praticamente normal no campo, com o treinador de goleiros. Acredito que na próxima semana eu já esteja treinando com o grupo. Não sei se volto a jogar antes da parada que a gente tem aqui para os jogos das seleções, mas já estou quase 100%. A lesão já está recuperada. Agora, é só retomar o ritmo, a mesma força, a velocidade, que a gente acaba perdendo um pouquinho por ter ficado um tempo parado, mas graças a Deus já estou perto dos 100%.
Nessa trajetória que leva você a ser o melhor goleiro do mundo, qual foi o grande jogo?
Tenho um pensamento e um jeito de jogar diferente de outros goleiros. O importante é sempre ser objetivo e dar resultado. Sou um goleiro que procura simplificar as defesas. Para mim, a consistência é a chave do sucesso. O que eu busco no meu dia a dia nos jogos é consistência, constância, não ser top num dia e no outro dia ser abaixo da média. Estar sempre em alto nível. Uma atuação de alto nível que tive foi na final da Champions, tendo executado perfeitamente durante toda a partida. Foi uma partida de muita importância para a minha vida, um jogo em que não precisei fazer nenhuma defesa espalhafatosa ou alguma defesa plástica, melhor dizendo. Mas todas as defesas foram firmes, bem feitas. Quando eu precisar de inspiração em algum momento, vou assistir sempre àquela partida.
O próximo objetivo a ser buscado já está desenhado?
Meu primeiro objetivo é conquistar coisas com o meu time, com a Seleção. O objetivo do grupo vem em primeiro lugar. Se a premiação individual ajudar a equipe a vencer alguma coisa, como no caso da Champions, em que fui considerado o melhor, vou ficar muito feliz e honrado. Meu próximo alvo agora é vencer as competições que temos pela frente. Temos a Premier League, em que estamos fazendo um excelente trabalho, mas não é uma competição fácil de vencer. Depois, tentar defender o título da Champions, que também não vai ser fácil. Mas o objetivo mais próximo agora é voltar a jogar (risos). É voltar em alto nível, que vai ser o maior desafio.