Ao embarcar no ônibus da delegação para cumprir o trajeto do hotel até o Maracanã, o técnico Odair Hellmann sabia que precisaria de um jogo perfeito para que o seu Inter vencesse o Flamengo e, assim, seguisse com o sonho de conquista do Brasileirão. Mas, em apenas 10 minutos, deu tudo errado. A busca pelo título deu lugar a luta pela manutenção no G-4. E domingo (28), às 16h, no Beira-Rio, o duelo é contra um rival direto, o vice-líder, Palmeiras.
Ainda mais que Bruno e Guerrero foram expulsos e Moledo saiu lesionado. E mais: D'Alessandro, que desfalca o Inter desde a final da Copa do Brasil contra o Athletico-PR, também dificilmente retornará. Para completar a lista de baixas, o técnico colorado não poderá contar com Emerson Santos. O zagueiro, preterido da viagem ao Maracanã porque Odair Hellmann optou por deixar a dupla Klaus e Fuchs no banco, não poderá enfrentar o Palmeiras por pertencer ao clube paulista. Caso ele seja escalado, o Inter fica sujeito a uma multa contratual de R$ 1 milhão.
Ou seja: o problema mais complexo está na zaga, que deverá ter a missão de encarar Dudu e Luiz Adriano. Resta a Odair optar entre Klaus, Bruno Fuchs e Roberto, os zagueiros que restaram no elenco, para compor o setor ao lado de Víctor Cuesta.
Ainda que haja um abismo entre Moledo e Cuesta e os demais zagueiros do Inter, o problema para remontar a defesa não está somente no parceiro para o argentino. A lateral direita também passa a ser um problema. Zeca, contratado para ser a solução da função, afundou tanto quanto Klaus diante do Flamengo. O gol do uruguaio Arrascaeta, 1m72cm de altura, saltando e vencendo Klaus e Zeca para cabecear, é emblemático. Heitor, apesar da pouca experiência, pode ser o substituto de Bruno diante do Palmeiras.
Mas Odair parece confiar em Klaus e em seus 1m87cm de altura. Gosta da sua imposição física na área – ainda que, diante do Flamengo, ele tenha sucumbido na bola aérea até mesmo a Arrascaeta, que é 15 centímetros mais baixo do que o camisa 44 do Inter. E não será surpresa se o seu nome surgir no sistema de som do Beira-Rio, anunciado como titular contra a equipe de Mano Menezes. Bruno Fuchs é o nome em ascensão no Inter. Passou Roberto na preferência do treinador, mas ainda não tem a mesma rodagem do colega. Foi titular em duas partidas do Campeonato Brasileiro, com atuações entre altos e baixos.
Para o zagueiro tricampeão brasileiro invicto com o Inter Mauro Galvão, apesar das recentes críticas a Klaus, ele é o mais indicado em uma partida dura como deverá ser a de domingo:
— Dos três (Klaus, Roberto e Bruno Fuchs), Klaus foi quem mais atuou no Brasileirão, e quem tem mais experiência. Trata-se de um jogo grande, e me parece que ele é quem pode formar nesse momento uma melhor dupla com Cuesta.
Ídolos apoiam sequência a Klaus
Aloísio, ex-companheiro de Mauro Galvão na defesa do Inter até meados de 1986, também manteria Klaus. Ele entende que, devido ao tamanho do jogo deste domingo (29), o mais adequado seria não mexer na dupla que terminou o jogo no Maracanã, apesar dos erros diante do Flamengo.
— Rodrigo Moledo é quem dá estabilidade para a zaga do Inter, isso é inegável e, para azar da equipe, ele se lesionou. Klaus entrou em um jogo complicado, é preciso lembrar, e falhou sobretudo no segundo gol. Mas todos erram, e um jogador profissional precisa estar preparado para dar a volta por cima. Colocar um dos jovens, como Roberto ou Fuchs, em uma partida dessas, é bem complicado. Acho que Klaus deve permanecer ao lado de Cuesta. Até porque ele tem um bom jogo aéreo, apesar do erro no Maracanã — disse Aloísio.
Odair Hellmann justificou a ausência de Emerson Santos no banco de reservas diante do Flamengo, e a sua opção pela dupla Klaus e Bruno Fuchs. Segundo o treinador, Emerson e Fuchs são jogadores parecidos, ao contrário de Klaus. E, por isso, ele escolheu para o jogo no Rio Fuchs, e não Emerson - que agora também ficará fora da partida diante do Palmeiras, reduzindo ainda mais as opções para a remontagem da defesa.
— Por isso que o Bruno Fuchs está aqui na oportunidade, e o Emerson não está. São dois jogadores de características de bom passe, de boa saída. Klaus é um jogador mais de imposição física e por isso essa oportunidade, e ao Fuchs também, de estarem no banco de reservas. O que não significa que o cara que está aqui hoje, vai iniciar o jogo amanhã — disse Odair.
O caminho do Inter na temporada segue cheio de espinhos, e com mais problemas do que soluções. O título surge como algo inviável, enquanto que o G-4 pode se tornar uma miragem logo ali, caso o Inter não encontre alternativas no grupo para a sequências de jogos.
Opções para a zaga
Klaus
- Jogos no Brasileirão: 8
- Vitórias: 4
- Empates: 1
- Derrotas: 3
Foi escalado em oito partidas do Brasileirão: Inter 1x1 Grêmio, Inter 1x0 Ceará, Fluminense 2x1 Inter, Fortaleza 0x1 Inter, Goiás 2x1 Inter, Inter 1x0 São Paulo, Atlético-MG 1x3 Inter e Flamengo 3x1 Inter.
No Brasileirão, 678 minutos em campo:
- No Gre-Nal, substituiu Emerson Santos, lesionado, aos 31 minutos do primeiro tempo. O Inter vencia por 1 a 0. Luan empatou de cabeça na segunda etapa
- Na vitória sobre o Atlético-MG, Klaus fez a sua melhor atuação pelo Inter. Seguro, ao lado de Emerson Santos, ele não perdeu uma dividida, foi bem nas coberturas, e também na bola aérea
- Como se estivesse em uma montanha-russa, Klaus afundou diante do Flamengo. Entrou frio no jogo e, de cara, falhou no lance que originou o pênalti e a expulsão de Bruno. Errou também no segundo gol, e o terceiro saiu pelo seu lado (e do de Zeca)
Bruno Fuchs
- Jogos no Brasileirão: 3
- Vitórias: 2
- Derrotas: 1
Foi escalado em três partidas no Brasileirão: Inter 1x0 Ceará, Fluminense 2x1 Inter e Fortaleza 0x1 Inter.
No Brasileirão, 169 minutos em campo:
- Diante do Ceará, Fuchs foi titular ao lado de Klaus na vitória por 1 a 0 sobre o Ceará, no Beira-Rio, tendo sido substituído por Cuesta, aos 33 minutos do segundo tempo
- Foi titular, novamente ao lado de Klaus, diante do Fluminense. Não fez má partida, chegou a arriscar um chutão de fora da área, que por pouco não venceu Muriel. Mas teve participação direta no primeiro gol do Fluminense, ao tentar afastar uma bola na área, chutar em cima do lateral Natanael, que acabou marcando o gol contra
- Na vitória sobre o Fortaleza, substituiu Klaus já nos acréscimos do segundo tempo
Roberto
- Jogos no Brasileirão: 3
- Vitórias: 1
- Derrotas: 2
Foi escalado em três partidas no Brasileirão: Chapecoense 2x0 Inter, Inter 3x1 Bahia e Athletico-PR 1x0 Inter.
No Brasileirão, 270 minutos em campo:
- Titular com o time B na estreia do Brasileirão, uma vez que os principais jogadores estavam sendo preservados para a primeira fase da Libertadores, Roberto atuou ao lado de Emerson Santos. Não foi bem, como toda a equipe, envolvida com facilidade pela Chapecoense
- Ao lado de Cuesta, foi titular diante do Bahia, em um jogo complicado, que só ficou definido mesmo quando D'Alessandro marcou o 3 a 1, aos 36 minutos do segundo tempo. Foi bem na partida, o gol do Bahia saiu em uma saída errada de Marcelo Lomba
- Com o time B em campo, diante dos titulares do Athletico-PR, o Inter de Roberto e Emerson Santos na zaga, quase conseguiu o que a equipe principal jamais conquistou nesse ano: um empate contra Tiago Nunes. Com uma atuação firma na defesa, o Inter perdeu o jogo no final, em um chute de fora da área