
Foi na Tailândia, país 17.123 quilômetros distante do Brasil, que um carioca prestes a completar 50 anos decidiu cravar sua bandeira de técnico. Desde 2014 trabalhando na Ásia, Alexandre Gama, treinador formado no Fluminense, viu sua carreira dar uma guinada. Primeiro, virou ídolo do Buriram United (uma das mais famosas equipes do país), após levar o clube à conquista de títulos. Agora, encara um desafio maior: levar o Chiangrai United, clube fundado em 2009, às primeiras colocações dos principais campeonatos do continente.
— Aqui na Tailândia tenho o meu trabalho respeitado. Isso é o que todos os profissionais, de todas as áreas, perseguem — comentou Gama, com uma voz firme, mesmo depois de um dia de trabalho intenso.
A reportagem de Zero Hora contatou Gama por telefone no começo da tarde aqui no Brasil — noite alta na Tailândia. Problema? Não para o treinador, que se mostra aberto a contar curiosidades de sua trajetória no futebol e sobre o crescimento do futebol tailandês nos últimos anos.

Cria das Laranjeiras, foi técnico do sub-20 do Fluminense durante um longo tempo. Em 2004, ganhou uma grande chance como treinador do time principal, já no meio da temporada. Envolveu-se em uma polêmica com Romário (deixou o Baixinho no banco), mas tirou o time da zona de baixo da tabela e o colocou em nono ao final do Brasileirão. Mas isso ficou para trás. Tentou a sorte na Inter de Limeira antes de arriscar o primeiro voo no Exterior. No Catar, comandou o Al-Wahda de 2006 a 2008. Depois, retornou ao Brasil para treinar o Macaé e o Volta Redonda. Foi quando apareceu o futebol coreano em seu caminho. Ficou na Coreia do Sul por três temporadas. O retorno ao Brasil ocorreu em 2013, ano no qual comandou duas equipes: Madureira e Duque de Caxias.
— Girei bastante. Aprendi e cresci muito neste período, especialmente na Coreia. Tanto como técnico quanto pessoa. Cultura diferente, pessoas diferentes. Tudo é aprendizado, basta estar aberto — afirma o treinador.

A valorização mesmo veio com a chegada à Tailândia.
Espantou-se com a organização do futebol do país e a paixão dos torcedores pelo esporte. Centros de treinamentos modernos e estádios sempre lotados encheram os olhos do brasileiro. Além de salários gordos. Especialmente para os estrangeiros.
O salário? É bom. Dá para viver muito bem.
ALEXANDRE GAMA
Treinador na Tailândia
Espantou-se com a organização do futebol do país e a paixão dos torcedores pelo esporte. Centros de treinamentos modernos e estádios sempre lotados encheram os olhos do brasileiro. Além de salários gordos. Especialmente para os estrangeiros.
– Aqui na Tailândia é sempre lotação máxima. Você não imagina como eles são loucos por futebol. O salário? É ótimo. Dá para viver muito bem.
O mercado tailandês tem atraído jogadores profissionais brasileiros. A federação local permite a participação de cinco jogadores do Exterior por equipe. Quatro brasileiros foram levados por Gama para o Chiangrai United: Felipe Azevedo (ex-Ponte Preta), Vander (ex-Vitória e Flamengo), Everton (ex-Luverdense) e Rafael Coelho (ex-atacante do Vasco).

O treinador brasileiro alçou a equipe para as primeiras colocações da Liga Tailandesa. A meta é classificar o time para a Liga dos Campeões Asiática.
— Temos de ir também bem na FA Cup (uma espécie de Copa do Brasil) e na Toyota Cup (ao moldes da Sul-Americana). Disputamos muitos campeonatos, aqui é quarta e domingo (também) — destaca o treinador, que conta com um tradutor para passar orientações aos seus jogadores.
— Tenho um tradutor eficiente, é a minha sombra. Falo em inglês, e ele repassa aos jogadores em tailandês — completa.
Alexandre Gama não cansa de elogiar a Tailândia. Dentro e fora de campo. Destaca a segurança, a beleza e a organização do país.
— Quando temos uma folga, viajamos às praias, que são maravilhosas — elogia Gama. — A Tailândia é um país fantástico, é seguro, não é caro, o clima é quente, bem semelhante ao do Brasil, agradável. Tem a época de chuva, aí são dois meses de água direto, chovendo brabo.
O Renato é um grande amigo, uma pessoa exemplar e um cara que cresceu demais como treinador, merece vencer a Libertadores. Ficarei na torcida.
ALEXANDRE GAMA
Treinador
Alexandre Gama descobriu seu caminho na Tailândia, mas está sempre com o radar voltado para o Brasil. O treinador assiste a muitos jogos do Brasileirão, da Série A, e principalmente da B, na busca de possíveis reforços para seu clube:
—Até partidas da Série C do Brasileirão confiro. O futebol brasileiro é farto em alternativas.
O técnico também tem acompanhado com atenção especial às partidas do Grêmio de Renato Portaluppi no Brasileirão e na Libertadores, com quem trabalhou em 2003, no Fluminense.
— O Renato é um grande amigo, de muitos anos, uma pessoa exemplar e um profissional que cresceu demais como treinador, merece vencer a Libertadores. Ficarei na torcida nos dois jogos decisivos — afirma.