A dupla Gre-Nal está sobrando no Gauchão. As duas equipes tem 100% de aproveitamento e dentro de campo fica clara a superioridade de estrutura na comparação com as equipes do Interior. O Grêmio, por exemplo, ganhou uma partida por 20 a 0 e outra por 15 a 0. Nos primeiros quatro jogos, marcou 51 gols e levou um. Mas é claro que essa estrutura também não pode ser equiparada à do masculino.
O gasto mensal é parecido nos dois clubes: cerca de R$ 25 mil por mês com comissão técnica e ajuda de custo para as atletas. No Inter os benefícios variam de R$ 700 a R$ 2,3 mil, dependendo da jogadora, e incluem bolsa na faculdade, plano de saúde, cesta básica e transporte. Com as categorias de base, são 63 meninas com contrato não profissional até o final do ano. Mas nenhuma consegue, por enquanto, viver só do futebol.
O objetivo em 2018 é ter todas com carteira assinada. A gerente é Eduarda Luizelli, a Duda, que começou como jogadora do clube, passou por Verona e Milan, da Itália, e hoje coordena o trabalho:
– Nós vamos conseguir virar a chave do futebol feminino quando todas tiverem contratos maiores, aí vai iniciar a existir empréstimo ou venda de atleta. Vai começar a gerar rentabilidade. Os empresários vão se interessar, porque é o esporte que mais tem para crescer. Estou empolgada com o momento do Inter, o clube está dando tudo que o precisamos.
No Grêmio, a ajuda de custo varia entre R$ 500 e R$ 700. A exceção é Karina, artilheira do campeonato e craque do time, que ganha R$ 1,5 mil. Este ano, teve uma proposta financeira superior do Sport, mas optou por ficar. Ela já tem a vida consolidada no futebol. Pela seleção brasileira, ganhou a medalha de ouro no Pan de 2003. Já atuou no Suwon, da Coreia do Sul, com salário anual de US$ 120 mil. Aos 35 anos, mantém uma escolinha de futebol com a técnica do Grêmio, Patrícia Gusmão.
A camisa 10 está otimista:
– Acho que só falta um pouco mais de divulgação, se tiver mais jogos transmitidos a coisa melhora para chamar os grandes patrocinadores. Acho que a CBF está fazendo a parte dela, teve um Brasileiro bem estruturado, e o Gauchão agora tem 13 equipes, aos poucos está melhorando. Tenho falado para as meninas aproveitarem o momento, pois temos dois grandes clubes com equipes montadas aqui no Estado. Nosso Interior também tem talento.
No Grêmio, os treinos ocorrem duas ou três vezes por semana, e a maioria das atletas tem atividades paralelas, estudando ou trabalhando. Para ajudar, o clube alugou uma casa, e cinco meninas que vieram de fora moram nesse local. Se der a lógica, a grande decisão, em dezembro, será com Gre-Nal. A ideia inicial é fazer as duas partidas na Arena e Beira-Rio, com expectativa de grande público.
Confira a tabela de classificação do Gauchão de futebol feminino:
Saiba mais
- O futebol feminino no Rio Grande do Sul é gerido pela Associação Gaúcha de Futebol Feminino (AGFF), que, desde 2010, organiza o Estadual. No Gauchão 2017, o torneio conta com 13 equipes, sendo que a principal novidade é a volta da dupla Gre-Nal.
- Um projeto de lei que está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, de autoria do deputado federal gaúcho José Stédile (PSB), prevê aumentar o incentivo ao futebol feminino através da verba destinada aos clubes por meio de patrocínios de estatais, como a Caixa Econômica Federal e o Banrisul. Se a proposta for aprovada, 5% do valor aplicado por empresas estatais em clubes de futebol deverá obrigatoriamente ser investido no futebol feminino.