O São Paulo e o Independiente Medellín já ficaram pelo caminho. Agora, a última vaga do Grupo A da Libertadores será disputada entre Talleres, da Argentina, e Palestino, do Chile.
O Inter está de olho para saber qual dos dois irá enfrentar na primeira fase, além de River Plate e Alianza Lima. Mas, afinal, quem são estes clubes?
Palestino
A classificação do Palestino diante do Independiente Medellín, fora de casa e nos pênaltis, foi tratada como uma grande façanha na imprensa local. O time havia conseguido a vaga na fase preliminar Libertadores depois de conquistar a Copa do Chile, superando o Audax Italiano na decisão.
— Esse conjunto estava brigando para não cair. Um novo técnico chegou, organizou a equipe em um 4-2-2-2. E é importante destacar que ele não teve baixas para este ano. São os mesmos jogadores que foram campeões — relatou Carlos Madariaga, repórter da Rádio ADN, do Chile.
Para se ter uma ideia da importância deste título, a última taça nacional que o clube havia conquistado foi no longínquo ano de 1978, quando o zagueiro Elias Figueroa deixou o Beira-Rio para voltar ao seu país. Aliás, foi com Figueroa como capitão que o Palestino teve sua melhor campanha em Libertadores. Em 1979, chegou ao triangular da segunda fase, ficando atrás do Olimpia-PAR, que seria o campeão daquele ano. Nas outras edições em que participou (1976, 1978 e 2015), não passou da fase de grupos.
Como o próprio nome sugere, o clube foi fundado em 1920 por imigrantes palestinos que fugiam da perseguição do Império Otomano, no final do século XIX. Inclusive, está no Chile a maior colônia de palestinos, com cerca de 350 mil descendentes. Entre os jogadores, não há nenhum árabe, apesar de o elenco ser um caldeirão de nacionalidades. Na equipe titular escalada pelo técnico Ivo Basay, aparecem três jogadores argentinos, um uruguaio e um venezuelano — sem citar o goleiro reserva, que é colombiano. O time-base tem: Ignacio González; Guillermo Soto, Alejandro González, Luis Mago e Brayan Véjar; Julián Fernández, Augustín Farías, César Cortés, Luis Jiménez; Roberto Gutiérrez e Lucas Passerini.
— Os principais atletas são Luis Jiménez, que é o capitão, foi muito jovem ao futebol europeu e, aos 35 anos, regressou com a missão de dar um título ao Palestino. O goleiro Ignacio González demonstrou sua qualidade defendendo pênaltis na Colômbia, e também tem o argentino Lucas Passerini, que talvez seja o mais destacado. Não tem muito currículo, mas mostrou que é um 9 de área, de muito valor — concluiu Madariaga.
Talleres
Já o Talleres passou pelo São Paulo ao vencer por 2 a 0 na Argentina e segurar um empate no Morumbi. Atualmente, a posição do clube no Campeonato Argentino não assusta os rivais — é o 12º, 20 pontos atrás do líder Racing. Situação bem diferente do ano passado, quando terminou na quinta posição, o que rendeu a última vaga direcionada aos argentinos na Libertadores.
— O time teve participações muito importantes na década de 1970, quando quase foi campeão nacional. Em seu pior momento da história, jogou na terceira divisão, em 2014. Hoje está vivendo dias muito importantes. O São Paulo parece ter sentido a pressão. O Talleres ganhou de maneira merecida, para uma festa total na cidade e que teve uma enorme repercussão — comentou Maximiliano Molina, repórter da Rádio Sucesos 104.7, de Córdoba, na Argentina.
De volta ao torneio continental 17 anos depois, o clube de Córdoba até vem recebendo destaque na imprensa gaúcha nos últimos tempos depois de ter contratado o ex-colorado Guiñazu. Foi dele, por exemplo, o gol que devolveu a equipe à elite do futebol argentino em 2016. Já veterano, aos 40 anos, o volante é ídolo e dono da braçadeira de capitão. Porém, a classificação comprovou que não se trata apenas do "time de Guiñazu" — embora ele seja seu grande nome.
— É o líder, é o técnico dentro do campo. É o termômetro da equipe. Pelos 40 anos, se desgasta mais ao longo dos jogos. Mas é o jogador mais experiente, com vasta carreira, e, em um jogo de suma relevância como o desta quarta, Guiñazu é um estandarte — completou Molina.
Dos 11 que entraram em campo contra o São Paulo, apenas um jogador, além do ex-volante colorado, tem mais de 30 anos: o atacante colombiano Dayro Moreno, de rápida passagem pelo Athletico-PR na década passada e que rodou por diversos clubes — até mesmo da Romênia e México — antes de chegar ao Talleres. Apesar disso, o plantel também conta com Maurício Caranta, goleiro do Boca Juniors na conquista da Libertadores de 2007 sobre o Grêmio. Porém, ele é reserva de Guido Herrera, um dos poucos remanescentes do acesso de três anos atrás.
— O goleiro é um dos pontos altos do time. Foi revelado aqui, e o Talleres o buscou de volta em 2016. Tem ótima impulsão. Certamente, terá um destino importante assim que terminarem a Libertadores e o Campeonato Argentino — revela o jornalista argentino.
O técnico é Juan Pablo Vojvoda. Ex-zagueiro, revelado pelo Newell's Old Boys na década de 1990, fez praticamente toda a carreira de atleta na Espanha e virou treinador há apenas três anos, como interino do clube que o lançou para o futebol. Está à frente do time cordobês desde maio do ano passado, quando foi contratado junto ao Defensa y Justicia.
Fundado em 1913, o Talleres nunca foi campeão da primeira divisão argentina, mas tem como grande triunfo de sua história a conquista da Copa Conmebol de 1999 sobre outro brasileiro — o CSA.
Apesar de ter como casa o pequeno Estádio Francisco Cabasés, com capacidade para 13 mil pessoas, manda seus jogos também no Estádio Mário Kempes, assim como o rival Belgrano, para aproveitar os mais de 50 mil lugares disponíveis. O mais curioso de tudo é a surpresa dos argentinos ao saberem que o nome do clube gera piadas no Brasil. Acontece que, apesar de sugerir o contrário, Talleres não quer dizer "talheres". Em espanhol, os utensílios de cozinha são chamados de "cubiertos". Na verdade, o time leva este nome em referência ao bairro.
— Chama-se assim em referência aos ingleses que fundaram o clube e trabalhavam no sistema ferroviário do bairro de Talleres — concluiu Maximiliano.