Daria um filme a história do 2024 do goleiro Fabrício. Quase um conto de fadas. Quem teria dito que um jogador profissional faria seu primeiro jogo na elite do futebol brasileiro aos 38 anos? Não só isso. Ele também se destacaria e entraria para a história de um dos principais clubes do país.
Os 18 primeiros anos da carreira de Fabrício foram iguais aos de 80% dos colegas de profissão. Natural de Paranavaí, rodou por clubes do interior paranaense em disputas de Estadual, Divisões de Acesso e sonhando com um contrato de segundo semestre, o que garante uma continuidade sem precisar jogar no amador ou trocar de ramo no trabalho. No máximo, alguma aventura em mercados do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Os melhores momentos eram quando assinava com algum clube de São Paulo ou Rio de Janeiro. E foi no Nova Iguaçu que tudo mudou.
— Eu já estava satisfeito de ter fechado para o ano inteiro. Isso é uma segurança para nós, atletas — conta Fabrício, que se destacou no clube que acabou vice-campeão carioca, perdendo a decisão para o Flamengo (e que teve em Fabrício um personagem, com ele sendo flagrado indo de metrô ao Maracanã).
Convite para o Colorado
O Nova Iguaçu tinha sido sorteado para enfrentar o Inter pela Copa do Brasil. E o clube gaúcho procurava algum goleiro para dividir com Anthoni a reserva de Rochet. O uruguaio era convocado frequentemente para a seleção, disputaria Copa América, e Ivan, contratado para ser o imediato, havia rompido o ligamento cruzado do joelho. Ex-jogador do Inter e então gerente do Nova Iguaçu, Andrezinho deu boas indicações sobre Fabrício.
Começaram os boatos de um interesse do Inter. Mas até então, nada passava de especulação, como recorda o jogador:
— Como tenho 38 anos, sei da dificuldade que é um clube gigantesco como o Inter em contratar um goleiro da minha idade, e ainda mais com um currículo só de equipes de menor expressão. Já estava feliz só por ser lembrado, mas não colocava muita fé que aconteceria.
Até que o contato chegou. Profissionais do mercado colorado procuraram-no para dizer que estava incluído em uma lista de goleiros em observação. Após contato com seu agente, fecharam o acordo, também graças ao Nova Iguaçu, que cumpriu o prometido de liberá-lo em caso de proposta de clubes de elite.
Felicidades no Inter
Fabrício estreou em 4 de junho. Seu primeiro jogo no Inter foi, também, sua estreia em competições internacionais, a vitória por 2 a 0 sobre o Tomayapo pela Copa Sul-Americana. Depois, enfrentou o Delfín, no Alfredo Jaconi. Sua terceira partida, a primeira pela Série A, diante do São Paulo, no Heriberto Hulse, foi sua melhor. Recebeu nota 8 na cotação de Zero Hora.
— Saí de campo ovacionado pela torcida. Infelizmente não conquistamos três pontos, mas saí emocionado — recorda.
Pouco depois, Fabrício entrou para a história. No primeiro Gre-Nal de Brasileirão disputado fora do Rio Grande do Sul, ele garantiu a goleira inviolada na vitória colorada por 1 a 0.
— Foi curioso, porque como moro em Curitiba, foi como jogar em casa. Conheço bem o estádio (Couto Pereira). Mas jogar um Gre-Nal, um campeonato à parte, foi especial. Ainda mais nessas situações — amplia.
Hora da despedida
De toda a passagem pelo Inter, a única situação que chateou Fabrício foi a forma como recebeu a notícia da saída. Segundo ele, com a mudança da comissão técnica e da gestão do futebol, perdeu espaço e virou terceiro goleiro, atrás de Rochet e Anthoni. E com a volta de Ivan, não estaria nos planos para o final do ano. Essa decisão não teve nada a ver com a lesão que sofreu na tíbia.
— Sabia do planejamento do clube para 2025, mas fiquei frustrado não por não permanecer. Vim pelas ausências dos atletas em 2024, mas acho que a forma da saída não foi conduzida da melhor maneira — revela.
Agora, Fabrício estuda propostas. Porque não é mais o goleiro do Nova Iguaçu quem está no mercado, e sim o goleiro que saiu do Inter. Recebeu algumas sondagens de clubes da parte de cima da pirâmide do futebol brasileiro, mas ainda não fechou com alguém. Seus empresários estão cuidando do futuro. Por enquanto, ele só segue vivendo o sonho, e com enorme gratidão:
— Recebi milhares de mensagens de agradecimento pelo que vivi no Inter, mas, na verdade, quem tem que agradecer sou eu, pela oportunidade e por tudo que a torcida fez por mim.
Quer receber as notícias mais importantes do Colorado? Clique aqui e se inscreva na newsletter do Inter.