— As dificuldades físicas são compensadas pela cabeça e pelo coração.
Ganhar o Gre-Nal trouxe até uma certa poesia para o Inter, como mostra a frase de Eduardo Coudet. A terceira vitória seguida sobre o rival, a subida para sétimo lugar do Brasileirão, com 17 pontos em nove jogos, a festa diante de uma maioria de torcedores gremistas, tudo isso colaborou para deixar ainda mais feliz o ambiente colorado.
O Inter reduz a pressão que eventualmente viveu ao vencer o Gre-Nal de Curitiba. E aumenta a confiança de que pode brigar na parte de cima do Brasileirão. Ainda mais com a perspectiva de retorna ao Beira-Rio daqui a duas semanas.
O clube trabalha intensamente para receber o Vasco em Porto Alegre no dia 7 de julho, três dias antes do confronto já agendado para o Beira-Rio contra o Juventude, pela Copa do Brasil. A ideia de "estar em casa" reforça a esperança, que será aumentada à medida que retornarem os jogadores convocados para as seleções durante a Copa América.
— A dificuldade que temos, o Grêmio também tem. O Renato também tem. Sem poder jogar em casa. Quando se perde não é uma catástrofe. O Brasileirão é muito difícil. Agora vai ter pressão sobre o Renato, imagina. Foi uma pessoa que deu muito para o Grêmio. Inter e Grêmio são clubes difíceis. Clubes grandes. Não são para todos. Ele está atravessando a mesma situação que nós, com uma distinta sorte — ponderou o técnico colorado na entrevista pós-jogo.
Ganhar o Gre-Nal trouxe tanta calma que Coudet pôde ser solidário. Na declaração acima, saiu em defesa de seu maior rival, de quem ganhou pela terceira vez seguida. Na passagem atual, o treinador argentino deixou para trás a imagem de não ter sucesso no clássico e empilha vitórias sobre seu oponente. A leveza do ambiente do Inter permite até esse tipo de frase sem parecer condescendência ou corneta.
— Os treinadores, com muita razão, reclamam do calendário. E estou falando dos maiores representantes que temos. Tite e Abel Ferreira falam do calendário. A paciência não existe no futebol. Gosto dessa adrenalina. O futebol brasileiro me encanta. Tento tranquilizar um pouco.
O triunfo sobre o rival permitiu a Coudet desabafar sobre a quantidade de jogos e a consequente falta de treinos do futebol brasileiro. Do céu e inferno vividos a cada quarta e domingo. Por mais que tenha dito que entende o cenário, que faz parte da profissão, o técnico colorado pediu calma, especialmente quando as vitórias vierem.
Voltou a repetir seu bordão, de "no consumiam mierda", ao reclamar do tratamento que afirma receber, especialmente após maus resultados. E reforçou sua esperança no grupo colorado. Elogiou os jogadores pela entrega e pelo comprometimento nas partidas.
Agradeceu à torcida pelo apoio, pediu nova invasão ao Heriberto Hulse, onde o Inter receberá o Atlético-MG na quarta-feira (26), em jogo no qual não terá Bustos nem Fernando, ambos suspensos, e disse que possivelmente terá de rodar o elenco novamente, pelo cansaço. Wesley é um dos possíveis candidatos. E simbolizou em Alan Patrick essa entrega, afirmando que nem sabia se poderia contar com seu capitão e que acabou ficando bem mais tempo do que o planejado.
Por fim, ganhar o Gre-Nal permitiu a Coudet dar um conselho aos colorados. Que talvez nem precisasse, dada a festa feita no Couto Pereira após a vitória:
— Que desfrutem.