Há 15 anos, o Inter entrou para a história ao se tornar o primeiro brasileiro a conquistar a Copa Sul-Americana e ganhar a alcunha de campeão de tudo. Na noite do dia 3 de dezembro de 2008, o Colorado pintou a América mais uma vez de vermelho ao derrotar o Estudiantes em um Beira-Rio lotado com mais de 50 mil pessoas. Após vencer em La Plata, todos esperavam um confronto tranquilo em casa, mas não foi o que se viu em Porto Alegre.
Sofrimento é uma das palavras que descreve aquela noite de dezembro. Com o resultado de 1 a 0 na Argentina — Alex marcou —, bastava um empate para o Inter conquistar o inédito título. O problema é que do outro lado tinha o atual campeão argentino, que viria a ser campeão da Libertadores de 2009, com Verón, Gata Fernández e Boselli.
Aos 20 do segundo tempo, o Beira-Rio ficou em silêncio quando Alayes abriu o placar. Após cobrança de falta na área, o zagueiro argentino ficou sozinho e chutou para vencer o goleiro Lauro.
Com dois resultados iguais, a partida foi para a prorrogação. E o gol do título saiu dos pés de um dos melhores jogadores do Inter naquela temporada. Depois de uma cobrança de escanteio, a bola foi para um lado, voltou para o outro e sobrou para Nilmar empurrar para dentro do gol.
A partir daí, a apreensão virou felicidade. Coroação de uma geração de ouro colorada, com um ciclo que seria fechado dois anos depois com o bicampeonato da Libertadores.
— Foi o melhor time que joguei na minha carreira. Uma equipe que tinha muitas lideranças, jogadores com esse perfil. Um time que sabia jogar com a bola, mas também sabia sofrer e se defender. Encantava a todos quando jogava. Todos nós que participamos daquele título temos orgulho. Se perguntar para qualquer um que jogou naquela equipe, vão dizer que foi a melhor que estiveram, tamanha a qualidade de todos e a inteligência de saber da capacidade de ser campeão — afirma Magrão, meio-campista daquele time e atual gerente esportivo do Inter.
A formação do elenco
O time montado para 2008 foi uma mistura de atletas com passagens anteriores pelo clube, casos de Bolívar, Daniel Carvalho e Nilmar, remanescentes da conquista da Libertadores da América de 2006, como Índio, Alex e Edinho, jogadores formados nas categorias de base do clube, como Danny Morais, Sandro e Taison, e outros que chegaram para aquele ano, como Álvaro e D’Alessandro.
A equipe titular contava com cinco jogadores que haviam sido campeões da Libertadores em 2006, quatro deles no time titular — Clemer se tornou reserva. Apesar de alguns jogadores terem chegado no ano da conquista, a experiência anterior deles ajudou o Inter a vencer partidas complicadas, como na Bombonera contra o Boca Juniors e o primeiro jogo da final na Argentina, contra o Estudiantes.
— Simples e objetivo. Esse foi um dos melhores times daquela geração. Não podemos tirar o que foi 2006, 2010, mas esse de 2008 foi uma equipe que marcou época. Os torcedores vão falar que é um dos melhores times técnicos que jogou junto. Vai ficar marcado para sempre no coração do colorado. Só não foi invicto pois perdemos na final e depois ganhamos na prorrogação — relembra Bolivar.
A campanha colorada
A caminhada pelo título da Sul-Americana começou com um clássico. Em um formato diferente do atual, os times brasileiros se enfrentavam na primeira fase da competição. Quis o destino que o Inter enfrentasse o Grêmio que, à época, brigava pelo título brasileiro. Depois do 1 a 1 no Beira-Rio, as duas equipes empataram em 2 a 2 no Olímpico e o Colorado avançou pelo critério do gol fora de casa.
Nas oitavas de final, Tite poupou alguns titulares e mais uma vez avançou pelo gol fora de casa. No Chile, empate em 1 a 1 contra a Universidad Católica. Depois, em casa, 0 a 0 e vaga garantida para enfrentar o Boca Juniors.
Contra o poderoso time argentino, duas vitórias. Primeiro, no Beira-Rio, dois gols de Alex garantiram o triunfo por 2 a 0 contra um Boca desfigurado com reservas. Na Bombonera, quebra de tabu. Pela primeira vez, o Colorado venceu no estádio da equipe da Argentina. Magrão abriu o placar para os visitantes. Riquelme empatou. Alex garantiu a vaga na semifinal.
Contra o Chivas Guadalajara, o confronto mais fácil da competição. Duas vitórias maiúsculas. Primeiro, 2 a 0. Depois, 4 a 0. Vaga garantida na grande decisão contra o Estudiantes, que marcaria o primeiro título de um brasileiro na Copa Sul-Americana.