Na noite desta quinta-feira (22), o Inter estará diante de um lembrete. O time de Mano Menezes terá como adversário Rodrigo Pinho, atacante do Coritiba. Em um primeiro olhar, o nome pode não chamar atenção dos colorados, mas o jogador tem ligação com o clube gaúcho. Rodrigo é filho de Nando e é aí que reside o incômodo sinal de alerta.
Não em uma espécie de "lei do ex-transgeracional" por Nando ter sido centroavante do Inter nos anos 1990, mas por ter sido campeão da Copa do Brasil de 1992, último título nacional colorado. Eis o lembrete.
No seu período no clube, ele foi reserva de Gerson, Paulinho McLaren e depois de Leandro Machado, o que não o impediu de deixar sua marca. Principalmente naquele 1992 em que a taça do Gauchão parou no Beira-Rio.
Os últimos dias naquele ano foram trepidantes para os colorados. Em 13 de dezembro, o Inter conquistou a Copa do Brasil em seu estádio. Dias depois, a casa colorada recebeu o amistoso entre o Brasil e a campeã mundial Alemanha. A vitória teve duas curiosidades. Silas, reserva no time de Antônio Lopes, foi titular na Seleção Brasileira. A equipe nacional era comandada por Carlos Alberto Parreira, que teve um atrito com Romário. A briga só foi superada pela necessidade de o Brasil vencer o Uruguai no jogo final das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994.
No dia 20, os colorados foram até a Azenha para o primeiro Gre-Nal decisivo do Estadual de 1992. Aquele domingo foi o grande dia de Nando com a camisa vermelha. O meia Marquinhos abriu o placar para o Inter, seguido de gol de Alcindo empatando o jogo para o Grêmio. Então surgiram os gols de Nando. Foram dois, um antecipando a zaga e outro de cabeça. Lances que deixaram o título estadual encaminhado. A confirmação da conquista veio três dias depois, no 0 a 0 do jogo de volta.
— O Gre-Nal é um jogo diferente. Sempre tive bons jogos contra o Grêmio e marquei gols. Guardo aquele jogo da final na minha mente. O Inter foi muito importante para mim. Os dois títulos foram muito marcantes — relembra, o ex-camisa 9, que marcou outras duas vezes diante do Grêmio.
Até o clássico número 318, o atacante vivia uma fase de vacas magras. De maio até dezembro, tinha ido às redes panelas duas vezes. Aqueles 90 minutos bastaram para dobrar a contagem.
— Sempre fiquei quieto quando falavam mal de mim. Queria mostrar, mesmo, dentro de campo — disse após a partida. — Voltei ao Brasil e enfrentei alguns problemas de ambientação. Só posso fazer gols se estiver jogando. No banco é impossível — complementou.
Formado nas categorias de base do Bangu, Nando foi vice-campeão brasileiro em 1985 com o clube carioca. Na sequência, passou pelo Flamengo antes de partir para o Hamburgo. Na Alemanha, um ano antes de chegar ao Inter, Rodrigo veio ao mundo.
— Vou para casa jantar com minha esposa e meu filho — contou após aquele Gre-Nal.
O filho, hoje atacante do Coritiba, nasceu às vésperas de um clássico entre Hamburgo e St Pauli. A paternidade foi celebrada com dois gols de Nando.
— Nunca forcei ele a ser jogador. Ele que escolheu e disse que ia dar força para ele com a minha experiência. Ainda cobro algumas coisas dele. Ele sempre me liga após os jogos — conta o ex-jogador.
Rodrigo começou seguindo os caminhos do pai. Além de ser centroavante, a primeira camisa a vestir foi a do Bangu. Depois partiu para a Europa. Foram sete temporadas além-mar, divididas entre Braga, Nacional da Ilha da Madeira e Benfica.
Chegou ao Coritiba no começo do ano. Tem alternado entre a titularidade e a reserva. Disputou 21 jogos no ano e marcou cinco vezes. Na noite desta quinta-feira (22), deve começar no banco, o que não tira a validade do lembrete.