Após a "rebelião" do grupo de jogadores, na quarta (1), por conta do atraso no pagamento dos direitos de imagem, a direção do Inter garante que os salários de maio serão pagos em dia e se comprometeu a apresentar aos atletas um cronograma para a quitação dos débitos ainda em atraso. Em paralelo, o clube reconhece a crise financeira e está mobilizado em evitar o risco de punições graves na CBF e na Fifa por conta de dívidas não pagas.
As consequências de novos atrasos salariais e de outros débitos com profissionais do futebol podem ser sérias. Entre os riscos possíveis estão a quebra do vínculo dos atletas com vencimentos em atraso, a perda de pontos no Brasileirão e a proibição de contratações pelas próximas três janelas, pena conhecida como "transfer ban".
Em maio, por exemplo, o Inter foi acionado na Fifa pelo ex-técnico Miguel Ángel Ramírez, que cobrava R$ 2 milhões relativos a sua rescisão de contrato, ocorrida em junho de 2021. A entidade máxima do futebol estava em vias de aplicar o "transfer ban" e só não o fez porque o jurídico colorado conseguiu chegar a um acordo com o treinador espanhol em tempo de evitar a punição.
Contudo, como há outros profissionais e até clubes cobrando débitos do Inter, a direção está atenta ao risco de novas ações semelhantes. Afinal, recentemente o Santos e o Cruzeiro foram punidos com o "transfer ban" e só puderam realizar novas contratações após chegarem a um acordo com os credores.
Além disso, se houver novos atrasos durante a disputa do Brasileirão, uma das penas possíveis está a perda de pontos. De acordo com o artigo 21 do regulamento da competição, essa possibilidade existe desde que uma denúncia seja feita ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por parte do atleta prejudicado pelo atraso ou por uma entidade sindical representativa da categoria.
Por fim, se o Inter novamente deixar o atraso nos direitos de imagem chegar aos três meses, correrá o risco de sofrer onda ações na Justiça do Trabalho. Afinal, de acordo com o artigo 31 da Lei Pelé, o atleta que não receber salários ou direitos de imagem por período igual ou superior a três mesas poderá solicitar a rescisão indireta do contrato de trabalho.
Desta forma, o jogador em questão teria o direito a solicitar a quebra de vínculo, ficando livre para acertar de graça com outro clube e ainda teria o direito a receber o valor integral da multa rescisória estipulada no contrato.
Atento aos riscos, o Inter busca cortar gastos, renegociar dívidas e melhorar a comunicação com o grupo de jogadores sobre assuntos relativos a pagamentos, com o intuito de evitar novas "rebeliões". Contudo, a situação de crise financeira do clube inspira cuidados.