Desde os anos 1980 o Inter não ficava tanto tempo sem ganhar o Gauchão. O clube está começando a sexta temporada desde o título de 2016. Desde então, viu o Grêmio erguer o troféu quatro vezes e o Novo Hamburgo dar a volta olímpica em 2017. Continua sendo o dono do maior número de taças, 45 a 40 sobre o maior rival, mas precisa acabar com a incômoda marca. E essa tarefa tem início a partir das 16h desta quarta-feira (26), diante do Juventude, no Alfredo Jaconi.
O Estadual surge no horizonte colorado como a principal chance de título. Isso porque pela primeira vez desde 2018, o Inter entra na temporada sem vir de um ano positivo. Por exemplo: em 2019, vinha de um terceiro lugar no Brasileirão anterior. Em 2020, havia sido vice da Copa do Brasil. E em 2021, o Gauchão se iniciou quatro dias depois da última rodada do Brasileirão, na qual o troféu não veio por centímetros.
Para o 2022, a perspectiva não é tão grande: por mais que tenha chegado Alexander Medina, um técnico de boas indicações na Argentina, e alguns nomes anunciados causem repercussão, como os atacantes David e Wesley Moraes, e tenha até retornado D'Alessandro, o jogador, dentre os inscritos no Gauchão, que mais vezes foi campeão, a equipe não terá uma Libertadores pela frente, por exemplo. E o crescimento, especialmente econômico, de Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras deixam mais distante a possibilidade de título nacional. Assim, cresce a expectativa pelo torneio local.
Ainda mais que o maior rival levou o tombo do terceiro rebaixamento no Brasileirão. Verdade que surge outro candidato, à medida que o Juventude permanece na elite nacional, mas é inegável que aumenta a responsabilidade. O discurso oficial, como não poderia ser diferente, é o de evitar comentar sobre essa diferença.
— A pressão existe sempre, e não muda. O fato de o Grêmio estar na Segunda Divisão não o diminui perante o confronto que teremos. Pelo contrário, pode ser usado como fator de motivação. Precisamos estar preparados para tudo — declarou o presidente do Inter, Alessandro Barcellos.
Sobre o Gauchão, adicionou:
— Temos obrigação de levantar títulos, todos os jogadores, integrantes de comissão técnica e dirigentes precisam saber disso. Estamos trabalhando para retomar um campeonato que não vencemos há bastante tempo. Que seja o início de um novo ciclo.
Para buscar esse troféu, o Inter não se importou em fazer uma pré-temporada mais curta. Nem abriu mão de algumas rodadas, colocando um time de guris. Desde o início, jogam os melhores. Nada de poupar. De acordo com o próprio Barcellos, a fixação pela conquista partiu principalmente do técnico Alexander Medina. Entre os jogadores, o discurso é parecido. Capitão da equipe, Taison deixou clara a importância do Estadual:
— Há muito tempo não ganhamos. Queremos ser campeões e vamos fazer de tudo para isso. Quem não quer ser campeão? Vamos respeitar todas as equipes, nos preparar. Falei para o Mister Medina que o Gauchão é uma loucura.
O jogador, campeão em 2008, melhor jogador e goleador em 2009, também deu um depoimento pessoal sobre a competição:
— Estava com saudade do Gauchão, nosso campeonato raiz. Todos os jogos são disputados até o final, não tem nada fácil, viagens longas, boas. Senti falta disso.
É com o espírito de Taison, a experiência em conquistas de D'Alessandro e a busca por um título para uma geração inteira que o Inter inicia a campanha em busca da retomada da hegemonia do Gauchão.