O Inter tem, justamente contra o maior rival, mais uma chance para repetir um futebol que apareceu em momentos importantes no Brasileirão. A bola que o time jogou contra o Flamengo no primeiro turno, por exemplo, aplicando 4 a 0 em pleno Maracanã poucas vezes foi vista no país. O primeiro tempo diante da Chapecoense, na partida que marcou a volta do público ao Beira-Rio, apresentou uma avalanche de quatro gols — e mais um anulado no VAR. A segunda etapa contra o América-MG, na última vitória da equipe, é outro exemplo.
No Gre-Nal deste sábado (6), Diego Aguirre terá um time descansado e recuperado, focado apenas no clássico do Brasileirão que pode significar não só o encaminhamento de vaga à Libertadores como atrapalhar o planejamento gremista de escapar do rebaixamento.
— Precisamos jogar mais de 100%. Deixar muita coisa a mais. Não é só técnica, nem qualidade, mas é mais coração, sacrifício e jogar como um time — sentenciou o zagueiro Bruno Méndez.
A seguir mostramos alguns ingredientes que o técnico colorado terá à disposição para reencontrar o melhor desempenho de sua equipe.
Meias ofensivos
O meio-campo do Inter tem uma característica que pode casar com o estilo de jogo do Grêmio. Aguirre, com as peças que tem à disposição, costuma preencher o setor com dois atletas fixos à frente da área, dois mais abertos, com liberdade de locomoção, e um armador com instinto de segundo atacante. Esses meias abertos, no caso Edenilson e Patrick, somados ao ofensivo, Taison, são a válvula de escape de uma equipe que adora contra-atacar.
Esse trio foi fundamental na grande atuação colorada da temporada. Taison é a verticalização do jogo, sempre mirando o gol adversário. Readaptou-se ao futebol brasileiro e tem sido o motor da condução da defesa ao ataque. Patrick vive uma temporada de altos e baixos. Nos altos, é fundamental para o desempenho do Inter. Na última vitória da equipe, contra o América-MG, fez dois gols, um de voleio e outro de cabeça, aparecendo como surpresa na área. Edenilson dispensa mais comentários. Deixemos que Tite, técnico da Seleção, fale sobre o camisa 8:
— É moderno, trabalha em duas, três funções. Foi convocado por causa dessa versatilidade, pela qualidade e pelo grande momento que vive.
Rodrigos
Para que funcione esse meio-campo ofensivo, dois jogadores dão suporte. Os Rodrigos, Dourado e Lindoso, executam as funções defensivas, de combate, desarme e ataque à bola aérea. Não são dois primores técnicos, todos sabem, mas fazem um trabalho necessário para que Edenilson, Taison e Patrick possam atacar com a segurança de ter cobertura em caso de perda de bola.
Apesar das limitações, ambos têm conseguido boas participações ofensivas. Na última partida, por exemplo, o chute mais perigoso do Inter contra o São Paulo foi de Lindoso, arriscando de fora da área e encontrando o travessão de Tiago Volpi. Dourado, por sua vez, foi autor de passes perfeitos, em elevação, para os gols de Yuri Alberto contra o Santos e Patrick diante do América-MG.
Além disso, os dois têm mais de 1m80cm e costumam levar perigo na bola aérea. A força do Inter passa pelos dois.
Torcida
Será um sábado especial, com um gostinho de normalidade. O Beira-Rio voltará a receber mais de 20 mil pessoas — estão permitidos 25 mil torcedores e, até 18h de quinta-feira (4), 90% dos ingressos haviam sido reservados, nesta sexta-feira abre a repescagem para todas as modalidades de associados. Outro ponto: o estádio será apenas para colorados. O Grêmio foi punido pelo STJD pela invasão de campo e pelos atos de vandalismos de alguns torcedores contra o Palmeiras e está proibido de ter tricolores nas arquibancadas tanto como mandante quanto visitante.
Sendo assim, o ambiente é favorável ao Inter, que vive um trauma recente em Gre-Nais — venceu dois nos últimos três anos, apesar de ter ganhado o último em casa no Brasileirão e de ter jogado melhor o do primeiro turno. Em campo, o adversário certamente estará desesperado: mesmo que vença o clássico, o Grêmio não deixará a vice-lanterna do Brasileirão.
— Vai ser muito importante jogar com a torcida do Inter. Estou feliz por tê-los no clássico, é um jogador a mais — declarou o zagueiro Bruno Méndez.
Poucas dúvidas
Aguirre terá o retorno de Yuri Alberto. Ausente da última partida em razão de um desconforto no tornozelo, o centroavante estará em campo no clássico. Vice-goleador do Brasileirão, ele tem sido peça fundamental — quando atuou, o Inter não fez gol. Ele é mantido como mistério, mas apenas como discurso externo. As demais dúvidas do treinador são menos relevantes.
Na lateral esquerda, em tese, Moisés não deverá jogar, já que sofreu lesão. Mas se de fato for desfalque, Paulo Victor tem dado conta do recado e é uma aposta para o futuro da posição no clube. No gol, Daniel pode ficar fora e apesar de o Inter não ter vencido nenhuma partida do Brasileirão sem ele, Marcelo Lomba era o titular até o meio da atual temporada, tendo, portanto, confiança de todos.
Houve descanso, preparação e recuperação. O Inter chega praticamente inteiro para o Gre-Nal.