Ninguém consegue assegurar a permanência de Diego Aguirre no Inter para 2022. Embora tenha jurado aos dirigentes colorados que não recebeu oferta para deixar o clube, o treinador vive a expectativa pela realização do sonho de se tornar o substituto de Óscar Tabárez. No entanto, aguarda com ansiedade pela resposta de Marcelo Gallardo, comandante do River Plate, tratado como "plano A” pela Associação Uruguaia de Futebol (AUF).
Ainda no Rio de Janeiro, antes do confronto com o Fluminense, o técnico colorado circulou tranquilamente pelo saguão onde a delegação estava hospedada e até mesmo correu duas vezes na orla de Copacabana. Entre estes momentos de distração, encontrou amigos e confidenciou a angústia sobre seu futuro.
Aos 56 anos de idade, o profissional, que nunca escondeu o desejo de treinar a Celeste Olímpica, se vê pronto para ocupar o cargo. Um de seus trunfos está no fato de ser o técnico uruguaio com maior rodagem, se comparado a outros nomes especulados, como Pablo Repetto, ex-LDU, Guillermo Almada, do Santos Laguna-MEX, e Alexander Medina, do Talleres-ARG. Porém, é justamente da Argentina que surge a principal ameaça.
Dirigentes uruguaios já elegeram Gallardo como alvo principal e contataram o empresário do treinador do River Plate que, nesta quinta-feira (25), pode se sagrar campeão nacional com três rodadas de antecedência se empatar ou vencer o Racing. Com uma taça no armário, e as vésperas de uma eleição presidencial que marcará a saída do atual mandatário Rodolfo D'Onofrio, “Muñeco” pode dar por encerrado seu ciclo no Monumental de Núñez, iniciado ainda em 2014, e cruzar o Rio da Prata.
— É falsa a notícia de que realizamos oferta econômica com prazos de contrato, mas é possível que viajemos a Buenos Aires para nos reunirmos com Gallardo se tivermos o ok dele. Não trabalhamos com nomes. Não temos todo este leque de nomes que se fala — declarou Jorge Casales, integrante do Conselho Executivo da AUF, em entrevista à Rádio Sport 890, de Montevidéu.
Apesar do aceno positivo, Aguirre comentou a pessoas próximas que não crê que o argentino troque o clube de infância pela seleção uruguaia. Por isso, ele aposta alto: chegou a sua hora.
Fim de temporada
Para deixar o Inter, Aguirre teria de arcar com uma multa contratual, considerada baixa pelos dirigentes colorados. Conforme apurou GZH, o valor seria equivalente a dois ou três salários do profissional, que recebe em torno de R$ 400 mil mensais. Seu vínculo com clube gaúcho vai até dezembro do ano que vem.
Mas, ao mesmo tempo em que espera pelo desfecho tão sonhado, o treinador assegura aos dirigentes colorados que está com a cabeça no Beira-Rio. Prova disso é que tem participado de reuniões para projetar o elenco para a próxima temporada.
— As coisas, para mim, são internas e ficam entre nós. Trabalhamos no planejamento para o próximo ano com possíveis contratações e coisas que temos de melhorar. Agora não é o momento para falar isso, porque não acrescentaria nada de positivo. É momento de focar nestas duas semanas que vão acabar o ano e nosso pensamento tem de estar no próximo jogo — declarou o treinador após a derrota para o Fluminense.
Internamente, Aguirre já manifestou sua opinião, que coincide com manifestações tornadas públicas por Taison, Edenilson e pelo ex-coordenador de preparação física Paulo Paixão: o elenco é muito jovem.
Este, aliás, é um dos diagnósticos usados para explicar a queda de rendimento no Brasileirão. Restando três rodadas para o fim do campeonato, o Inter corre sérios riscos de ficar sem a vaga para a Libertadores da próxima temporada.
Apesar do momento de turbulência vivido em campo, a diretoria elogia a relação vivida com a comissão técnica e optaria pela manutenção dos profissionais, mesmo que existam críticas pontuais ao comportamento menos agressivo da equipe nas últimas apresentações.
O único ponto que faz o departamento de futebol colorado mirar o mercado de treinadores de forma discreta é a incerteza diante de um possível assédio vindo de Montevidéu.