Criticado durante o pior momento do Inter na temporada, o zagueiro Víctor Cuesta retomou, nos últimos jogos, o protagonismo na defesa colorada. E o crescimento do argentino tem pelo menos um motivo bem evidente. Desde que passou a formar dupla de zaga com o uruguaio Bruno Méndez, o time passou a sofrer menos gols e o camisa 15 teve mais liberdade para avançar.
— Com certeza, o Cuesta cresceu com o Bruno. São dois zagueiros que se completam. O Bruno é mais rápido e simplifica mais. Se tiver que dar chutão, ele dá. Já o Cuesta tem um perfil muito técnico — avalia o ex-zagueiro bicampeão da América pelo Inter, Bolívar, hoje treinador.
Quando o técnico Diego Aguirre decidiu fixar Bruno Méndez e Víctor Cuesta na defesa, o Inter já tinha sofrido 16 gols em 10 jogos no Brasileirão, com uma média de 1,6 gol sofrido por jogo. O uruguaio e o argentino estão atuando em parceria há nove partidas consecutivas, com apenas seis gols sofridos, uma média de apenas 0,67 gol por jogo.
Bolívar vê semelhanças entre Bruno Méndez e Víctor Cuesta com a histórica dupla que formou com Fabiano Eller, no título da Libertadores de 2006.
— O perfil era parecido. O Fabiano Eller também era mais técnico e eu simplificava mais. Também nos completávamos — avalia.
Com o uruguaio ao lado, Cuesta passou a ter também mais liberdade para exercer uma das suas especialidades: apoiar. Como resultado, o argentino deu duas assistências na vitória por 4 a 2 sobre o Fluminense, em 15 de agosto.
— Com outro jogador que tenta mais sair jogando, me parece que o Cuesta ficava mais preocupado e não desenvolvia com naturalidade aquele futebol que estamos acostumados a ver, ao lado de zagueiros como Moledo e Bruno Méndez. Tanto que ele se aventura muito mais no ataque, como opção pelo lado esquerdo. Não precisa mais guardar tanta posição — opina Gustavo Manhago, narrador da Rádio Gaúcha, que esteve na transmissão do empate em 2 a 2 com o Santos, no domingo passado.
A entrada de Rodrigo Lindoso ao lado de Dourado no meio-campo, reforçando o sistema de marcação no setor, também contribuiu para que a defesa ficasse mais protegido. Na avaliação de Bolívar, isso ajuda o zagueiro a se sentir mais à vontade para subir ao ataque:
— Com um dos volantes recuando, o Cuesta fica mais livre para avançar e fazer cruzamentos. Mas, com certeza, a definição da dupla de zaga contribuiu para o Cuesta crescer.
Já afirmado na equipe, Bruno Méndez é considerado uma realidade no Beira-Rio.
— Está jogando muito, ajudando muito. É um menino trabalhador e que está em um bom nível — avalia Diego Aguirre.
Porém, para ficar com o uruguaio por mais tempo, o Inter terá de abrir os cofres, que, no momento, estão vazios. Emprestado pelo Corinthians até junho de 2022, o defensor tem seus direitos fixados em US$ 4,2 milhões (R$ 21,9 milhões). A direção tentará flexibilizar o valor para ter o uruguaio por mais tempo em Porto Alegre.