Depois de perder o título gaúcho para o Grêmio e terminar a fase de grupos da Libertadores sob desconfiança, o Inter voltou a decepcionar na estreia do Brasileirão. O empate em 2 a 2 com o Sport, em pleno Beira-Rio, significou o terceiro jogo seguido sem vitória do Colorado e alertou o técnico Miguel Ángel Ramírez para correções a serem feitas para evitar uma surpresa no confronto com o Vitória, pela Copa do Brasil.
Mesmo que tenha reclamações justas sobre a arbitragem a apontar, o Inter exagerou nos erros defensivos diante do Sport depois de abrir uma confortável vantagem de 2 a 0 no primeiro tempo. Ainda na etapa inicial, Marcelo Lomba precisou fazer duas defesas difíceis após uma falta lateral cobrada pelos pernambucanos. No segundo tempo, antes do gol marcado por André, o goleiro colorado havia evitado o empate em lance no qual Maxwell apareceu sozinho na sua frente.
Ramírez admitiu que procurou ajustar a parte defensiva no intervalo do jogo. Ainda que ele tenha visto progresso, não foi suficiente para evitar o empate.
— No primeiro tempo, começamos a fazer coisas que não gosto. Não estávamos conseguindo, do ponto de vista defensivo, cumprir o plano desenhado. Melhoramos a parte defensiva no segundo tempo, mas pioramos na ofensiva. O rival tinha mais espaço e ganhavam a segunda bola. Vi coisas que deveríamos ter feito melhor — reconheceu o treinador.
Contra-ataque
Esse tipo de jogada em que o Inter está com a defesa adiantada e permite o contra-ataque com um adversário saindo frente a frente com Lomba tem sido frequente. Nos Gre-Nais da decisão do Gauchão, Matheus Henrique e Ferreira tiveram situações assim e pararam em defesas de Lomba. Mesmo diante do Always Ready, pela Libertadores, quando dominou toda a partida, o Colorado permitiu uma jogada do ataque do frágil time boliviano dessa forma no segundo tempo.
Ex-zagueiro bicampeão da Libertadores pelo Inter, Bolívar ressalta que será cada vez mais comum os adversários colorados adotarem a proposta de esperar e tentar se aproveitar da maneira de atuar com linha alta da defesa.
— O Inter joga de uma maneira propondo e é natural o time ficar mais exposto defensivamente. Você tem muito mais a bola e as equipes sabem disso. No Beira-Rio, principalmente, os times vão procurar explorar isso. Você precisa ter velocidade e entendimento nas reações para não sofrer correndo atrás dos atacantes — alerta Bolívar, que atualmente treina o Santa Cruz, do Recife.
Por causa dessa postura dos adversários, Bolívar alerta que é preciso o time ter uma agressividade maior quando perder a bola no ataque:
— Esse contra-ataque só existe a partir do momento que você perde a bola. Quando você termina a jogada com finalização, não dá essa possibilidade. Você precisa trabalhar muito para o perde-pressiona para tentar recuperar rápido essa bola sem expor a defesa.
Analista tático do site UOL, Rodrigo Coutinho vai na mesma direção de Bolívar. Ele aponta os erros cometidos pelo Colorado diante do Sport.
— O Inter precisa ser mais agressivo para pressionar a bola. Primeiro, vi o time um pouco desconcentrado na marcação. O segundo ponto é o posicionamento da última linha. Como não há pressão, os jogadores da defesa precisam correr para trás e isso tem sido feito de forma errada. O posicionamento corporal estava errado, principalmente do Lucas Ribeiro. Se o time não pressiona no campo de ataque, os zagueiros precisam cuidar o fundo — alerta.
O Inter estreará na Copa do Brasil contra o Vitória nesta quinta-feira, às 19h, no Barradão, pela terceira fase. Antes na volta, no Beira-Rio, marcada para a quinta-feira seguinte, o Colorado vai enfrentar o Fortaleza, no domingo, às 16h, no Castelão, pela segunda rodada do Brasileirão.