A quarta lesão ligamentar em jogadores do Inter, confirmada com o rompimento do ligamento cruzado posterior do joelho direito de Rodrigo Moledo, tem muito mais a ver com sequência de jogos do que propriamente com alguma falha de preparação. Se fossem problemas musculares, por exemplo, haveria algo a ser corrigido. Mas com joelhos e pancadas, há pouco a prevenir.
Fisioterapeutas ouvidos pela reportagem foram unânimes em afirmar que não há uma prevenção a esse tipo de machucado. Por mais que haja fortalecimento, o máximo que o músculo consegue é dar estabilidade ao corpo, mas não impede que haja lesão. Em tese, ajuda a evitar dores, mas não pode fazer nada quando ocorre um choque ou pisada em falso.
— É uma fatalidade que não tem como prevenir. As lesões ocorrem de formas diferentes. Por exemplo, o Guerrero foi um trauma em um jogo. O Boschilia foi em um salto. O Saravia foi sozinho. Vi muitas críticas ao departamento médico do Inter, mas as pessoas falam sem conhecimento — diz o fisioterapeuta Tulio Menezes, que trabalhou no Inter por uma década.
A sequência de jogos sem a devida preparação, porém, pode acelerar outras lesões e que, indiretamente, podem ajudar a errar o que se costuma chamar de "gesto técnico". E isso, sim, causa machucados.
— Esse ano foi totalmente atípico. A preparação para as competições se deu com os atletas na sala, no corredor, na garagem de casa. A preparação não foi adequada, ainda mais depois de cinco meses parado por conta da pandemia. Isso está causando muitas lesões agora — opina o preparador físico Paulo Paixão, um dos mais importantes da história do futebol brasileiro.
No Inter, foram quatro lesões de ligamentos. Guerrero rompeu o cruzado anterior em agosto, contra o Fluminense, na terceira rodada do Brasileirão. O mesmo sofreram Saravia (em setembro, na partida contra o América de Cali, pela Libertadores, e Boschilia (em outubro, durante um treino).
— Futebol é jogado com frenagem, com utilização de giros e os tendões não estão preparados. A maior causa de tudo isso foi o início, essa parada de cinco meses. Está cobrando um preço. A pandemia também abala o emocional e isso deixa o atleta mais propensos a lesões — finaliza Paixão.