A liderança do Brasileirão na 18ª rodada é dividida entre Flamengo e Inter. As equipes mediram forças no Beira-Rio, e resultaram equilibradas. O embate e desempenho colorado na temporada podem ser interpretados como uma conquista parcial do técnico Eduardo Coudet. O técnico argentino aceitou o projeto do clube ainda em 2019, quando a pandemia não estava no horizonte, sobretudo em termos financeiros.
— Vim para cá dizendo, desde a primeira reunião com o Inter, que queria brigar pelo título — relembrou Coudet, no "Bem, Amigos" desta segunda-feira (26), explicando os planos da direção colorada:
— Havia o Flamengo e o Palmeiras, equipes que já estavam armadas. E a ideia do Inter era formar um time. O clube estava disposto a fazer investimentos e montar um elenco forte para brigar pelo título. Isso não aconteceu, mas mesmo assim estamos brigando lá em cima.
A temporada é conturbada também dentro das quatro linhas. Nesta segunda, Coudet perdeu o terceiro jogador por lesão ligamentar no joelho em três meses. Boschilia rompeu o ligamento anterior cruzado do joelho direito, tal qual Guerrero em agosto e Saravia em setembro.
— Lamentamos, sentimos e sofremos todos. São coisas difíceis, tornam tudo ainda mais difícil — expressou o técnico, mandando um abraço a seu jogador que passará meses recuperando-se.
O treinador argentino não escapou de ser perguntado sobre a sequência sem vitórias em Gre-Nais. Admitiu mais uma vez o incômodo e disse que é "uma dívida pendente" com a torcida e o clube. Coudet entendeu que clássico da Capital gaúcha é um campeonato à parte. Para os outros, sejam de pontos corridos ou mata-mata, o técnico pretende ir até onde consegue em todas as frentes.
— Vamos tentar sempre o melhor, estamos em três competições, é difícil, estamos com um plantel curto. E os protagonistas são os jogadores, não o técnico nem a direção. Então sim, quero buscar os títulos, mas sei que será difícil entre três competições. Às vezes não conseguimos completar os 23 jogadores, mas o esforço é máximo — disse.
Há 10 meses trabalhando no Brasil - com o intervalo um trimestre sem atividades por conta da pandemia - Coudet aumentou sua admiração ao nosso futebol, com o qual teve os primeiros contatos assistindo pela televisão na Argentina. O período foi suficiente para que ele conhecesse as pressões nacionais que começam nos campeonatos estaduais. A maratona de jogos causada pela sobreposição de disputas incomoda o treinador.
— Acho que os times daqui (Brasil) jogam cansados. É impossível pelo calendário, ainda mais o deste ano. Assim não se mostra a qualidade técnica que os jogadores brasileiros têm, porque são muito prejudicados na parte física — argumentou, listando a segunda coisa que melhoraria no país do futebol:
— Os campos de jogo. Não pode o futebol brasileiro ter campos ruins.