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A Copa Sul-Americana conquistada pelo Inter, em 2008, teve um significado diferente. Além de ter sido o primeiro brasileiro campeão do torneio criado em 2002 pela Conmebol, valeu a marca de "Campeão de Tudo" ao clube colorado. Por isso, tamanha a importância do gol marcado por Nilmar, já na prorrogação da final contra o Estudiantes, que garantiu o 1 a 1 e o título em um Beira-Rio lotado.
"Mas não foi nada fácil subjugar o valente Estudiantes", escreveu o então repórter Diogo Olivier na edição de Zero Hora de 4 de dezembro, um dia após o jogo.
De fato, a partida teve "todos os ingredientes mágicos de um esporte emocionante: bravura, raça, aguerrimento e a torcida empurrando o time". As palavras descritas pelo colunista de GaúchaZH na crônica do jogo simplificam tudo o que ocorreu ao longo daqueles longos 120 minutos em Porto Alegre.
— Foi uma decisão bem difícil. Tivemos um jogo quase perfeito na Argentina contra um clube que não perdia dentro de casa. Na volta, sabíamos que não seria fácil. O jogo no Beira-Rio foi tenso. Quando eles fizeram o gol, a gente precisou manter a calma. Mas, com o torcedor empurrando o tempo todo, conseguimos aquele gol do Nilmar que nos deu o título — recorda Bolívar, que jogou de lateral-direito naquela decisão.
De fato, o Inter havia vencido o Estudiantes em La Plata na partida de ida por 1 a 0, gol de Alex — destaque daquela campanha colorada. A partir daquele bom resultado fora, imaginava-se um título tranquilo, já que os donos da casa jogavam por um empate. Mas, nada disso. Aos 20 minutos do segundo tempo, Alayes marcou para os argentinos. Não bastasse, os visitantes tiveram outras chances para ampliar.
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Para sorte do Inter, a partida foi para a prorrogação. Quando os rivais estavam bem, o craque do Estudiantes, o veterano Verón, cansou e foi substituído. Sem ele, o time argentino não era o mesmo. E a equipe colorada aproveitou. Aos oito minutos da etapa final do tempo extra, D'Alessandro cobrou escanteio para a área. Depois de um bate e rebate, Nilmar fez o gol do título.
— Aquele gol do Nilmar foi um alívio, como sempre é um gol em um jogo decisivo. Aquela partida toda estava um sufoco, mas a bola entrou com a força do Beira-Rio, do apoio da torcida — diz Cléber Xavier, auxiliar-técnico de Tite naquela conquista.
Em uma narração tão emocionante quanto pedia o jogo, Pedro Ernesto Denardin dizia no microfone da Rádio Gaúcha que o Inter ainda tinha sete minutos para tentar o gol da vitória quando D'Alessandro jogou a bola para a área. Mal sabia ele que Danny Morais cabecearia, o goleiro Andújar faria grande defesa e depois de um enrosco Nilmar empurraria para o gol e daria o título aos colorados.
— Escanteio cobrado, a bola bateu no poste, o rebote, o goleiro pegou e gol. Goooool, Nilmar! O Inter é campeão da Copa Sul-Americana. É mais um título. É o que faltava. O Inter agora é tudo, rigorosamente tudo — disse o narrador.
Assim foi coroada a campanha do Inter na Sul-Americana de 2008, que iniciou com dois empates e classificação diante do Grêmio, o maior rival. Depois, passou por Universidad Católica, do Chile, o temido Boca Juniors, então campeão da Libertadores, os mexicanos do Chivas, que haviam eliminado o River Plate, e o Estudiantes de Verón na final. Uma trajetória daquelas para ninguém colocar defeito, que deu aos colorados o grito de campeão (de tudo).
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FICHA TÉCNICA
Copa Sul-Americana
Final (volta) – 3/12/2008
INTER 1x1 ESTUDIANTES (2x1 no placar agregado)
Inter: Lauro; Bolívar, Danny Morais, Álvaro e Marcão; Edinho, Magrão (Sandro, 1'/2ºT da prorrogação), Andrezinho (Gustavo Nery, 17'/2ºT) e D'Alessandro; Alex (Taison, 34'/2ºT) e Nilmar. Técnico: Tite
Estudiantes: Andújar; Angeleri, Alayes, Desábato e Cellay; Iberbia (Perez, 20'/2ºT), Benítez, Verón (Moreno, 7'/1ºT da prorrogação) e Braña; Gata Fernández (Calderón, 24'/2ºT) e Boselli. Técnico: Leonardo Astrada
GOLS: Alayes (E), aos 20min do segundo tempo do tempo normal, e Nilmar (I), aos 8min do segundo tempo da prorrogação.
CARTÕES AMARELOS: Cellay, Benitez e Braña (E); Magrão, D'Alessandro, Gustavo Nery e Lauro (I).
CARTÕES VERMELHOS: Agenor (I), Braña (E) e Boselli (E).
ARBITRAGEM: Jorge Larrionda, auxiliado por Pablo Fandiño e Wálter Rial (trio uruguaio)
PÚBLICO: 51 mil pessoas
LOCAL: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)