Isolado com a família no Rio de Janeiro, Odair Hellmann conversou com a Rádio Gaúcha. Em entrevista por telefone ao programa Domingo Esporte Show, o hoje técnico do Fluminense analisou pela primeira vez sua passagem de dois anos pelo Inter, encerrada em outubro de 2019. O treinador recordou momentos marcantes à frente do time, como o acesso à Série A, em 2017, o terceiro lugar no Brasileirão de 2018 e o doloroso vice-campeonato da Copa do Brasil, em 2019. As duas derrotas para os paraenses na decisão nacional, aliás, seguem vivas na cabeça do catarinense de 43 anos.
— Eu ainda não digeri aquela final, vai precisar mais uns 60 anos, talvez em outra vida. Enquanto eu tiver esta vida, aquilo ficará engasgado — desabafou.
Sobre sua passagem no Beira-Rio, defendeu que o time jogava de acordo com as características dos jogadores que tinha à disposição. Para o treinador, a postura da equipe e sua evolução dentro de campo fizeram parte do momento de reconstrução vivida pelo clube.
— Eu e as pessoas que passaram por aquele momento da partida contra o Oeste, em 2017, (no jogo que marcou a volta do Inter à Série A), a gente sabe qual era o momento, qual era o clima, qual era o ambiente e as dificuldades. Tudo ali é um processo, e eu acho que a gente foi feliz, a gente foi competente, conseguiu fazer um trabalho muito bom. Faltou o título da Copa do Brasil para coroar toda essa retomada — avaliou Odair.
A demissão, que ocorreu após uma sequência de quatro jogos sem vitória no Brasileirão do ano passado, não abalou a boa relação do técnico com o clube. Embora garanta ter aceitado a atitude tomada pela diretoria, discorda da decisão.
— Eu prefiro ficar com o telefonema do dia da minha efetivação como treinador do Internacional, do qual tenho muito orgulho. Não cabe a mim falar se foi certo ou se foi errado, as pessoas que tomaram essa decisão que precisam fazer. Eu sou profissional do futebol, as pessoas que comandam os clubes têm liberdade de tomar essas decisões — apontou. — Tenho certeza que dava para continuar o trabalho, levar até o final do ano, porque a gente já estava fazendo essa retomada pós-Copa do Brasil para que, no mínimo, pudesse fechar o ano com a classificação para a Libertadores.
Ainda assim, Odair garante que as portas do Beira-Rio seguiram abertas. Seu maior legado no Inter, acredita, foi ajudar a recolocar o Inter em um patamar de destaque destaque dentro do futebol brasileiro.
— Nada me dava mais arrepio do que quando nós íamos de ônibus do hotel para o estádio e eu via o Beira-Rio lotado. As pessoas voltando aos jogos dentro do Beira-Rio, retomando aquela confiança do colorado com relação ao time, ao momento, ao trabalho que estava sendo feito — disse.