Os colorados contavam os minutos para a conquista do seu título mais importante, o Mundial de 2006. Adriano Gabiru havia tirado o zero do placar há pouco e, no Japão, o Inter vencia o Barcelona de Ronaldinho por 1 a 0. Foi aí que a estrela de Clemer brilhou. O brasileiro naturalizado português Deco arriscou chute de fora da área e quase encontrou o ângulo do gol colorado: no meio do caminho, havia Clemer. O goleiro saltou e, de mão trocada, impediu o golaço que deixaria tudo igual em Yokohama. O Inter segurou a pressão e, enfim, pôde gritar que era campeão do mundo.
A simbólica defesa protagonizada pelo ídolo colorado foi eleita como a mais marcante da história do Inter. A votação foi realizada em enquete entre os leitores de GaúchaZH. Quase 14 anos após o lance, Clemer conversou com a reportagem sobre o marcante momento vivido naquela noite japonesa.
5 perguntas para Clemer:
Lembra daquela defesa no chute do Deco?
Com certeza. Não tem como não recordar. Foi num momento difícil da partida. Estávamos ganhando o jogo e a pressão do Barcelona era muito grande. O Deco teve a oportunidade do chute e bateu muito bem. Mas eu estava bem posicionado, tive o tempo de bola certo. Foi uma defesa realmente difícil, muito importante para nós. É aquele defesa que todo goleiro quer fazer, com grau de dificuldade muito grande, de mão trocada.
O que passou na tua cabeça depois daquela defesa?
Ali nós estávamos muito confiantes. Passa na tua cabeça que depois de uma defesa daquelas, dificilmente tomaríamos o gol, até pelo grau de dificuldade, pelo momento do jogo. Uma defesa daquelas elevou o moral. Quando se faz uma defesa assim, a confiança do atleta vai lá em cima. Pensei: "Agora não tem mais para ninguém". Eles ainda tiveram chances perigosas depois, mas sabia que não iam entrar.
Qual o significado daquele título na tua trajetória profissional?
Até hoje a gente tenta explicar a importância desse título. É difícil dizer. Foi uma conquista inédita para o Inter. Ficamos marcados na história do clube. Mesma coisa da Libertadores de 2006, que também foi a primeira. O torcedor ainda não tinha vivido aquilo. O que mais influenciou para o título ter essa importância, além de ser o primeiro, foi porque enfrentamos um adversário dificílimo. Jogamos contra o Barcelona do Ronaldinho no auge. Isso valorizou muito mais o título.
Então, ter vencido um Barcelona poderoso, que tinha Ronaldinho, Iniesta, Xavi, Puyol, Deco, deu mais importância à conquista?
Porque fica incontestável. Não tem como dizer que o time lá estava em má fase. Cada jogador era da seleção do seu país, e isso valorizou muito mais a nossa conquista. Quando a gente fala hoje do mundial, todos lembram do adversário que enfrentamos. Era quase Davi contra Golias, e nós conseguimos essa vitória, que marcou muito e até hoje, toda vez que a gente vê algo relacionado àquele jogo, sempre se emociona. Parece que estou entrando em campo e vivendo aquela emoção toda novamente. O torcedor, quando nos vê, agradece e reconhece o que fizemos.
O gol do Gabiru no Mundial foi escolhido, na semana passada, o mais importante da história do Inter também. Concorda com o torcedor?
Isso é interessante. O Gabiru ter marcado o gol, ter entrado no lugar do Fernandão, que era o nosso capitão. ele foi predestinado. Teve qualidade, passou para receber a bola do Iarley, o Iarley tocou nele e ele marcou. Não tem como não ser o mais importante da história do clube. Até pelo peso do título, não tem como comparar.