O ex-meia Alex Raphael, 38 anos, viveu altos e baixos no Inter. Muito mais altos do que baixos, é bem verdade. Campeão da Libertadores, do Mundial, da Copa Sul-Americana e da Recopa pelo clube, o atleta também esteve no pior momento da história colorada: o rebaixamento à Série B, em 2016.
Aquela foi sua última temporada como profissional. Ele disputou 39 jogos e marcou um gol. Por toda a história e identificação com o Inter, queria ter ajudado o clube a escapar do descenso. Mas jogou menos do que poderia, principalmente porque alguns dirigentes da época não queriam a sua permanência.
— Uma coisa que falavam era que eles (dirigentes) não queriam o Alex, que falavam mal de mim por trás. Um jogador de um dos treinadores que passaram pelo clube até me confidenciou que o cara (o técnico) pediu para me machucar no treinamento. O treinador brigou com o jogador ali na frente, e depois ele (jogador) me confidenciou isso (que o técnico tinha pedido para machucá-lo). Eu falei: "Poxa vida, então o cara estava forçando ele chegar em mim, que era uma bola no alto, com o risco grande" — recordou o ex-jogador em entrevista ao programa Bola nas Costas, da Rádio Atlântida, nesta quarta-feira (29).
Os nomes dos envolvidos não foram citados por Alex, que garante seguir torcendo para o Inter. Ele ressaltou, inclusive, o bom trabalho feito pela atual direção colorada, liderada pelo presidente Marcelo Medeiros, que levou o clube a uma final de Copa do Brasil em 2019 e ao título do principal torneio de base do país, a Copa São Paulo de Futebol Júnior, neste ano.
— O descenso do Inter trouxe uma mudança. Não à toa, foi campeão da Copinha neste ano. A gente percebe esse trabalho bem feito, de reformulação do clube — destaca.
Atualmente, o ex-meio-campista vive em Kaloré, no interior do Paraná. Passa o momento de distanciamento social por lá, ao lado da esposa. Mas, ainda que tenha largado a vida de atleta há três anos, segue se atualizando sobre futebol. O desejo de Alex é ser treinador. O projeto, porém, é para daqui a alguns anos.
— Penso com muita responsabilidade. Lógico que os 27 anos de futebol que eu tenho são muito importante, mas acho que preciso de um tempo de estudo e prática. Se eu puder auxiliar algum treinador ou começar comandando uma base, ali dá para amadurecer. É como se fosse uma faculdade, quatro cinco anos estudando, com as licenças, para ter a condição de assumir algum clube — explica o ex-atleta, que já tirou a licença B da CBF, voltada para técnicos de categorias de base.
Ao longo da entrevista, Alex relembrou momentos em que foi uma espécie de treinador dentro de campo. Sob o comando de Celso Roth, em 2016, recorda que orientou alguns companheiros mais jovens para pressionarem a saída de bola do adversário, ainda que o técnico tenha pedido para os jogadores marcarem mais atrás.
— Não é questão de ser indisciplinado, desrespeitoso. O futebol é um esporte de tomada de decisão. Teve um jogo em que o Celso preparou a equipe para jogar de forma mais cautelosa. Eu peguei o Andrigo e o Aylon desde os treinamentos e disse para pressionar. Eles falavam que o Celso ia ficar "p" da vida. Começamos o jogo pressionando, roubamos uma bola no ataque e fizemos um gol. Passou, ganhamos de 2 a 0 e no outro dia o Celso foi dar a palestra e disse que não era o programado, mas a gente ficou quieto — contou.
Assim, Alex Raphael aguarda uma oportunidade para iniciar sua trajetória à beira do campo. Se depender do currículo ou da liderança que o ex-jogador demostrou por onde passou, sobrarão propostas. Enquanto isso, ele diz que manterá os estudos para, quem sabe, um dia voltar ao Inter em nova função.
GaúchaZH tentou contato com dirigentes do Inter da época e ainda não recebeu retorno.