O Ministério Público (MP) deflagrou, na manhã desta quinta-feira (20), a Operação Rebote, cumprindo 20 mandados de busca e apreensão em investigação de apropriação e desvio de valores na gestão Vitorio Piffero no Inter. A investigação apura a ocorrência de crimes de apropriação indébita, estelionato, organização criminosa, falsidade documental e lavagem de dinheiro durante 2015 e 2016.
Os mandados são cumpridos em residências e sedes de empresas de Porto Alegre, Eldorado do Sul e Viamão. O MP dará entrevista coletiva nesta quinta-feira (20) para detalhar a investigação. Entre os investigados estão Vitorio Piffero, que exercia a função de presidente do clube, e Pedro Affatato, que ocupava a primeira vice-presidência e a vice-presidência de Finanças.
Segundo o MP, a principal fonte de fraudes e desvios patrocinados contra o Inter ocorreu por meio da retirada de valores em espécie da tesouraria por Pedro Affatato, alegadamente utilizados para o pagamento de obras para empresas de construção civil e prestação de serviços, os chamados adiantamentos. Foram cerca de R$ 10 milhões entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016.
A agência de viagens Piratini, localizada no centro de Porto Alegre, foi um dos 20 endereços do cumprimento dos mandados de busca e apreensão. Ela é a agência contratada para realizar os deslocamentos aéreos do clube desde 2003.
Os integrantes do Ministério Público chegaram ao prédio onde funciona a agência, localizado na avenida Alberto Bins, por volta das 8h. Os proprietários da empresa foram chamados para abrir as portas aos investigadores. Eles ficaram no endereço durante por aproximadamente duas horas e 30 minutos. Saíram levando caixas de documentos.
Segundo a advogada da agência, Luciana Scheeren, foram recolhidos bilhetes e faturas de passagens aéreas da empresa.
— Ainda não tivemos acesso a informações. Vamos aguardar desenrolar das investigações — informou Luciana.
Veja a lista dos investigados, conforme o MP
- Vitorio Carlos Costi Piffero
- Pedro Antonio Affatato
- Alexandre Silveira Limeira
- Emídio Marques Ferreira
- Marcelo Domingues de Freitas e Castro
- Carlos Capparelli Pellegrini
- Também são investigados empresários de futebol, pessoas vinculadas a empresas de construção civil, de turismo e de contabilidade
O que dizem os citados na investigação
*A reportagem não conseguiu contato com Marcelo Domingues de Freitas e Castro, Pedro Affatato, Carlos Pelegrini e Emídio Ferreira
Alexandre Limeira
"Não tenho conhecimento dessa operação. Ouvi nas rádios e fiquei em casa esperando o Ministério Público até às 8h30min. Não fui apontado pelo Inter. Apresentei notas. Apresentei testemunhas. E sou muito favorável a uma investigação ampla. Estou totalmente à disposição do Ministério Público.
A única relação que tenho com Marcelo Castro é um projeto que tenho documentado, que vou apresentar ao MP. Envolvendo jogadores, não há chance alguma, mas estou totalmente à disposição. Sobre investigação que envolva atleta, eu nunca me envolvi com atletas. Vou provar ao MP, se for o caso. E também das obras muito menos. Nada chegou perto de mim sobre aquelas obras.
Não tinha conhecimento (de irregularidades na gestão). E, se tivesse, eu teria que ter denunciado. No próprio Inter uma investigação foi feita e em nenhum momento meu nome foi envolvido. Estou surpreso".
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"É lamentável. Me dediquei de corpo e alma ao Inter e, estar sendo tratado desta maneira pelo Inter é um absurdo. Quero que provem qualquer ato da minha gestão que eu tenha praticado e que tenha sido desabonador. Espero que o MP me chame logo. Porque, se eu for depender apenas da minha defesa no Inter, sei que não tenho a menor chance. Estou cada vez mais chateado, mas tem espaço para mais ainda".