A notícia de que o Ministério Público (MP) cumpriu mandados de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (20) em investigação de apropriação indébita e desvio de valores de sua gestão no Inter, pegou Vitorio Piffero de surpresa. Segundo o ex-presidente colorado, que não está em Porto Alegre, a polícia bateu na porta de sua residência às 6h.
— Estou absolutamente surpreso com isso tudo. O meu escritório deve estar fechado ainda, mas entraram na minha casa. Levaram uma arma de caça italiana da minha casa. Uma Bernardelli, de 1940, que herdei do meu avô. Não estou em Porto Alegre, mas quem estava em casa levou um susto — afirmou em entrevista à GaúchaZH.
A investigação apura a ocorrência de crimes de apropriação indébita, estelionato, organização criminosa, falsidade documental e lavagem de dinheiro durante 2015 e 2016. Para Piffero, o fato de o MP também estar investigando é positivo:
— Estou cada vez mais chateado, mas tem espaço para mais ainda. Acho ótimo que o MP esteja investigando, pois, no Inter, será um julgamento político. Não importa o que se diga, o que se faça, a decisão no Inter já foi tomada. E está toda errada. No MP, na Justiça, são os lugares aos quais sempre esperei para ter certeza que vou provar a minha inocência — declarou.
Segundo o MP, a principal fonte de fraudes e desvios patrocinados contra o Inter ocorreu por meio da retirada de valores em espécie da tesouraria por Pedro Affatato, vice de finanças à época. De acordo com ele, os valores foram utilizados para o pagamento de obras para empresas de construção civil e prestação de serviços. Foram cerca de R$ 10 milhões entre fevereiro de 2015 e fevereiro de 2016. Ato que, segundo Piffero, não tinha seu conhecimento.
— É lamentável. Me dediquei de corpo e alma ao Internacional e estar sendo tratado desta maneira pelo Inter é um absurdo. Quero que provem qualquer ato da minha gestão que eu tenha praticado e que tenha sido desabonador. Espero que o MP me chame logo. Porque se eu for depender apenas da minha defesa no Inter, sei que não tenho a menor chance. Estou aqui para esclarecer tudo, espero ser chamado pelo MP — esclareceu.
GZH ainda tenta contato com os demais envolvidos na operação do MP. Os mandados são cumpridos em residências e sedes de empresas de Porto Alegre, Eldorado do Sul e Viamão. Além de Piffero e Affatato, Alexandre Limeira, Emídio Marques Ferreira, Marcelo de Freitas e Castro e Carlos Pellegrini também são investigados.
— No meu depoimento tem uma frase: não existe indício contra a minha pessoa. Em mais de cinco mil páginas, de forma alguma, mas a conclusão do Inter é que, independentemente disso, eu tinha que saber. É um absurdo. Estou cada vez mais chateado, mas tem muito espaço ainda. Como você se sentiria se fosse acusado de algo que não fez? Péssimo, né? É como me sinto. Que isso tudo vá logo ao MP para que eu possa me defender — finalizou.