Na caça ao líder Palmeiras, o Inter abre as portas do Beira-Rio para um adversário direto na briga pelo título do Brasileirão, no domingo (14), às 16h: o São Paulo. Uma das surpresas na competição, o time paulista iniciou o ano desacreditado e chegou a terminar o primeiro turno com a melhor campanha do campeonato. Um dos segredos do sucesso é o treinador Diego Aguirre, uruguaio com passagens pelo Colorado como jogador, nos anos 1980, e como treinador, em 2015, quando foi semifinalista da Libertadores.
A reportagem listou três motivos de por que Diego Aguirre deve ser temido. Confira:
1) Contra-ataque letal
Com Diego Aguirre, o contra-ataque tornou-se a principal arma do São Paulo. Em seus melhores momentos no Brasileirão, seu time foi letal ao jogar sem a bola, esperar o adversário e, depois, sair em velocidade e de forma aguda e agressiva rumo ao gol.
2) Imprevisibilidade da equipe
Assim como nos tempos de Inter, Aguirre é um técnico imprevisível. Não há como saber qual será sua estratégia ou qual será o substituto escolhido quando há algum desfalque. Em vários momentos no campeonato, esse fator surpresa beneficiou o São Paulo.
3) Diego Souza artilheiro
Diego Souza é um dos exemplos do trabalho de gestão de grupo feito por Aguirre. Contratado ao Sport no início do ano, por R$ 10 milhões, o jogador chegou a ser vaiado e até virou reserva de luxo no primeiro semestre. Depois de Diego quase voltar ao Vasco, o técnico uruguaio o chamou para uma conversa franca. Desde então, o agora centroavante melhorou de rendimento, virou titular absoluto e goleador da equipe no Brasileirão, com 10 gols.
Um time imprevisível e letal no contra-ataque. Estas são as principais características que marcam o São Paulo, de Diego Aguirre. Pelo menos foi assim nos melhores momentos da equipe no Brasileirão. Apesar da oscilação e dos quatro jogos sem vitória, a meta do São Paulo é usar o jogo contra o Inter como um divisor de águas para retomar a briga pela liderança.
É verdade, no entanto, que o momento do São Paulo é de forte turbulência. Após alcançar a primeira colocação e sonhar com o título, a equipe está há mais de um mês sem vencer. A última vitória foi no dia 8 de setembro, um suado 1 a 0 no Bahia em um Morumbi lotado. De lá para cá, foram três empates, contra Santos, América-MG e Botafogo, e uma derrota, 2 a 0 no clássico com o Palmeiras. Porém, mesmo com três pontos nos últimos 12, sobram razões para o Inter temer o adversário deste domingo, no Beira-Rio.
— O grande ponto forte do São Paulo com Aguirre é a identidade que trouxe à equipe, algo que era buscado desde o início do ano. O time briga por todas as bolas e é muito forte na defesa. Ele construiu a equipe de trás para frente e, dessa maneira, fez boa campanha no Brasileirão, muito diferente do que era esperado. Aliás, o São Paulo vê esse jogo contra o Inter como uma decisão. Perder seria uma espécie de pá de cal. Mas, se ganhar, as esperanças se renovarão — avalia o repórter Marcelo Hazan, setorista do São Paulo para o site globoesporte.com.
Uma das principais características nesta identidade criada por Aguirre é o contra-ataque. Quando virou líder do Brasileirão, várias vitórias foram construídas dessa forma. Como o Inter deve propor o jogo no Beira-Rio, é mais um ponto com o qual os colorados devem ter atenção.
—O São Paulo deve usar uma tática que deu certo em jogos passados, que é o contra-ataque. Os melhores momentos do São Paulo no Brasileirão foram quando esperou o adversário, se defendeu bem e saiu rapidamente. Depois disso, os rivais entenderam isso. Passaram a se defender e a deixar o São Paulo com a bola. Tendo que propor o jogo, não deu muito certo —observa o repórter da Rádio Globo Roberto Lioi.
No Inter, Aguirre notabilizou-se pelo rodízio de jogadores e também por ser imprevisível na escalação. No São Paulo, não é diferente. Quando há desfalques, como agora, quando ficou sem Everton, lesionado, não existe padrão de substituição. A estratégia do uruguaio é ser surpreendente sempre.
— Contra o Corinthians, também não tinha o Everton e escalou o (lateral-esquerdo) Edmar, adiantando o Reinaldo (também lateral). O time venceu por 3 a 1, com três gols do Reinaldo. Contra a Chapecoense, usou time misto e venceu por 2 a 0. A imprevisibilidade é o maior temor que os colorados devem ter —opina o repórter Eduardo Affonso, da ESPN.
Outro motivo de cuidado para os colorados chama-se Diego Souza. Uma das contratações mais badaladas da temporada, foi bastante cobrado no primeiro semestre, pelo alto valor investido na sua contratação – o São Paulo pagou R$ 10 milhões ao Sport. Chegou a ser vaiado e a perder o lugar no time. Até uma transferência para o Vasco foi cogitada. Porém, Diego Aguirre teve uma conversa com o atacante que mudou a vida dele no Morumbi.
— O Aguirre foi homem comigo —valorizou Diego na ocasião.
O fato é que, depois da conversa, o agora centroavante deslanchou. Hoje, é titular absoluto, goleador do São Paulo no Brasileirão, com 10 gols, e peça-chave no esquema.
—O Inter deve temer Diego Souza, que marcou três dos últimos quatro gols do São Paulo e é o artilheiro do time. Com Everton fora, é o atacante mais lúcido do São Paulo. Diego é o maior perigo que o Inter pode encontrar —alerta Lioi.