O Inter terá pela frente neste domingo (23), às 16h, na suntuosa Arena Itaquera, diante do Corinthians, de responder a um enigma: a 13 rodadas do final do Campeonato Brasileiro, a equipe é definitivamente postulante ao título ou o tropeço de Chapecó prenuncia um time que apenas tentará manter a vaga direta à Libertadores?
Vencer o clássico Gre-Nal colocou o Inter na liderança do Brasileirão e o destino emprestou ao clube a chance de abrir frente sobre o São Paulo - que havia empatado com o Santos. Pois um Inter dominado pela Chapecoense, até então integrante do Z-4, perdeu de virada - com requintes de crueldade, desperdiçando pênalti já nos acréscimos. Um péssimo sinal para um clube que precisa retornar aos grandes títulos depois de chegar ao fundo do poço, e uma vez que sequer a Série B foi conquistada.
E problemas não faltam para que Odair Hellmann remonte o seus sistema defensivo. Rodrigo Moledo está fora por pelo menos três semanas. A lesão muscular na coxa esquerda pode deixá-lo até um mês no estaleiro. Víctor Cuesta está suspenso, por expulsão, e quando voltar, seguirá pendurado com dois cartões amarelos. Uma zaga que jamais atuou junto vai a campo em Itaquera. Klaus é uma certeza, para atuar ao lado de Emerson Santos - que não conseguiu participar dos dois principais treinos da semana, devido a uma pancada no joelho direito - ou do lateral Fabiano, um zagueiro de origem, que acabou migrando para outra função. E o jogo com o São Paulo no Beira-Rio se avizinha. Problemas para quem baseia boa parte de seu sucesso no campeonato na solidez do sistema defensivo.
– O Fabiano jogou muitos anos ali (na zaga). Foi zagueiro e só depois foi para a lateral. Está há bastante tempo sem jogar, mas conhece a função e, se por acaso tiver que jogar, vai desempenhar muito bem – disse Odair Hellmann. – O nosso conceito de marcação é em relação ao espaço, por zona, dentro do setor, agressiva. O conceito está bem estabelecido. O que muda é a estratégia. Mas são conceitos de jogo, independente de onde inicia (a marcação), pode iniciar baixa e estourar no pé do goleiro. A gente usa no treinamento para deixar a equipe preparada para esse tipo de marcação – completou o treinador, apostando alto no sistema de jogo e no grupo colorado.
Klaus foi titular do Inter durante boa parte da Série B. Contratado ao Juventude, a pedido do primeiro treinador do Inter em 2017, Antônio Carlos Zago, o zagueiro de Dois Irmãos formou uma boa dupla com o recém-chegado Víctor Cuesta. Curiosamente, deixou o time e perdeu boa parte do ano após uma partida contra o Juventude, quando fraturou o punho esquerdo. Sem Klaus, um verdadeiro rodízio teve início ao lado de Cuesta. Passaram por ali Ernando, Thales, Léo Ortiz e Danilo Silva.
Após perder para a Chapecoense, o Inter precisa de uma reabilitação urgente no Campeonato Brasileiro.
– A gente não costuma fazer dois jogos ruins – avisa o atacante William Pottker. – A partir do momento que você assume o protagonismo, cada rodada é um desafio. Isso se encaminha dentro do que a gente vem falando de jogar todo o jogo como se fosse o último. Faltou um pouco nesse último (contra a Chapecoense), mas temos a oportunidade de reverter. Uma grande vitória contra o Corinthians levantará nossa moral. A gente sabe da dificuldade de jogar lá, mas vamos para fazer grande jogo – completou o camisa 99.
Problemas na defesa à parte, Odair ao menos terá o retorno de Nico López ao ataque. Ele deixou a partida em Chapecó devido a dores no joelho esquerdo, mas, recuperado, começará o clássico com o Corinthians.
– Ninguém gosta de perder. Foi uma derrota dura, porque se a gente ganhasse, ficava sozinho (na liderança). Perdemos fora de casa para o América-MG, mas a gente soube se comportar. Passamos 10 jogos sem perder. Tomara que seja a mesma coisa. Vamos buscar os três pontos que deixamos em Chapecó. Vai ser um grande jogo, muito difícil. Vamos tentar fazer um grande jogo e tentar melhorar – afirmou Nico.
Há otimismo no Beira-Rio. O vestiário colorado entende que pode dar uma resposta imediata, mesmo diante do Corinthians.
- É jogo a jogo. É sangue no olho. É o que nos trouxe até aqui. A nossa campanha é excelente até agora. Faltam 13 jogos. Muita coisa pela frente. O que não vai mudar nosso comportamento em nada. Independente do resultado de domingo. Jogamos em qualquer lugar, contra qualquer adversário. Isso, nós resgatamos. Eu sinto nas ruas, o resgate da honra, que saber que o time vai a qualquer lugar e enfrenta os adversários de frente. A confiança, o respeito, foram resgatados. Olho para o Corinthians e me determino tudo que puder fazer – comentou um empolgado Odair. – Fico feliz de estar aqui há 10 meses, mas não quero que esses 10 meses não tenham continuidade. Quero fechar o ano fazendo um grande trabalho, e que o torcedor tenha orgulho, que os jogadores e a direção possamos ter orgulho do trabalho que fizemos durante o ano – finalizou.
O Corinthians que perdeu para o Inter por 2 a 1 no Beira-Rio, no primeiro turno, está um tanto diferente. Agora sob comando de Jair Ventura, a equipe faz uma campanha modesta no Brasileirão, e está 16 pontos atrás dos colorados. Ainda que tenha o foco difuso entre o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil - onde na quarta-feira decidirá a vaga contra o Flamengo -, a equipe paulista conta com uma vitória diante do Inter. Afinal, o clássico dos anos 70 se transformou em bronca histórica a partir de 2005. O Inter terá pela frente um domingo que poderá definir o seu futuro em 2018. Há um enigma a ser desvendado.