De férias extraoficiais devido ao terceiro cartão amarelo recebido contra o Fluminense, D'Alessandro amarga uma temporada sem brilho. As contusões na mão, as constantes dores no ombro e a hérnia de disco prejudicaram sua sequência. O argentino nem de longe foi a referência técnica que o torcedor do Inter se acostumou a ver desde 2008, quando desembarcou em Porto Alegre como a maior contratação da história do futebol gaúcho.
O primeiro semestre e as atuações de destaque na Libertadores - a principal delas contra o Atlético-MG, no Beira-Rio, pelas oitavas de final - minimizam o resultado final na temporada. No restante de 2015, principalmente no Brasileirão, o meia ficou devendo. A falta de gols (foram apenas cinco no ano, nenhum no Brasileirão) e a ausência entre os melhores da competição denunciam a fase sem expressão.
- D'Alessandro não se deu conta, mas perdeu o protagonismo no time do Inter. Ainda é o capitão, referência, mas o nome da temporada do Inter é Valdívia. O argentino sentiu o baque. Em campo, não se comportou como líder. Jogou pouco. Em campo afrontou os árbitros na falta de futebol. Quando o time mais precisava dele, recuou. Sua postura intriga. Incomoda quem o achava indispensável. Aliás, algo que ele nunca foi em 2015 - resume o colunista de Zero Hora, Luiz Zini Pires.
Na comparação com anos anteriores, somente os números do Brasileirão de 2012 se aproximam aos de agora. Naquele ano, em meio a lesões musculares, o argentino esteve em campo em apenas 21 jogos. Marcou um gol e fez cinco assistências. Pouco para quem, dois anos antes, havia sido considerado o melhor jogador da América. Ao menos fora do campo, manteve-se longe de confusões. Também em 2012, ao lado de Bolívar, D'Alessandro foi o pivô do desentendimento entre o vestiário e o técnico Fernandão, no episódio da zona de conforto. O capitão do mundial acabou demitido. E a vida seguiu no Beira-Rio.
- Há a necessidade de se encontrar uma nova liderança no Inter. Não apenas técnica. Mas de vestiário - disse uma pessoa ligada ao departamento de futebol.
No Beira-Rio, o futuro de D'Alessandro é incerto. Maior salário do clube - recebe mais de R$ 600 mil mensais - o argentino tem contrato até o final de 2017. Há sondagens do mundo árabe para levá-lo da Capital. O diário argentino Olé também noticiou, há cerca de uma semana, o interesse do San Lorenzo em repatriar o camisa 10.
No meio do ano, logo depois da eliminação na Libertadores, da demissão de Diego Aguirre e do vexame no Gre-Nal da Arena, soube-se que Abel Braga teria interesse em se reunir mais uma vez com seu capitão. A amigos, o argentino confidenciou que o interesse lhe seduziu. Gostaria de novos ares e de menor responsabilidade. No Inter, teria dito D'Alessandro, tudo de ruim que acontece passaria por suas mãos.
- Pega o time do Inter como um todo nesta temporada. Quem está rendendo? O Valdívia, o Alisson, o Dourado. Quem mais? Falta para ajudar o D'Alessandro um lateral que passe rápido pelo fundo, um meia que jogue do lado dele para dar opções para ele se sobressair, te dar o retorno que ele é capaz de dar, como passe qualificado, assistências, chute de fora da área. Coloca ele na direita e cria situações para ele colocar os companheiros na cara do gol - diz o comentarista da Fox Sports, Mário Sérgio.
Os números de D'Alessandro nos últimos Brasileiros:
Brasileirão 2015
15 jogos
- gols marcados
Três assistências
552 passes certos
Sete desarmes
Seis cartões amarelos
- cartões vermelhos
Brasileirão 2014
33 jogos
Seis gols marcados
Nove assistências
1416 passes certos
24 desarmes
Seis cartões amarelos
- cartões vermelhos
Brasileirão 2013
35 jogos
11 gols marcados
Nove assistências
1585 passes certos
32 desarmes
Oito cartões amarelos
- cartões vermelhos
Brasileirão 2012
21 jogos
Um gol marcado
Cinco assistências
883 passes certos
12 desarmes
Oito cartões amarelos
Dois cartões vermelhos
Brasileirão 2011
30 jogos
Nove gols marcados
- assistências
1280 passes certos
14 desarmes
13 cartões amarelos
Um cartão vermelho
Em fotos, veja o ano de D'Alessandro: