– Não duvido nunca dele. Quando ele quer, é muito bom – avisa Diego Simeone.
O relato do técnico argentino do Atlético de Madrid serve de alerta para quem desconfiava do encaixe de Diego Costa, 35 anos, no Grêmio. O ex-comandante do centroavante falou isso após o título brasileiro do Atlético-MG, em entrevista para a TNT, mas as palavras valem até hoje.
O reforço desembarcou com a desconfiança da torcida e imprensa. Afinal de contas, tinha de substituir “apenas” Luis Suárez. Mas desde sua estreia, são cinco gols em quatro jogos.
A cara de mau, o estilo aguerrido dentro de campo engana quem não tem acesso ao dia a dia do jogador. Diego Costa cumpre no vestiário um papel importante. Mesmo com pouco tempo de casa, ajuda a aliviar o ambiente, carregado pela pressão de jogos e de treinos, com piadas e suas brincadeiras. Aos 35 anos, sendo mais de 10 de Europa, também é exemplo para os mais jovens pelo comprometimento nos cuidados com o corpo e atenção para as tarefas táticas em campo.
Diego Costa é o personagem que embala o Grêmio para a decisão do Gauchão. Essa versão 2024 do centroavante lembra muito a que se viu quando ele vestia as cores do Atlético de Madrid. E poucos conhecem tão bem o novo atacante gremista quanto Simeone. Juntos, conquistaram duas edições de La Liga, uma Liga Europa, três vezes a Supercopa da Europa e uma Copa do Rey. Uma coleção de títulos que os colocaram em evidência no futebol europeu. E levaram a atenção dos brasileiros a conhecer um sergipiano, da cidade de Lagarto, e seu dom de marcar gols.
Quando mais jovem, Diego Costa deixou o país sem atuar em grandes ligas. Saiu do Barcelona Esportivo Capela, de São Paulo, comprado pelo Braga-POR. Foi emprestado ao Penafiel, onde marcou seu primeiro gol como profissional em 2006.
Foi trilhando os caminhos da Europa até a chegada ao estrelato com Simeone no Atlético de Madrid. Inicialmente, foram três temporadas e 64 gols. Uma relação que teve um primeiro fim dramático.
Uma tentativa desesperada de jogar a final da Liga dos Campeões foi um dos momentos citados pelo atacante como seu ponto mais baixo no futebol.
Tratamento
Após sofrer uma lesão muscular contra o Barcelona na última rodada de La Liga, em 2o14, o centroavante viajou à Sérvia para tentar um tratamento com líquido da placenta de égua para acelerar a recuperação.
— É minha pior lembrança. Estive ali, mas por oito minutos. Mudaria para jogar os 90, e não sei se as coisas mudariam ou não. Um dia antes, treinei, dei uma arrancada para forçar. Não queria jogar a final com dúvidas. Era uma final, e precisávamos dos melhores, não podia pensar em mim. Queria ganhar, seria campeão igual aos outros, afirmou.
Ele ainda lamentou em entrevista a veículos espanhóis.
— Fui fazer os tratamentos, e o que me arrependo foi isso, ter feito os tratamentos tão fortes. Por isso comecei a ter mais lesões, depois cheguei na Copa muito mal fisicamente.
Sem o título, que foi vencido pelo Real Madrid na prorrogação por 4 a 1, Diego Costa deixou a Espanha para defender o Chelsea, da Inglaterra, onde jogou por três anos, antes de retornar ao clube de Madrid. Passou nos últimos anos pelo Wolverhampton-ING, Atlético-MG e Botafogo. E foi ele o nome buscado pela direção para fazer o papel de Suárez no time em 2024.
Um início empolgante, com gols, brincadeiras e exemplo positivo no vestiário.