O retorno de jogadores do departamento médico mexerá as peças no tabuleiro da escalação do Grêmio. Um dos componentes da estrutura que certamente será reposicionado é Bitello. O melhor jogador das últimas duas edições do Gauchão virou a resposta para suprir as ausências do meio de campo tricolor. A versatilidade do jogador virou uma das armas preferidas de Renato Portaluppi para solucionar os problemas da escalação do time, principalmente por conta do acúmulo de lesões.
Atuando como meia central, ponta e volante, o jovem de 23 anos passou por todas as funções do setor em 2023. E dependendo das peças à disposição, e talvez até a situação da partida, voltará a ser reposicionado neste domingo (7), contra o Bragantino.
Por conta das muitas lesões, Bitello virou o curinga de Renato na escalação. Após terminar 2022 como volante, começou a temporada como meia central. Na função, foi um dos destaques da promissora largada de ano na goleada sobre o São Luiz e na vitória sobre o Caxias. Técnico do São Luiz na Recopa Gaúcha, William Campos entende que o rendimento do meio-campista reflete as necessidades da posição em que o jogador é escalado.
— O Renato tem feito isso pelas características do Bitello. Aparece menos por ter que marcar quando é escalado como volante. Não tem como aparecer tanto quanto quando ele joga mais na frente. Não vejo uma queda de rendimento, é mais uma questão de ter uma preocupação maior em defender. Não tem como chegar à frente. É uma peça importante. Dá essas caracterísitcas de jogar em mais de uma função. É um jogador diferente por isso. São muitos jogos em sequência. Eventualmente vem essa queda de rendimento — avalia William.
A estreia de Cristaldo forçou a primeira mudança no posicionamento de Bitello. Do centro do campo, passou a atuar pelo lado direito, simulando a função exercida por Everton Ribeiro no Flamengo. As lesões de Pepê, Villasanti e Carballo o devolveram ao papel de marcador. A mexida aconteceu simultaneamente com a queda de rendimento ofensivo da equipe nos últimos jogos. A média de gols por partida com Bitello como volante é de 1,4. Com o jogador na linha de meias, o número sobe para 1,94 (a maioria das partidas foi pelo Gauchão).
Ex-técnico do jogador na base do Grêmio, César Lopes aponta que o debate sobre o aproveitamento de Bitello como volante ou meia é mais influenciado pelas estatísticas de gol do que sobre o rendimento.
— Acredito que são duas situações. Existe a posição e a função. Pode exercer a mesma posição com função diferente. Ele mais atrás precisa organizar mais a saída da defesa. Ele coloca os outros para trabalhar. Quando ele joga mais adiantado, fica mais próximo do gol e acaba aparecendo mais. O que muda é o que ele entrega para a equipe. É mais construtor quando é recuado e mais definidor quando joga avançado — comenta.
Em entrevista após a classificação sobre o ABC, Renato afirmou que tem uma posição preferida para Bitello. E que será possível voltar a escalar o jogador na função com o retorno de volantes que se recuperam de lesão.
— Infelizmente, temos jogadores entregues ao departamento médico. Aí, preciso movimentar o Bitello. Gosto que ele jogue na frente. Muita gente achou que ele não podia jogar ali. Quando tivermos mais opções, todos voltarão para as suas posições - afirmou.
O teste de quarta-feira (3), no CT Luiz Carvalho, deu indícios da possibilidade de reforços para Renato. Setor mais afetado pelas lesões, o meio de campo deve ter o retorno de Pepê. O ex-jogador do Cuiabá participou do primeiro tempo do jogo-treino contra o Aimoré. Mas apesar de jogar como volante desde sua chegada a Porto Alegre, Pepê foi observado nesta quarta como meia central. Foi nessa função sua última partida, quando sentiu o problema muscular contra o Ypiranga, na partida de ida das semifinais do Gauchão. Villasanti e Carballo ainda serão desfalque, mas também estão avançando na recuperação e devem retornar ao time nas próximas semanas.