Não fosse a chegada de Suárez, Bitello seria a grande atração deste início de temporada do Grêmio. O jogador de 23 anos apareceu como meia nas primeiras escalações do técnico Renato Portaluppi e deu boa resposta: marcou duas vezes e deu uma assistência, mostrando que a briga pela função de camisa 10 com Franco Cristaldo está em aberto. Após se destacar como volante no ano passado, o camisa 29 está de volta às suas origens ao jogar mais próximo dos atacantes.
Revelado pelas categorias de base do Cascavel, Bitello foi contratado pelo Grêmio em 2018. O jovem entrou no radar gremista pelo seu desempenho no Campeonato Paranaense sub-19. Com a camisa 10 da equipe, marcou 11 gols em 12 partidas. Como na época os volantes construtores de Renato estavam em alta, o então técnico do time sub-20, César Lopes, aproveitou o paranaense como um dos marcadores da equipe na base.
A utilização como meia no Grêmio também não é novidade. Apesar do destaque de Bitello no Gauchão mais próximo dos atacantes, em um esquema com um tripé de meio-campistas, Roger Machado era questionado com frequência sobre o posicionamento do jogador. O ex-técnico gremista costumava rebater quando o paranaense era chamado de volante.
No ano passado, após Bitello ser escalado como meia central no empate contra o Cruzeiro na Arena, Roger disse que o jovem dava ao time a dinâmica necessária para articular as jogadas de ataque.
— Bitello fez tudo que um meia precisa: articulou, finalizou de fora da área, marcou e entrou na área para definir as jogadas — afirmou o então treinador.
A adaptação ao estilo de jogo de Renato foi testada desde os primeiros momentos da pré-temporada. Como a tendência era de que Cristaldo não teria condições de estrear contra o São Luiz, Bitello ganhou a oportunidade no jogo-treino contra o Novo Hamburgo. Segundo o técnico Luiz Gabardo, da equipe do Vale do Sinos, o jovem está demonstrando evolução na função:
— Foi muito bem. Flutua bastante. Cria muita superioridade numérica nos três corredores, sempre como opção de passe e apoio. É um guri muito inteligente. Melhorou muito na questão de pisar na área, chega mais ao ataque. E aproveita bem as oportunidades por finalizar bem.
Adversário do Grêmio na Recopa Gaúcha, William Campos apontou quais as dificuldades que Bitello gera ao adversário como meia.
— É um jogador que tem pisado na área como elemento surpresa, e de forma inteligente e que me parece treinada, ataca as janelas que o extrema consegue com a movimentação. Infiltra e buscar a finalização ou o passe. Faz bastante o movimento de ir na última linha do adversário, mas também flutuar entre as linhas, e com qualidade pra jogar — disse o técnico do São Luiz.
Discreto em sua rotina fora dos jogos e treinos, Bitello responde que não tem preferência por uma posição. Está confortável como meia, como também se sente bem quando joga mais recuado. E as orientações dada por Renato casam com suas características.
Um ponto que também é observado é a valorização natural por Bitello jogar em uma posição mais ofensiva. A avaliação de pessoas que trabalham com o jogador é de que, com a manutenção deste nível de atuações, a situação para uma eventual negociação muda de patamar. Até o início de 2023, a ideia era de que mercados secundários do Exterior seriam o destino mais provável. Mas, com a afirmação como meia e com a visibilidade pela parceria com Luis Suárez, é esperado que ligas mais competitivas também tenham interessados.