O Grêmio foi campeão da Recopa Gaúcha graças a Suárez. Foram três gols contra o São Luiz. O Grêmio chegou à decisão do Gauchão graças a Suárez. Foram dele tantos gols decisivos na primeira fase e o da partida de ida da semifinal, em Erechim. O Grêmio foi campeão gaúcho, o sexto título estadual seguido, graças a Suárez. Foi ele quem sofreu e converteu o pênalti que garantiu o 1 a 0 sobre o Caxias, diante de mais de 51 mil pessoas na Arena, no sábado (8). E o Grêmio terá, na próxima semana, 100 mil sócios. Muitos deles, graças a Suárez.
Toda a badalação de sua contratação, todos os olhares que atrai para si — do supermercado em Eldorado do Sul ao Lago Negro de Gramado, tudo é monitorado por torcedores enlouquecidos e ávidos por postagens nas redes sociais — foi justificada neste sábado. Mais uma vez. Na hora da decisão, Suárez sobra. Em 17 finais, 16 gols. O 16º valeu seu 14º troféu. Luisito é campeão no Uruguai, na Espanha, na Holanda, na Inglaterra e, agora, no Rio Grande do Sul.
Para ter Suárez, o Grêmio fez um projeto que envolveu até uma co-participação salarial. Com mais três parceiros, o clube paga seus vencimentos. Ele faz bastante para justificar em campo o investimento milionário de um clube que recém retornou à Série A. Das participações nas jogadas às reclamações, está sempre ligado.
E até perdeu gols. Teve uma chance clara, que desperdiçou. Depois tentou outras duas vezes. Até o lance decisivo.
Suárez foi seguro pela camisa na área, em um lance em que fez o pivô para um chute raspando a trave de Vina. Eram 16 minutos do segundo tempo de uma decisão encardida, diante de um Caxias aguerrido e atento. Precisou de mais três para que Leandro Vuaden fosse acionado pelo árbitro de vídeo, revisasse o lance na tela e voltasse sinalizando o pênalti.
Quem bateria? O jogador que perdeu as duas cobranças que tentou no tempo normal? Se não fosse Luis Suárez, talvez houvesse dúvida. Um centroavante de 538 gols na carreira, uma das maiores figuras do futebol mundial, jamais se furtaria de assumir essa responsabilidade.
Foi aos 19 minutos que, enfim, Suárez foi autorizado para correr em direção à bola. Com o lado de dentro do pé direito, com o pé esquerdo ao lado, mudou o lado na comparação com as cobranças anteriores. Repetiu, na verdade, a que havia feito contra o Ypiranga, no pênalti que bateu na série. Firme, a menos de meio metro do chão, cruzado. Bruno Ferreira caiu para o lado certo. Mas a bola deu na bochecha da rede. Com aquela força, aquela velocidade, aquela direção, não tem goleiro que pegue. Pela 539ª vez na carreira, Suárez mandou o adversário buscar a bola nas redes.
No meio da comemoração, foi possível notar outra característica do camisa 9. Um jogador do tamanho de Suárez nem precisa de muito tempo para entender o contexto onde está. Ele mesmo já havia pedido que não levasse em conta, para efeitos de premiação, sua participação no Gauchão (à exceção do Gre-Nal, claro). Por isso, declarou, ainda na volta olímpica:
— É uma ótima maneira de começar o ano. Tem de ter ambição, e essa foi minha mentalidade para vir ao Grêmio, voltar à Série A. Foi muito bom esse título para ganhar confiança.
Sim, para Suárez, o ano começa agora. Tem fases mais quentes da Copa do Brasil e 38 rodadas do Brasileirão no horizonte. Um desafio extra para o quinto maior goleador em atividade no planeta. E que, entre outras tantas conquistas, pode incluir: foi, também, campeão gaúcho.