O Grêmio informou nesta terça-feira (13) que Lucas Leiva está afastado dos treinamento de pré-temporada devido a problemas cardíacos. O jogador apresentou "um quadro de alteração do ritmo cardíaco" nos exames de rotina feitos pelo departamento médico gremista e, a partir de agora, será submetido a novos exames.
O diagnóstico do volante de 35 anos é de acinesia, uma condição que impede o funcionamento correto da musculatura do coração. Sem a movimentação correta do órgão, o sangue não é bombeado de forma necessária para abastecer todo o corpo. Até o momento, não há definição de tratamento, da necessidade de intervenção cirúrgica ou se ele seguirá com sua carreira de jogador de futebol.
Existem vários exemplos de jogadores no futebol brasileiro e mundial que tiveram problemas cardíacos. Alguns conseguiram voltar a jogar, como Washington "Coração Valente" e Christian Eriksen, que disputou a Copa do Mundo de 2022 pela Dinamarca. Enquanto outros tiveram que abandonar a carreira. Há também os exemplos de atletas que não descobriram os problemas em tempo e acabaram falecendo.
Relembre os jogadores que passaram por problemas cardíacos
Durante a Eurocopa de 2020 (disputada em 2021), o meio-campista Christian Eriksen caiu desacordado durante a partida diante da Finlândia, devido a um infarto fulminante, conhecido como "mal súbito". O jogador precisou receber uma massagem cardíaca durante o atendimento, ainda no campo, e no hospital precisou implantar um CDI (Cardioversor Desfibrilador Implantável). O dinamarquês voltou aos gramados em fevereiro de 2022, oito meses após o incidente, e ainda disputou a Copa do Mundo do Catar.
Um dos principais atacantes argentinos e do futebol mundial, Aguero abandonou os gramados no fim de 2021. Isso, após ter acusado dores no tórax e no pescoço, ao sair de campo em uma partida pelo campeonato espanhol, quando defendia o Barcelona, em outubro do ano passado. O atleta passou por um exame onde foi diagnosticada uma arritmia cardíaca. Por conta dos riscos a sua saúde, o atleta decidiu por se aposentar, aos 33 anos, duas semanas após o diagnóstico.
Histórico goleiro do Real Madrid e campeão mundial com a seleção da Espanha, Casillas também precisou abreviar sua carreira por conta de problemas no coração. Em 2019, quando atuava pelo Porto, o atleta sofreu um infarto durante um trenamento e precisou passar por cirurgia. De acordo com a nota oficial publicada na época pelo clube português, Casillas teve um infarto do miocárdio e precisou fazer um cateterismo cardíaco. O espanhol anunciou a aposentadoria um ano após o incidente, em agosto de 2020.
- Doni Marangon
Com passagens por Corinthians, Santos, Cruzeiro e Juventude, o goleiro Doni foi contratado pela Roma da Itália. No futebol europeu, ganhou destaque e chamou a atenção do técnico Dunga, que comandava a Seleção Brasileira. Inclusive, mesmo sem atuar muito no clube italiano, após desobedecer uma ordem dos italianos e servir ao Brasil em amistosos, o jogador foi para a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Já no Liverpool, em 2011, o jogador passou a sofrer com problemas cardíacos, descobertos ainda em 2004. Após uma parada cardíaca que, segundo relatos do próprio Doni, deixou seu coração sem bater por 25 segundos, o goleiro foi aconselhado a se aposentar. Em 2013, rescindiu contrato com o clube inglês e voltou ao Brasil, porém, nunca mais jogou futebol e pendurou as luvas em agosto do mesmo ano.
"Coração Valente", como ficou conhecido no meio do futebol, Washington é o recordista de gols em uma mesma edição do Campeonato Brasileiro: 39 marcados com a camisa do Athletico-PR em 2004. Antes disso, o jogador passou por um drama na sua carreira. Enquanto vestia a camisa do Fenerbahçe, da Turquia, sentiu dores no peito e foi direto ao hospital. Lá, recebeu o diagnóstico de um pré-infarto, e foi submetido a um cateterismo e uma angioplastia.
Com o contrato suspenso com os turcos, Washington retornou ao Brasil, onde começou a treinar no Athletico-PR até voltar aos gramados em 2004. Washington terminou sua carreira em 2011, vestindo a camisa do Fluminense.
- Adílson Warken
Revelado pelo Grêmio, Adílson é mais um jogador que precisou abandonar a carreira por conta de problemas cardíacos. Em 2019, o atleta, que na época tinha 32 anos, anunciou em entrevista coletiva que estava abandonando os gramados após descobrir problemas cardíacos.
Além do Tricolor, o volante também atuou pelo Terek Grozny, da Rússia, e estava no Atlético-MG quando anunciou a sua aposentadoria. O atleta teve uma cardiomiopatia diagnosticada pelo departamento médico do Galo.
- Everton Costa
Campeão da América com o Inter em 2010, Everton Costa teve sua carreira interrompida em 2014, quando defendia o Vasco da Gama. Em partida válida pela Copa do Brasil, diante do Resende, o atacante foi substituído após sofrer uma pancada na cabeça e, em seguida, passou mal no banco de reservas. O atleta nem viu o gol de Douglas que classificou a equipe carioca. Precisou ir às pressas para o hospital onde, de acordo com ele, teve uma morte súbita e precisou ser reanimado.
O jogador teve uma arritmia cardíaca causada pela inflamação do músculo do coração. Ele não sabia, mas era portador de doença de Chagas, uma patologia crônica (que pode durar a vida inteira) causada pela picada de um inseto (o barbeiro) ou pela ingestão de alimentos contaminados com as fezes do parasita. O jogador até tentou retornar aos gramados, treinou o restante da temporada no Vasco e se transferiu para o Coritiba. No clube paranaense, passou por novos exames e anunciou sua aposentadoria em fevereiro de 2015.
- Marc-Vivien Foé
Em 2003, durante a Copa das Confederações, o jogador camaronês caiu desacordado em meio a partida válida pela semifinal do torneio, diante da Colômbia. O atacante de 28 anos foi atendido no gramado e retirado de campo pelos médicos. Após 45 minutos de tentativas para reanimar o atleta, sua morte foi confirmada. Tempos depois, foi revelado que o atleta sofria de cardiomiopatia hipertrófica, uma rara condição hereditária, que afeta menos de 0,2% da população mundial.
- Serginho
A morte de Paulo Sérgio Oliveira da Silva, o Serginho, talvez seja o caso mais famoso e triste do futebol brasileiro. Aos 30 anos, o zagueiro morreu no gramado do Estádio do Morumbi em decorrência de uma parada cardíaca, em outubro de 2004. O jogador do São Caetano foi atendido no gramado, mas não resistiu e faleceu ainda dentro das quatro linhas.
Após investigações, foi revelado que o atleta havia sido diagnosticado, pelo departamento médico do clube paulista, com uma arritmia leve no coração, o que não impediria que ele continuasse atuando. Entretanto, o laudo apontou que o que levou Serginho à morte foi uma hipertrofia miocárdica, não diagnosticada nos exames de pré-temporada. Com isso, foi constatado que a doença surgiu após os exames feitos pelo clube.
- Emerson
Volante do Grêmio em 2004, o jogador foi afastado do elenco após ter sido diagnosticado com problemas no coração. Na época, o médico do clube, Evandro Krebs, convocou uma entrevista coletiva para comunicar o afastamento do jogador para avaliações complementares.
O caso aconteceu menos de um mês após a morte de Serginho, do São Caetano. A situação acabou na justiça e Emerson nunca parou de jogar. Inclusive, após a dispensa do Grêmio, retornou ao clube para a temporada de 2007, finalizando as brigas judiciais.