Escolhido para conduzir o processo de recuperação do Grêmio após o rebaixamento no Brasileirão, Vagner Mancini inicia nesta semana sua segunda pré-temporada no clube. Contratado em 2008, como sucessor de Mano Menezes, Mancini terá novamente um grupo de jogadores sem muitos investimentos. Em sua primeira passagem, a contratação de maior prestígio foi o meia Roger Flores, com a aposta em nomes de menor expressão. A diferença para o momento atual é o conhecimento de boa parte do grupo — e a voz ativa para definir o perfil dos reforços.
Depois de 14 anos daquele conturbado 2008, e com a perspectiva de redução de despesas por conta da queda à Série B, a principal chegada no Grêmio será a do meia Martín Benítez. A expectativa é de que o trabalho da comissão técnica faça evoluir as peças que permaneceram na Arena. Os reforços buscados para o ano de Segunda Divisão são uma mescla de jogadores com mais rodagem, como Bruno Alves e Orejuela, e também de alternativas jovens com potencial de assumirem um lugar entre os titulares, casos de Nicolas e Janderson. Os meninos em disputa da Copa São Paulo e os jogadores que iniciarão o Gauchão também serão observados para possíveis promoções ao grupo principal.
Outra aposta da direção é que o estilo de jogo que o técnico pretende implementar terá um melhor encaixe com as peças atualmente à disposição. O Grêmio deseja ter um time veloz, que marque sob pressão a saída de bola do adversário, e possa jogar com a posse de bola contra adversários fechados.
Como previsto no ano passado, e conduzido sem sucesso, a ideia é mudar o estilo de jogo da equipe. Deixar a marca de um time que troca passes e valoriza a posse de bola introduzida com Roger Machado em 2015 e depois aprimorada nos cinco anos de Renato Portaluppi. A opção da direção é por um time que tenha uma forma de jogo mais vertical, como era o planejado na aposta feita em Tiago Nunes, mas que não dependa tanto da transição em velocidade e bolas longas para o centroavante como queria Felipão.
Essa mudança de estilo é uma das justificativas apontadas para a oscilação com Mancini ao final da última temporada: a constante troca de ideias de jogo ao longo de 2021. Segundo fontes apontaram para GZH, o técnico terá a chance de iniciar um trabalho com a forma de jogar sendo construída com tempo de treinamentos. Na última temporada, pela sequência final de jogos e o desgaste acumulado por conta do calendário adaptado para acomodar os adiamentos causados pela pandemia, não era possível ajustar o time aos conceitos desejados pelo treinador. Enquanto outros times acertavam questões menores, Mancini e sua comissão tinham que aproveitar o pouco tempo disponível para definir situações críticas como a saída de bola. Algo que costuma ser estabelecido nos primeiros dias de treinos de pré-temporada e ajustado ao longo do ano.
Além da Série B pela frente, o ano também é atípico pela ausência de competições continentais. Após seis anos de participação na Libertadores, e da Sul-Americana no ano passado após eliminação na Pré-Libertadores, o time terá apenas competições do calendário brasileiro. Na última vez que não teve jogos fora do Brasil, Felipão era o técnico. Foi em 2015, o primeiro ano da gestão Romildo Bolzan. Na época, a direção promoveu uma profunda reforma no grupo de jogadores e colocou as contas do clube em ordem. Sem investimentos, e com as saídas das principais peças do time como Dudu, Zé Roberto e Barcos, muitos jovens foram promovidos ao grupo principal. Everton, Pedro Rocha e Arthur apareceram pela primeira vez no Gauchão. Maicon foi contratado também durante a competição, mas Felipão acabou demitido nas primeiras rodadas do Brasileirão e Roger Machado fechou a temporada.