A gestão do presidente Romildo Bolzan Júnior no Grêmio, que na eleição de 2019 conseguiu unir os grupos políticos do clube para reelegê-lo por aclamação do Conselho Deliberativo, sem a necessidade de segundo turno, com voto dos sócios, volta a ter oposição. Nesta terça-feira (18), o Movimento Grêmio Independente (MGI) anunciou a retirada do apoio.
"Nossa postura crítica, antes privada, agora será pública, com uma oposição fiscalizadora constante e atuante acerca das ações do clube", destaca trecho da nota divulgada pelo grupo político.
Procurado por GZH, o presidente preferiu não se manifestar sobre a saída do MGI da atual gestão.
O movimento já havia sido oposição a Romildo Bolzan nas eleições de 2014 e 2016. Na primeira, lançou Homero Bellini Júnior como candidato. Na segunda, apoiou Raul Mendes, ambos derrotados no pátio, ou seja, pelo voto dos associados.
Porém, em 2019, o grupo optou por apoiar a gestão e pacificar a política gremista — ainda assim, teve o único conselheiro contrário à manutenção de Romildo como presidente do clube. Desde então, passou a ocupar cadeiras no clube. Atualmente, tinha um cargo de secretário do Conselho de Administração e outro no departamento jurídico.
Conforme integrantes do movimento, o grupo avisou o presidente após as férias que deixaria de apoiar a gestão. Nesta segunda-feira (17), Diego Martignoni e o Márcio Floriano, que ocupavam os cargos no clube, despediram-se de Romildo.
Presidente do MGI, Fábio Floriani afirma que o grupo aguardou o término no Brasileirão e o início da nova temporada para tomar a decisão, mas o rebaixamento do clube e a continuidade na política de futebol, na avaliação do movimento, fizeram com que retirassem o apoio ao presidente. No fim do ano, quando terminará o período de Romildo Bolzan à frente do clube, o MGI deve montar uma chapa para apresentar suas ideias ao torcedor do Grêmio.
— Estamos começando a construir um projeto para apresentar ao torcedor. Será um ano importante, depois de tanto tempo do Romildo na presidência. É uma oportunidade de mudança. Já viemos de eleições em que participamos de forma brava, passamos da cláusula de barreira no Conselho Deliberativo. O MGI quer passar para a torcida essa ideias novas, de profissionalização, um projeto diferente. Se encontrarmos um nome, uma figura que possa representar e estar alinhado com os nosso valores, vamos trabalhar para isso — destaca Floriani.
O Movimento Grêmio Independente conta, atualmente, com 35 conselheiros, sendo um dos principais da política do clube. A saída do MGI da atual gestão indica que, ao final de 2022, novamente haverá uma dura disputa pela presidência do clube para o próximo triênio.
Confira a nota completa divulgada pelo MGI:
"No início de 2019, o Movimento Grêmio Independente foi chamado pelo presidente Romildo Bolzan para apoiá-lo em um terceiro mandato. Naquela oportunidade, entendíamos que era o momento de consolidar as conquistas de governança obtidas pelo clube, tanto de gestão interna quanto no futebol, e evitar que uma disputa eleitoral fratricida interrompesse os avanços que colocaram o Grêmio nos holofotes do futebol nacional.
Durante dois anos, o MGI se manteve fiel ao compromisso firmado, pontuando com críticas necessárias e trazendo contribuições nos poucos espaços internos em que teve voz durante este período. Hoje, temos um clube rebaixado por decisões, erros e omissões conduzidas por um pequeno grupo de pessoas, absolutamente hermético e refratário aos que, como nós, reclamaram providências.
Assim sendo, nosso movimento anuncia oficialmente a retirada do apoio à atual gestão, já previamente comunicada ao presidente. Nossa postura crítica, antes privada, agora será pública, com uma oposição fiscalizadora constante e atuante acerca das ações do clube.
Continuaremos apoiando o Grêmio sempre e estaremos prontos para auxiliar o clube em todos os momentos em que formos demandados. Em paralelo, assumimos o compromisso de trabalhar em projetos, alternativas e soluções a serem apresentadas ao associado gremista, para a oxigenação e reestruturação do clube em momento tão difícil de nossa história."