Correção: o MGI não lançou dois candidatos de oposição a Romildo. Lançou Homero Bellini Júnior em 2014, e apoiou Raul Mendes, em 2016. A informação incorreta permaneceu publicada entre 16h20min de 27/03 e 09h de 28/03.
Desde que Romildo Bolzan Júnior assumiu a gestão tricolor, em 2015, o Grêmio enfileirou títulos dentro de campo e conquistou números expressivos no balanço financeiro. O êxito fez com que um pedido de torcedores pelas redes sociais ganhasse corpo e fosse levado ao Conselho Deliberativo na noite da última terça-feira (26): estender o mandato presidencial para mais três anos. Antes da votação, esperava-se pela unanimidade. Mas um voto contrário chamou atenção em meio aos 224 favoráveis à medida.
— Não é nenhum desagravo ao presidente Romildo. Muito antes pelo contrário. Por mais vitorioso e bem sucedido que seja, é uma questão de conceito, de princípio. Seja para síndico do meu prédio, não gosto de reeleição. Não é um plebiscito sobre a gestão do presidente Romildo até aqui. Não estou votando contra e nem a favor dele. Acho louvável este esforço de se chegar a um consenso no clube, mas não consigo concordar — argumenta André Kruse, conselheiro responsável pelo único voto contrário à medida.
Kruse integra o Movimento Grêmio Independente (MGI), que chegou a fazer oposição nas duas últimas eleições (lançou Homero Bellini Júnior em 2014, e apoiou Raul Mendes, em 2016). No entanto, o grupo deixou de se opor à gestão e, assim como os outros 14 movimentos que compõem o quadro político do clube, consideraram que iriam apoiar a medida nesta terça.
— Como vice-presidente do conselho, ajudei o presidente (Carlos) Biedermann a construir o apoio dos movimentos. O importante disso tudo é que 100% dos movimentos políticos apoiaram a proposta. O MGI foi um dos primeiros movimentos a manifestar o apoio a esta proposta e seus líderes, não sou da diretoria, participaram ativamente dessa construção. O voto do André é pessoal, pelos princípios dele, e, no processo democrático que vivemos atualmente, isso deve ser respeitado. Penso assim. O importante é que todos os movimentos políticos apoiaram e ajudaram a construir a articulação política e o entendimento jurídico sobre o assunto —explica Alexandre Bugin, que pertence ao MGI e atualmente ocupa o cargo de vice-presidente do Conselho Deliberativo.
Contatado pela reportagem, André Kruse se mostrou resignado com a escolha da maioria. Disse que não quer chamar a atenção para si, mas preferiu marcar seu posicionamento.
— É pilar de um processo democrático a alternância de poder. Diante disso, uma reeleição tem que ser vista de forma restrita. Não vejo como dar a interpretação para esse artigo (124-B, que será confirmada após a aprovação dos sócios). Mas, pelo jeito, sou só eu que vejo assim. Acredito que, a longo prazo, não é bom para o Grêmio ficar preso a um só nome. Há uma infinidade de nomes — conclui Kruse.
Entre o final de abril e o começo de maio, os associados serão consultados sobre a mudança no estatuto. Superada esta etapa, será garantida aos atuais dirigentes a possibilidade de seguir no comando da instituição até dezembro de 2022.