Para conseguir ser rebaixado no Campeonato Brasileiro, é preciso cometer erros em abundância. A 17ª colocação do Grêmio na competição representa um grande volume de falhas cometidas durante toda a temporada — problemas dentro e fora de campo, que culminaram na terceira queda para a Segunda Divisão.
GZH apresenta cinco erros que determinaram o rebaixamento gremista.
1) Troca de treinadores
Antes de disputar a final da Copa do Brasil de 2020, em março de 2021, o Grêmio anunciou a renovação de contrato de Renato Portaluppi. A convicção não durou muito tempo. Em abril, clube e treinador romperam uma relação iniciada em 2016.
Emergente no cenário nacional, Tiago Nunes foi escolhido para assumir o time. A alegria pelo título gaúcho cedeu espaço para um início de Brasileirão em que os tropeços se acumularam. Tiago saiu de cena após a nona rodada sem ter conseguido uma única vitória. Ao todo, foram 16 partidas, com oito vitórias, quatro empates e quatro derrotas.
Se a novidade não foi solução, a tentativa seguinte foi apostar na experiência de Luiz Felipe Scolari. Saiu o estilo ofensivo e entrou o "fechar a casinha" de Felipão. A estreia foi com um empate em 0 a 0 com o Inter. No decorrer do trabalho, o campeão da América em 1995 não esteve perto de solucionar as deficiências do time. O trabalho começou a se deteriorar na goleada por 4 a 0 sofrida para o Flamengo, na Copa do Brasil.
Após perder para o Santos, em 10 de outubro, o treinador não resistiu a mais uma derrota. A passagem terminou com 15 jogos, com seis vitórias, três empates e seis derrotas.
A responsabilidade da salvação caiu nas mãos de Vagner Mancini. Eram 14 jogos para tentar manter o clube na elite. Assim como os antecessores, Mancini não conseguiu dar ao time a consistência necessária para evitar o descenso.
2) Contratações que deram errado
A rotina das temporadas anteriores se repetiu. Mais uma série de jogadores chegou à Arena e não entregou o esperado. O principal nome trazido foi o de Douglas Costa. Em meio a juras de amor ao clube, festas de casamento e lesões, o camisa 10 foi apenas sombra daquele jogador convocado para a Copa do Mundo de 2018. Antes dele, as apostas foram em Rafinha e Thiago Santos. O trio agregou menos do que o esperado.
A direção precisou abrir a carteira e ir ao mercado novamente. Da seleção colombiana, veio Borja. Da paraguaia, Villasanti. Para ser o homem criativo do time, a aposta foi em Campaz, ao custo de cerca de R$ 20 milhões. Do trio, Borja e Villasanti terminaram o ano como reservas. Campaz, após ficar fora dos planos de Felipão, ganhou chances com Mancini.
3) Comando do futebol
Centralizador, Renato Portaluppi deixou um rombo no departamento de futebol do Grêmio. Os vácuos criados demoraram a ser preenchidos.
Ainda em setembro de 2020, Klauss Câmara havia sido demitido do cargo de gerente executivo. Um substituto demorou a ser contratado. Diego Cerri assumiu a função somente em maio. No interregno entre a saída de um e a chegada de outro, Carlos Amoedo acumulou as funções de CEO e executivo.
A vice-presidência do departamento de futebol foi outro buraco que demorou a ser tapado. Ao término da temporada 2020, Paulo Luz deixou o comando da pasta. Até Marcos Herrmann assumir em maio, o presidente Romildo Bolzan Júnior ficou interinamente na função. Cinco meses depois, Herrmann deixou a função. A 14 jogos do fim do Brasileirão, Dênis Abrahão assumiu a bronca de tentar salvar o Grêmio do rebaixamento.
4) Discurso e prática distantes
Em anos anteriores, o Grêmio apostou em jogadores experientes para tentar reforçar o elenco. A intenção para esta temporada era promover uma renovação o grupo de jogadores. Nos primeiros jogos, atletas da base como Ruan, Fernando Henrique, Bobsin, Matheus Sarará e Jhonata Robert, entre outros, ganharam espaço.
A intenção durou pouco tempo. Não demorou muito para nomes experientes voltarem a ganhar espaço. Até mesmo o arquivado Paulo Miranda recebeu oportunidades. Em algumas partidas do Brasileirão, a média de idade do time titular beirou os 30 anos.
5) Fraqueza defensiva
Outrora um dos pilares do time, a defesa ruiu. Pedro Geromel e Walter Kannemann passaram o ano lutando contra problemas físicos. Ruan e Rodrigues não conseguiram manter o nível. Nem mesmo a contratação de Thiago Santos para proteção ao miolo defensivo surtiu efeito.
O Grêmio sofreu 51 gols no Brasileirão, média de 1,3 gol sofrido a cada 90 minutos. Somente Bahia e Chapecoense levaram mais gols.