O empate contra o Cuiabá, na Arena, na noite da última quarta-feira (6), deixou o técnico Luiz Felipe Scolari ainda mais pressionado no comando do Grêmio. Com a promessa de tirar o Tricolor da zona de rebaixamento, Felipão assumiu a equipe no começo de julho e, quase três meses depois, ainda não alcançou seu objetivo.
Os resultados recentes e as atuações abaixo do esperado fazem com que a manutenção do treinador no comando do time seja questionada por parte da torcida gremista. GZH consultou alguns de seus colunistas para saberem se chegou a hora de o Grêmio demitir o técnico.
Sou crítico ao trabalho que o Felipão tem feito, mas demitir técnico como quem troca de bermuda é cartilha de rebaixamento. O Grêmio parece já estar preenchendo alguns requisitos: formação de elenco equivocada, mudança de padrão de jogo radical, contratações erradas. Demitir treinador a todo momento não vai resolver os problemas. O Grêmio tem que tentar com um técnico que tem identidade com o clube aparar arestas, conversar, dialogar e chegar a um padrão para ficar na frente de quatro times no Brasileirão. No ano que vem, pode pensar melhor no que vai fazer. Ficar demitindo treinador, ainda mais como o Felipão, não resolve. Que outra alternativa o Grêmio vai encontrar no mercado para fazer algo assim tão diferente? Me parece que demitir é dizer que a culpa é só dele e não de não ter feito a mudança de bastão de uma geração tão vencedora, muitas contratações equivocadas que foram atrasando a equipe. Tudo isso não quer dizer que eu concorde com o que o Felipão tem feito. Tenho o criticado seguidamente.
Jamais defenderei demissão de treinador, vai contra tudo que eu penso sobre a necessidade de fortalecermos novas ideias que conduzam para uma nova cultura de futebol que rompa, justamente, essa "cultura da demissão" instaurada no país. A origem dos incontáveis problemas do Grêmio está nas decisões tomadas pela sua direção, com o aval do presidente Romildo Bolzan. Contratar Felipão foi um erro. O Grêmio buscou um treinador pelo seu passado, ignorando o seu presente, inclusive no próprio Grêmio, onde teve uma passagem decepcionante em 2014/2015. Felipão não pediu para voltar, foi trazido. A direção apostou no pensamento mágico, negligenciou os reais problemas do clube, principalmente institucionais, convictos de que Felipão agiria como um salvador. Felipão possui uma história que merece enorme respeito, mas os seus trabalhos recentes não recomendavam que ele fosse capaz de promover a necessária evolução no desempenho da equipe. Se a direção, ainda assim, segue convicta de que Felipão é competente o suficiente para evitar o terceiro rebaixamento na história do clube, que siga assim. É direito do clube. Por mais que o rendimento da equipe continue assustador.
Mostra a história que uma sucessão de trocas de técnicos é parte de uma receita infalível para o rebaixamento. No caso do Grêmio com Felipão, pouco ou nada adiantará demiti-lo. Não há receita mágica para algum outro treinador, seja quem for, chegar e fazer de uma hora para a outra um grupo heterogêneo, com jovens, veteranos, brasileiros, estrangeiros que nunca formaram um time sólido em 2021 com qualquer comandante, venha a atuar de forma regular em alto nível. Não existe ideal para o Grêmio, mas o que parece mais razoável é tentar prosseguir o atual trabalho, por mais que ele venha sendo pouco ou nada convincente.