A estratégia do Grêmio de tentar gerar alguma leveza ao vestiário, no momento de pressão pela campanha ruim no Campeonato Brasileiro, com os três dias de folga dados ao elenco após a derrota para o Corinthians, no sábado, foi por água abaixo na reapresentação dos jogadores. Na tarde dessa quarta-feira (1º), a volta do grupo aos treinamentos no CT Luiz Carvalho foi marcada por um violento protesto que envolveu cerca de 150 torcedores.
A manifestação, convocada por torcidas organizadas nas redes sociais, teve ataque com pedras, paus e rojões ao ônibus da delegação, confusão com a Brigada Militar, prisões e danos ao patrimônio do Grêmio e de funcionários do clube. O presidente Romildo Bolzan Jr. reagiu fortemente e prometeu a exclusão do quadro social de agressores identificados e punição para as torcidas organizadas que tiveram envolvimento com as ações violentas comprovadas.
O protesto
Os primeiros gremistas chegaram ao CT pouco depois das 13h e fixaram em frente ao CT, na rua João Moreira Maciel, cartazes com mensagens contra o presidente Romildo Bolzan Jr., o vice de futebol Marcos Herrmann e alguns jogadores, como Ferreira, Luiz Fernando, Éverton Cardoso, Diogo Barbosa, Paulo Miranda e Cortez.
Como a organização do protesto era de conhecimento público, o Grêmio orientou que nenhum atleta fosse ao CT com seu carro particular e acionou a Brigada Militar, que enviou um contingente de cerca de 20 policiais ao local. O grupo de jogadores se reuniu na Arena e seguiu de ônibus para o treino. As cenas de violência tiveram início por volta de 14h15min. O veículo com os atletas foi alvo de pedradas e rojões assim se aproximou da entrada do centro de treinamentos.
A Brigada Militar reagiu e conseguiu dispersar o grupo em um primeiro momento com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Os manifestantes posteriormente arremessaram objetos também na direção do CT Luiz Carvalho, quando ocorreu o momento mais tenso com um pequeno grupo tentando invadir o local de treinamentos. A situação se normalizou apenas quando policiais ingressaram no pátio do CT e, de dentro, dispersaram os manifestantes, com mais bombas. No total, quatro pessoas foram detidas.
Romildo promete punições
O presidente Romildo Bolzan Jr. classificou como inadmissível a ação violenta protagonizada pelo grupo de torcedores. O dirigente prometeu que o clube procurará identificar os responsáveis pelos danos e desfazer o vínculo com os sócios envolvidos
— O Grêmio vai tomar as providências criminais e civis. Identificaremos quem são as pessoas, se são sócios, e extirpá-los do quadro social. Se não forem, vamos barrar o acesso ao estádio, porque foi inadmissível e um desrespeito. O Grêmio não tem problema em conviver com os protestos, como já aconteceu outras vezes. Reclamar e protestar, pode, não pode vandalizar, colocar a integridade física de alguém. Arremessar uma pedra ao léu podendo acertar alguém, não pode. Isso não é protesto, é crime, uma cretinice, coisa de gente que não tem a mínima noção de convivência — declarou.
Romildo garante que três das quatro torcidas identificadas como autoras do protestos nas redes sociais não são registradas junto ao Grêmio. A Geral do Grêmio, única cadastrada como organizada, irá "pagar pela responsabilidade que cabe", inclusive com chance de suspensão disse o presidente.
— O Grêmio vai trabalhar fortemente este assunto, até em situação de banimento. Vamos tomar as providências em um nível muito severo — destacou.
Capitão Rafinha condena violência
Capitão do Grêmio nas últimas partidas em razão das ausências de Maicon, Geromel e Kannemann do time titular, o lateral Rafinha concedeu entrevista após os incidentes protagonizados pelos torcedores na chegada do elenco ao CT. O jogador admitiu que o Grêmio vem devendo desempenho, mas condenou a violência da manifestação.
— Nada justifica uma ação como a que a gente recebeu. O torcedor tem todo direito de cobrar, xingar, vaiar, nada disso tem problema. Mas no momento que passam a atirar pedras, hoje quebraram carros de funcionários, assim se perde toda a razão. A gente entende o desconforto da torcida, a paixão que une todos eles, mas ninguém aqui está brincando. Está todo mundo lutando para sair dessa situação. Sou a favor de cobrança, mas não dessa forma — relatou.
Rafinha também falou sobre a rescisão do contrato de Maicon, anunciada na segunda-feira. O lateral admitiu que a saída do volante surpreendeu o grupo de jogadores.
— Eu não sabia (da saída do Maicon). Pegou de surpresa, ninguém esperava ou estava sabendo, estávamos de folga. O Maicon é um amigo, foi um dos responsáveis pela minha vinda para cá. Um líder, capitão, cara vencedor e que tem uma história nota mil. Já fez tanto por este clube. A gente fica triste, é uma perda gigante. Além de ser capitão, nos ajudaria muito dentro de campo. É um dos melhores meias do futebol brasileiro. Mas estamos cientes que ele e o clube tomaram as decisões deles, torço para que tenha sucesso, tenho um carinho por ele — finalizou.
OS DANOS
- Carros de duas funcionárias da cozinha, de um segurança e de um integrante da comissão técnica danificados;
- Vidro do ônibus trincado por pedra e atingido por foguete;
- Caixa d'água perfurada por pedra;
- Placa de energia solar quebrada por pedra.