O Grêmio de Tiago Nunes que buscará o tetra do Gauchão no Gre-Nal 432 deste domingo (21), na Arena, tem um mesmo protagonista da conquista do tri sob o comando de Renato Portaluppi: Diego Souza. O ex-volante que se reinventou como centroavante chega para a decisão embalado por um início de temporada com uma média de gols ainda melhor que a de 2020, quando foi o artilheiro do Brasil entre os jogadores de clubes de Série A.
A arrancada de Diego Souza impressiona. O gol no clássico do Beira-Rio, na semana passada, foi o 13º em 14 jogos do goleador gremista na temporada. No Gauchão, ele é o artilheiro, com sete gols em sete partidas. A média de um por jogo é superior a de 2020, quando anotou nove vezes em 11 compromissos no Estadual - média de 0,81. Em toda a temporada passada, ele fez 28 gols em 54 jogos.
Se for campeão neste domingo, Diego Souza chegará ao seu terceiro título gaúcho pelo Grêmio. O primeiro foi conquistado em 2007, quando ele era um dos meias da equipe de Mano Menezes. Aos 22 anos, o atual artilheiro gremista já passava por um processo de mudança na carreira após ter iniciado como volante no Fluminense.
A transformação em centroavante veio sete anos depois. Em 2014, uma carência de jogadores para a função no elenco do Sport levou o técnico Eduardo Baptista a adiantar Diego Souza, então com 29 anos, para o comando do ataque. O jogador inicialmente estranhou a ideia, mas acabou aceitando. O início já foi bom, com dois gols nos primeiros dois jogos, diante de Vitória e Botafogo, pelo Brasileirão, daquele ano.
— A gente vivia um momento difícil com centroavantes, onde ninguém conseguia emplacar. Tínhamos o Joelinton, que era muito jovem, e o Hernane "Brocador" estava machucado. O Diego (Souza) ficou um pouco em dúvida no começo, mas falei que ele não precisaria ficar fixo na frente, que poderia sair se quisesse e que um extrema entraria. Aos poucos, o Diego foi se adaptando e se afirmou. Lembro que apanhei bastante na época, fui chamado de professor pardal pela imprensa, mas o Diego Souza quis ajudar e deu resultado—recorda Baptista.
O bom desempenho de Diego Souza como centroavante fez com que Eduardo Baptista até mudasse o esquema com a chegada de André ao Sport, em 2015. Mesmo com um centroavante de ofício, o treinador conta que optou por manter o atual artilheiro gremista próximo do gol adversário. Em 2017, já sob o comando de Daniel Paulista no Rubro-Negro pernambucano, Diego Souza foi convocado por Tite para defender a Seleção Brasileira nas Eliminatórias.
— O treinador não inventa essas mudanças, isso parte das observações nos treinamentos. O poder de finalização do Diego sempre foi muito forte. É um jogador de boa de bola aérea, que faz o pivô. Tinha características para a função e deu certo — completa o atual treinador do Mirassol.
Se balançar as redes neste domingo, Diego Souza repetirá o que fez Nildo, em 1995, ao marcar gols nos dois Gre-Nais da final do Gauchão. O ex-centroavante gremista rasga elogios ao atual artilheiro da equipe de Tiago Nunes.
— O Diego Souza começou como volante e hoje tem uma produção melhor do que muitos que foram centroavante a carreira toda. Ele chegou no clube certo e na hora certa. O Diego encontrou no Grêmio um time vencedor, com jogadores experientes e um técnico como o Renato, que lhe passou confiança. Ele tem qualidade e inteligência. O Guardiola diz assim: "Se você tiver técnica, pode executar qualquer função". O Diego tem a técnica e a inteligência, deve ter aprendido com muitos centroavantes que ele jogou na carreira — afirma Nildo.
Em busca do feito de Balazar
Diego Souza chega ao Gre-Nal 432 perto de confirmar a artilharia do Gauchão pelo segundo ano seguido. Com sete gols, ele leva dois de vantagem para o goleador colorado Thiago Galhardo. Reservas dos ataques da Dupla, Ricardinho e Yuri Alberto somam quatro gols cada. O último jogador a ser artilheiro do Campeonato Gaúcho em dois anos consecutivos foi Leandro Damião, em 2011 e 2012. Um atleta do Grêmio não alcança tal feito desde Baltazar, goleador em 1980 e 1981.
O grande nível de Diego Souza neste começo de temporada levanta dúvida sobre o planejamento anunciado por ele de encerrar a carreira no final de 2021, quando encerra seu contrato com o Grêmio. Aos 35 anos - completa 36 em junho -, o jogador dá amostras de que pode seguir fazendo gols por bastante tempo.
— O Diego Souza pode jogar mais uns três anos tranquilamente. A gente vê o Fred (do Fluminense, de 37 anos) aí fazendo gols e batendo recordes. A posição de centroavante te exige menos fisicamente, ainda mais para um cara com leitura de jogo como ele. Sem bola, o Diego não precisa correr atrás de lateral ou de volante. É só fechar o espaço sem a bola. O estilo do Grêmio também favorece, pois é um time vertical, que joga com dois pontas e os laterais chegando bastante. Isso tudo favorece para um jogador como ele — avalia Eduardo Baptista.
Nildo também acredita que Diego Souza pode ainda dar muitas alegrias aos gremistas. Ele diz que o artilheiro tricolor poderá ser um bom professor para o garoto Ricardinho.
— Eu penso que o camisa 9 não pode entrar em extinção. Por mais que o futebol tenha mudado, que se jogue cada vez com as linhas mais próximas, o bom centroavante sempre vai ter espaço. O Diego é esse cara e vejo o Ricardinho como potencial. Fico feliz quando surge um cara como o Pedro, do Flamengo, e agora o Ricardinho. O Diego pode ajudar muito o Ricardinho a dominar os fundamentos, como o cabeceio, onde ele é mestre — finaliza Nildo.
Diego Souza na temporada 2021
- 14 jogos
- 13 gols
- 3 assistências
No Gauchão 2021
- 7 jogos
- 7 gols um gol a cada 79 minutos)
- Total de minutos: 559
Diego Souza na temporada 2020
- 54 jogos
- 28 gols
- 9 assistências
No Gauchão 2020
- 11 jogos
- 9 gols (um gol a cada 89 minutos)
- Total de minutos: 801
Diego Souza em Gre-Nais
- 11 jogos
- 8 vitórias
- 2 empates
- 1 derrotas
- 3 gols marcados
- 3 assistências