O reencontro do Grêmio com o Santos depois da eliminação na Libertadores foi marcado por polêmicas e reclamações com a arbitragem nesta quarta-feira (3), na Arena. O Tricolor vencia por 3 a 2 até os acréscimos da partida pela 34ª rodada do Brasileirão, quando o árbitro Wilton Pereira Sampaio marcou pênalti de Luiz Fernando com auxílio do VAR e o ex-gremista Madson deixou tudo igual. Além de Madson, Kaio Jorge e Arthur Gomes marcaram para o Peixe. Os gols gremistas foram anotados por Diego Souza, Jean Pyerre e Pepê.
O placar de 3 a 3 levou ao Tricolor ao 17º empate no Brasileirão, igualando as marcas de Botafogo, Flamengo e Ceará, em 2010, Palmeiras, em 2011, e Corinthians, em 2013, que também empataram 17 vezes em uma mesma edição de Campeonato Brasileiro.
Com o resultado, o Grêmio chegou a sete jogos sem vitória e segue na sétima posição. No momento, o Tricolor estaria apenas conquistando uma vaga na fase preliminar da edição de 2021 da Libertadores em razão da presença do Palmeiras entre os seis primeiros.
A primeira reclamação com a arbitragem de Wilton Pereira Sampaio veio logo na saída do gramado por parte do volante Matheus Henrique.
— Vocês estão vendo. Eles têm o VAR e conseguem errar. No lance do (primeiro) pênalti, eu falei (para o árbitro) que nem tinha subido no lance. A bola estava baixa. O cara fez a carga e a bola pegou no meu braço. Ele não foi olhar. Aí agora o VAR chama e ele dá o (segundo) pênalti. É chato ficar falando. No Gre-Nal foi assim, em outros jogos também. Temos de manter a cabeça fria — pediu.
O técnico Renato Portaluppi foi até menos enfático que em outros momentos em suas reclamações com a arbitragem. O treinador, no entanto, lembrou de decisões diferentes em lances parecidos com os desta quarta-feira e cobrou critério por parte dos árbitros.
— Sempre digo que o árbitro precisa ir ao VAR. Hoje (quarta-feira), ele foi, mas tem de ter uma mesma regra. Contra o Grêmio, o árbitro vai no VAR. Em outros jogos não vai. Lembram do lance do Geromel na semifinal da Copa do Brasil (contra o Athletico-PR)? Falaram que não foi pênalti porque o jogador estava próximo da bola. Vocês (imprensa) têm especialistas, perguntem para eles. Podem até falar que foi pênalti, mas cada jogo tem uma regra? Eu não estou dando desculpa, mas será que cada jogo é uma regra? — questionou.
Mas não apenas a arbitragem foi apontada como responsável pelo resultado. Renato, que elogiou a atuação do seu time na maior parte do jogo, apontou falta de foco e atenção para o time permitir o empate após abrir 3 a 1 no começo do segundo tempo.
— As coisas que eu mais cobro deles são foco e concentração durante os 90 minutos. Fizemos o mais difícil que foi virar um jogo contra uma grande equipe. Abrimos 3 a 1 e levamos dois gols de pênalti. Não vou nem falar se foi ou não, mas após o 3 a 2, a bola não podia chegar na nossa área no final, ainda mais tendo um homem a mais. Isso eu cobro deles. Onze contra onze já não pode chegar na área, imagina contra dez — apontou.
Comentarista de arbitragem da Rádio Gaúcha, Diori Vasconcelos entende que houve dois prejuízos ao Grêmio na partida:
— O primeiro gol deveria ter sido anulado, houve falta em Rodrigues. E o pênalti no final, entendo que não foi, porque o braço do Luiz Fernando está em posição natural. No caso do lance do Matheus Henrique, o braço está erguido. Pênalti bem marcado.
As reclamações com a arbitragem de Wilton Pereira Sampaio foram engrossadas pelo vice de futebol Paulo Luz. O dirigente disse que os últimos jogos do Brasileirão preocupam o clube para a final da Copa do Brasil contra o Palmeiras.
— É uma preocupação pelos precedentes, mas nós esperamos que, pela grandiosidade dessa disputa e tamanho dos clubes envolvidos, que as arbitragens sejam justas, corretas e isentas. O Grêmio irá tomar todas atitudes preventivas no sentido de assegurar arbitragens justas e corretas. Nos últimos jogos tivemos pênaltis contra nós e os critérios não foram os mesmos adotados que em lances a favor do Grêmio. São dois pesos e duas medidas — apontou.
Pepê
A boa notícia da tarde gremista foi a bela atuação de Pepê, que retornou ao time marcando um gol, dando assistência para Jean Pyerre e sofrendo pênalti convertido por Diego Souza. Renato Portaluppi revelou que conversou com o atacante e também com Jean Pyerre. Os dois jogadores receberam elogios por seus desempenhos contra o Santos.
— Na hora que o jogador não está se sentindo bem e com confiança é hora do treinador. Eu tenho conversado com eles, que são importantes para o nosso grupo. Fiquei feliz que eles jogaram melhor que em algumas partidas. É isso que a gente quer deles — declarou Renato, que após o Gre-Nal havia apontado a postura do empresário Adriano Spadoto na negociação para a saída de Pepê como um fator que vinha atrapalhando as atuações do jogador.
Após a boa partida de Pepê, Spadoto fez uma postagem em suas redes sociais dizendo que ninguém irá atrapalhar sua relação com o atacante.
"A melhor resposta é o silêncio. Quando ser humano fala demais e não justifica as derrotas, o melhor é trabalhar em silêncio porque o homem lá de cima é justo e fiel. Nenhum "blá blá" vai derrubar a nossa união", escreveu.
O Grêmio volta a campo na segunda-feira (8), às 20h, para enfrentar o lanterna Botafogo, no Rio de Janeiro. Quando entrar em campo no Nilton Santos, o Tricolor já terá completado um mês sem vitória no Brasileirão. O único triunfo no ano aconteceu em 6 de janeiro, 2 a 1 sobre o Bahia, na Arena. Diego Souza e Victor Ferraz, suspensos, estão fora da partida.