A campanha decepcionante do Grêmio no Campeonato Brasileiro, com apenas uma vitória após sete jogos, ligou o sinal de alerta não apenas pela proximidade da zona de rebaixamento, mas também com a sequência da temporada, que tem a volta da Libertadores já na próxima semana. Um ponto que o Tricolor tem deixado a desejar no torneio nacional está no desempenho ofensivo. Com apenas cinco gols, o time de Renato Portaluppi tem o segundo pior ataque da competição – supera apenas o Coritiba, com quatro.
As estatísticas do Brasileirão mostram a dificuldade que o Grêmio tem tido para fazer gols. Sendo o segundo time que mais finalizou – atrás apenas do Atlético-MG -, o Tricolor tem uma média de 16,7 chutes para cada gol marcado, o que significa o pior aproveitamento nos arremates entre os 20 clubes da Série A. Esses números, no entanto, não significam apenas um mau desempenho dos atacantes.
Comentarista do empate com o Atlético-GO nesse domingo (6) pelo canal SporTV, Sérgio Xavier Filho ressalta que o Grêmio tem tido dificuldade na construção das jogadas e, por isso, acaba finalizando em lances que não são situações claras de gol.
— É importante ter a leitura correta dos números. Uma coisa é ter 10 finalizações da marca do pênalti, outra coisa é finalizar sem ser a situação clara de gol. O Grêmio não está tendo finalizações nos lugares certos, com os jogadores desmarcados. Quando a finalização é de qualquer jeito é porque a construção está ruim. Isso não é um problema só do ataque — aponta.
Dados do site Sofascore mostram que, apesar de ser o segundo time que mais finaliza no Brasileirão, o Grêmio aparece apenas em décimo na criação de grandes oportunidades de gol. Na lista de grandes chances perdidas, o Tricolor é o 13º. Isso reflete também nas poucas vezes que a bola tem chegado para Diego Souza definir as jogadas. Diante de Sport e Atlético-GO nas últimas rodadas, o goleador gremista na temporada teve apenas dois chutes a gol – um em cada partida.
Um motivo apontado para essa dificuldade de criação gremista está na ausência de Maicon. O camisa 8 não atua pelo Brasileirão desde o empate com o Flamengo, no Maracanã, considerado o último jogo em que a equipe de Renato Portaluppi apresentou um desempenho satisfatório na competição.
— O Maicon pode não ter uma grande intensidade, mas ele é um jogador que dita o ritmo de jogo. Líderes no grupo são muitos, mas ele é o líder do time dentro de campo. Um exemplo foi na final do Gauchão contra o Caxias, quando ele atuou um pouco mais adiantado e foi o melhor em campo. Ele ditava o ritmo do jogo e a melhora do Caxias coincidiu com a saída dele. Na Arena, sem ele, o Caxias conseguiu vencer o Grêmio — avalia Cassiá Carpes, ex-treinador e jogador do Tricolor.
Cassiá ainda ressalta uma característica que tem faltado ao Grêmio: a da intensidade. O ex-treinador avalia a comemoração pela conquista conquista do Gauchão deve ficar para trás e é preciso ter atenção total no Brasileirão.
— O Grêmio peca na questão de conjunto e de treinamento. O Grêmio está com pouca intensidade em campo. Essa mensagem de que o título do Gauchão garantiu o ano pode afetar o vestiário. A taça está no armário, mas o rendimento caiu. E caiu na maior competição do País. Me parece que o Grêmio não se preparou bem física e taticamente para o Brasileirão — observa.
Também ex-jogador e treinador gremista, Adílson Batista avalia que o time de Renato Portaluppi ainda tenta se adaptar à perda de Everton. Ele vê como natural uma demora para a equipe voltar a ter um bom rendimento após perder o seu principal jogador, ainda mais tendo também os desfalques de Jean Pyerre e Pepê no setor ofensivo.
— O Everton era o jogador diferente, que desmontava sistemas e quebrava linhas. Ele fazia a jogada individual, puxava o contra-ataque, dava velocidade e ajudava na pressão alta. Até para o meio-campo muda não ter um jogador assim. O Pepê tem potencial, mas não é o mesmo jogador e agora está machucado — avalia.
Pelo menos diante do Bahia nesta quinta-feira, no Pituaçu, o Grêmio terá de mostrar poder de reação ainda sem contar uma série de titulares. Além de Maicon, o lateral Victor Ferraz, o meia Jean Pyerre, o atacante Pepê e os zagueiros Geromel e Kannemann serão desfalques no jogo que o Tricolor tentará quebrar a incômoda sequência sem vencer no Brasileirão.
Os jogos sem vitória no Brasileirão
Ceará 1 x 1 Grêmio
Depois da estreia com vitória sobre o Fluminense, o Grêmio enfrentou o Ceará fora de casa em jogo que Renato Portaluppi preservou a maior parte dos titulares. Mesmo com oito reservas, o Tricolor foi superior ao time nordestino tendo maior posse de bola e mais finalizações que o rival.
Grêmio 0 x 0 Corinthians
Na volta dos titulares a campo, o Grêmio recebeu o Corinthians na Arena. A partida foi de pressão da equipe tricolor, que chegou a perder um pênalti com Diego Souza no segundo tempo.
Flamengo 1 x 1 Grêmio
Na melhor atuação nesta sequência sem vitória, o Grêmio saiu na frente do Flamengo e teve oportunidades para ampliar o placar no Maracanã. Nos minutos finais, um desvio de Kannemann com o braço na bola em chute de Vitinho gerou o pênalti que permitiu a Gabigol empatar a partida.
Vasco 0 x 0 Grêmio
Uma partida que pode ser o símbolo da queda de desempenho do Grêmio no Brasileirão. Superior na etapa inicial, o Tricolor caiu de desempenho no segundo tempo e quase perdeu o jogo nos minutos finais em São Januário.
Grêmio 1 x 2 Sport
O Grêmio recebeu um Sport que ocupava a lanterna do Brasileirão na Arena, mas teve uma atuação para esquecer. Com muita presença no campo ofensivo, mas resumindo seu ataque a cruzamentos para a área, o time gremista ainda cometeu erros defensivos e acabou derrotado em casa.
Atlético-GO 1 x 1 Grêmio
Diante de mais um time da zona de rebaixamento, o Grêmio voltou a jogar mal. O Tricolor até buscou o empate após levar um gol no começo do jogo, mas não teve força para a virada em partida que finalizou apenas duas vezes no alvo.