Derrotas recentes, segunda posição no grupo e críticas ao time à parte, o Gre-Nal, para o Grêmio, vale o que representaram as últimas vitórias sobre o rival nos últimos dois anos: tranquilidade. Não perder para o Inter, rotina dos últimos dois anos (e nove clássicos), tem sido o trunfo de Renato Portaluppi e seus comandados em período em que o desempenho da equipe não convence torcedores e analistas. E, para efeitos práticos, o jogo das 21h30min, no Beira-Rio, pode encaminhar a classificação às oitavas de final da Libertadores.
Isso porque, depois do Gre-Nal, o Grêmio não sai mais de Porto Alegre. Receberá América de Cali e Universidad Católica para buscar os pontos que eventualmente faltarem para confirmar a vaga. Mas, para isso ficar mais acessível, precisará ao menos retomar parte do futebol que já apresentou. Esse mau momento do time não é uma conclusão apenas do lado de fora do vestiário. Em entrevista coletiva, o centroavante Diego Souza admitiu:
— O rendimento caiu. Eu sou um camisa 9, preciso fazer gols para colaborar da melhor maneira possível. A gente está empatando alguns jogos. Sou aquele jogador que, se faço gol, estou bem, senão, estou mal. Sei da minha responsabilidade e do que a gente precisa.
Apesar do reconhecimento, o esforço do Grêmio tem sido voltado para desfazer uma eventual pressão. Nas últimas quatro entrevistas, Renato rechaçou até mesmo pensar em crise. A mais recente declaração:
— O momento do Grêmio não é ótimo, mas não é péssimo. O Grêmio está disputando duas competições difíceis, com o departamento médico cheio. Viramos a página. Temos o Gre-Nal pela Libertadores. Vamos trabalhar da mesma forma para tentar vencer. Vamos tentar ir no Beira-Rio e conseguir um bom resultado.
É que o treinador sabe a importância do clássico. E tem a memória fresca da tranquilidade que as vitórias lhe trouxeram. No primeiro turno do Gauchão, o Inter vivia melhor momento. Na volta do futebol, o clássico que encaminhou a classificação.
E, a maior de todas as provas, a final do segundo turno do Estadual, quando teve resultado e, principalmente, desempenho superior ao do rival. Só não ganhou pela Libertadores, e ainda assim, empatou. A rotina tem sido: o momento é ruim? Joga Gre-Nal.
E essa rotina recente se reflete nos jogadores. Diego Souza deixou isso bem claro:
— Clássico não tem pressão. A pressão que o Renato fala é externa, de fora. A gente conhece a nossa pressão e sabe o que pode e precisa fazer. A gente precisa render um pouco mais.
O Gre-Nal é tão importante que Renato adotou duas medidas que raramente faz. A primeira foi explícita: informou, em entrevista coletiva, que tinha ordenado o departamento médico a não atualizar a situação dos lesionados do time.
A outra foi de um profissional experiente, que a vivência do futebol ensina: concentrou 30 jogadores, um dia antes do normal, para o clássico. Atitudes que fazem duvidar até do caminhar de Geromel, que apareceu mancando no hotel. O mistério, avisou o treinador, só seria revelado uma hora antes do jogo.
Portanto, o Gre-Nal, para o Grêmio, vale os três pontos necessários para encaminhar a vaga. Mas também vale o retorno da tranquilidade que pairou sobre o time todos os dias seguintes ao clássico. O clube, como um todo, sabe bem como funciona.
O que acontece se o Grêmio...
Ganhar
Pode até assumir a liderança se ganhar por três ou mais gols. Até por dois, se o placar for 5 a 3 ou mais. Na melhor das hipóteses abre três prontos para o terceiro colocado, em caso de empate entre América de Cali e Universidad Católica.
Empatar
Pode se manter em segundo se houver empate na outra partida. Se Universidad Católica ou América de Cali vencerem, ultrapassam o Grêmio por um ponto.
Perder
Pode ficar em segundo, pelo saldo de gols, se der empate entre América de Cali x Universidad Católica e a derrota for por um gol. Ficará em quarto se perder por dois ou mais gols e ocorrer uma igualdade na outra partida. Cai para terceiro e, caso de vencedor no outro confronto.