Uma das capitais mais afetadas pela covid-19 no início da pandemia, Fortaleza vive uma rotina muito próxima da normalidade. Durante a chegada do Grêmio ao hotel que serve como concentração, no início da noite desta terça (11), o trânsito intenso e a presença de dezenas de pessoas na orla da praia de Iracema contrastavam com as medidas adotadas pela delegação tricolor, com os jogadores utilizando máscaras e mantendo distanciamento.
O uso de máscaras, aliás, é um dos poucos sinais aparentes do coronavírus na capital cearense durante o dia. Há três semanas, o comércio não-essencial foi totalmente liberado e os restaurantes puderam funcionar até as 23h.
— Achávamos que o movimento seria fraquinho, mas não está, não. Está igual a antes da pandemia. Na semana passada, em dois dias tivemos fila de espera na rua. Para nós, é surpreendente — relata o garçom de um restaurante da orla da praia do Meirelles.
Os bares, casas noturnas, cinemas e escolas são alguns dos estabelecimentos ainda impedidos de reabrir. O comércio de rua, os shoppings e as academias, porém, funcionam quase normalmente.
— Todas as decisões foram tomadas com muito critério e responsabilidade, seguindo estudos e orientações das nossas equipes de saúde. Não tomaremos nenhuma decisão que possa colocar em risco todo o trabalho realizado até agora — declarou o governador Camilo Santana.
Ao passar pelo calçadão das praias de Iracema e Meirelles entre a noite de terça e a manhã desta quarta, a reportagem de GaúchaZH constatou um movimento significativo, com quiosques abertos e muitas pessoas passeando e praticando exercícios. Nem todas utilizavam máscara, item obrigatório pelos decretos estadual e municipal.
— O movimento ainda não está nem perto do normal, mas melhorou bastante para nós. Na época do lockdown, Fortaleza parecia uma cidade-fantasma — relata Carlos Miranda, 37 anos, funcionário de um quiosque da orla do Meirelles.
Algumas medidas de saúde são tomadas pelas autoridades para evitar que visitantes de outros Estados aumentem a propagação do vírus. No Aeroporto Internacional Pinto Martins, todos os passageiros são submetidos a aferição de temperatura. Já nos hotéis, o serviço de arrumação nos quartos ocorre apenas uma vez a cada três dias, enquanto as academias e piscinas permanecem fechadas. Nos restaurantes, os buffets estão liberados, mas há a exigência de que os hóspedes utilizem luvas descartáveis ao se servir.
O cenário contrasta com as primeiras semanas da pandemia, quando o colapso no sistema de saúde cearense fez disparar o número de mortes, tornando o Estado um dos mais afetados pelo coronavírus. Segundo a Secretária Estadual da Saúde do Estado nordestino, o "pico" da pandemia ocorreu entre abril e maio, com consequências graves. Afinal, o Ceará e o terceiro Estado brasileiro com mais mortes por covid-19, com 8.011 óbitos, segundo o Ministério da Saúde. Já Fortaleza registra 3.744 mortos, segundo o governo cearense. O Rio Grande do Sul, por exemplo, tem 2.472 mortos, enquanto Porto Alegre registra 475 óbitos.
Em meio a este cenário, Ceará e Grêmio se enfrentam nesta quarta, às 21h30min, no Castelão, sem a presença de público — uma das poucas restrições que ainda devem permanecer por bastante tempo na rotina dos torcedores cearenses.