O aproveitamento de jogadores das categorias de base tem sido uma marca do Grêmio nos últimos anos. A ideia da utilização de atletas oriundos das divisões inferiores ganhou força na administração Romildo Bolzan Junior.
Nomes como Walace, Arthur, Pedro Rocha, Luan, Matheus Henrique, Everton, Jean Pyerre e Pepê foram desenvolvidos ou terminaram seus aprimoramentos no clube. Felipão, Roger Machado e Renato Portaluppi foram os responsáveis por dar as primeiras chances a estes atletas, que acabaram por dar resultados técnicos e financeiros.
Desde sua chegada ao Grêmio, Renato sempre tem falado em lapidar jovens e dar chances graduais a eles. Invariavelmente suas apostas tem sido certeiras e isso traz para o torcedor a expectativa de quem será o próximo garoto a brilhar no time de cima.
No atual elenco de 38 jogadores do Grêmio, 17 (44,7%) são oriundos da base e alguns já são candidatos a ganhar os holofotes: os volantes Darlan e Matheus Frizzo e o meia Patrick são alguns exemplos. Isso sem contar Matheus Henrique, Jean Pyerre e Pepê já afirmados e cobiçados no mercado internacional.
A principal aposta segue sendo o meia Patrick. Lançado ainda em 2017, o habilidoso canhoto nascido em Porto Alegre viveu altos e baixos. Dos elogios e até a possibilidade de figurar na lista da Libertadores daquele ano, o jogador hoje com 21 anos teve de superar uma lesão no joelho, déficit físico, e por fim, melhorar a conduta no dia a dia que fez o Grêmio emprestá-lo ao Criciúma em 2019, onde ele não conseguiu ter sequência.
Com contrato renovado até 2022, ele retornou ao clube ainda no passado e ganhou novas chances com Renato, após se destacar em uma excursão do time de transição à Europa.
No começo desta temporada, chegou a ser titular enquanto Thiago Neves e Jean Pyerre ainda não reuniam condições para atuar. Fez sete partidas e mais uma vez foi colocado para fazer um trabalho especial de fortalecimento muscular, aspecto apontado como o principal problema para que ele não consiga ter sequência. Em recente entrevista para GaúchaZH, o próprio Patrick reconheceu que seu início de 2020 deixou a desejar.
— Tive algumas oportunidades nesse início de ano e confesso que umas não me agradaram, pelo meu desempenho mesmo. Mas estou trabalhando a cada dia mais forte. Sei que sou jovem, mas tenho de continuar na mesma batida para evoluir e ter mais oportunidades para ajudar a equipe do Grêmio. Acho que poderia ter ido melhor neste início de ano, fazendo uma autoavaliação. Poderia ter mostrado mais, trabalhei para isso. Mas a gente sabe que pode ter oportunidade a qualquer dia. Espero que, nas próximas, possa sair melhor — disse.
E será que a paralisação das atividades do futebol por causa da pandemia do coronavírus, que acabará acarretando um achatamento do calendário de competições e um menor período de treinamentos entre os jogos poderá gerar mais oportunidade aos jovens ?
Nos últimos anos, Renato tem se utilizado da base. A introdução da chamada equipe de transição tem auxiliado no processo de aprimorar os atletas, que por vezes são chamados em grupo para substituir o time titular e até o reserva, envolvidos em decisões. Segundo a política de futebol gremista, quando os meninos são colocados em campo em alguns jogos, a cobrança por resultados é relativizada e o que mais importa é a demonstração ou não de qualidades que possam torná-los integrantes do elenco principal.
— Renato já tem utilizado a base com muito sucesso nos títulos conquistados. Em 2016, o símbolo deste aproveitamento foi Pedro Rocha. No ano seguinte, o surgimento fulminante de Arthur obrigou a Conmebol a uma cena inédita: o melhor em campo na final contra o Lanús jogou pouco mais de 45 minutos. Nos dois estaduais conquistados a seguir, 2018 e 2019, Everton foi protagonista. Então, aproveitar a base na retomada das competições vai ter menos a ver com coronavírus e mais com uma política já consolidada de dar chance a quem tem talento e foi feito em casa — avalia o comentarista do Grupo RBS, Maurício Saraiva.
Dos 17 atletas que saíram da base gremista e que atualmente compõem o grupo principal, Everton é o que mais atuou. Desde a estreia em 2014, sob o comando de Enderson Moreira, o Cebolinha já vestiu a camisa tricolor em 273 oportunidades e hoje é apontado como um dos principais jogadores em atividade no país.
Confira os jogadores da base que estão no grupo principal do Grêmio
Goleiros:
- Brenno - 21 anos - 3 jogos
- Phelipe Megiolaro - 21 anos - 2 jogos
Laterais:
- Felipe - 20 anos - 3 jogos
- Guilherme Guedes - 20 anos - 6 jogos
Zagueiros:
- Rodrigues - 22 anos - 11 jogos
- Ruan - 20 anos - 4 jogos
Volantes:
- Darlan - 22 anos - 20 jogos
- Lucas Araújo - 20 anos - 1 jogo
- Matheus Frizzo - 21 anos - 2 jogos
- Matheus Henrique - 22 anos - 69 jogos
- Jhonata Varela - 19 anos - 1 jogo
Meias:
- Patrick - 21 anos - 40 jogos
- Jean Pyerre - 21 anos - 65 jogos
- Isaque - 23 anos - 9 jogos
Atacantes:
- Guilherme Azevedo - 18 anos - 3 jogos
- Pepê - 23 anos - 87 jogos
- Everton - 24 anos - 273 jogos